Por Marcus Tavares
Instigar a curiosidade das crianças pela fauna, pelos biomas, enfim pelo meio ambiente. Idealizado pelo professor e museólogo Renato Carvalho, o projeto Biodiversiarte chega à sua terceira edição na Escola Municipal Professor Lauro Travassos, localizada em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio. “A nossa proposta é promover a divulgação científica e o ensino de ciências por meio da montagem de uma exposição museológica no espaço escolar, trabalhando, ao mesmo tempo, artes e ciências”, explica Renato.
Segundo o professor, o desenvolvimento da proposta se deu por meio de uma curadoria coletiva que envolveu a participação dos estudantes da turma 1407 e da professora Luciana Rangel. Docentes e discentes decidiram juntos quais seriam os animais que ganhariam destaque na exposição.
“Previamente estabelecemos que o tema da mostra seria a Mata Atlântica, pois o maciço do Medanha-Gericinó é vizinho da escola e de muitas crianças. Feito isso, selecionamos cinco espécies/ícones da floresta: Mussum (peixe), Sapo Cururu, Jararaca do mato, Pica-pau bufador e o Gambá de orelhas pretas. Eles fizeram parte de uma lista apresentada para turma mediante consulta de artigos científicos de levantamento da fauna das unidades de preservação do maciço. O Gambá foi uma sugestão nossa, pois há uma família vivendo na escola e muitas vezes são encontrados nos quintais da vizinhança, frequentemente agredidos pois, erroneamente, confudem com ratazanas”, conta.
Para a produção, a equipe fez uso de material reciclado, sobretudo do papel machê, devido a sua alta plasticidade e baixo custo. Os animais foram então colocados em um diorama, uma espécie de cenário imersivo e tridimensional, de acordo com o professor, utilizados em exposições que servem para representar um ambiente específico, utilizando-se objetos originais, modelos ou réplicas feitas especialmente para compor o cenário desejado.
Além disso, a exposição contou com banners contendo o texto e desenhos das crianças que ajudaram na construção das réplicas dos animais. A montagem foi apresentada para as outras turmas do 4º ano do Ensino Fundamental. Foi um sucesso. Por meio dela, os estudantes conseguiram trabalhar com os conteúdos curriculares ligados ao bioma, ecossistema, cadeia e teia alimentar. Mas mais do que isso: foram impactados também com a questão da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente.
“Como museólogo percebo a potência que é a educação museal. Como professor de Ciências e de Belas Artes, percebo como esse amálgama torna tal experiência memorável. Como um garoto nascido e criado em Bangu, longe dos equipamentos culturais da cidade, me alegra o caráter inclusivo da nossa proposta, onde as crianças, enquanto curadoras, são, certamente, as principais estrelas, responsáveis por tudo o que construímos com o projeto”, explica o professor.
Em entrevista a revistapontocom, Renato diz que as duas primeiras edições do projeto foram realizadas em 2022 e 2023, quando ele estava lotado na Escola Municipal Prefeito Juarez Antunes, localizada em Bangu. Formado em História, Museologia e Belas Artes, Renato é mestrando do Programa de Pós- Graduação em Educação em Ciências e Matemática – PPGeduCIMAT, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Na Escola Municipal Professor Lauro Travassos é professor readaptado, auxiliando os trabalhos na sala de leitura.
Nesta sexta-feira, dia 29 de novembro, a turma 1407 vai mostrar a exposição para toda a escola, durante a realização da Feira de Ciências. Boa sorte!