Por Marcus Tavares
Tortura, sexo e violência. Necrofilia, pedofilia e estupro de um recém-nascido. Esse é o repertório do filme Serbian Film, do sérvio Srdjan Spasojevic. O longa conta a história de um ator pornô em fim de carreira que aceita participar de um filme de arte, mas é obrigado a se submeter a um projeto exploratório com excentricidades sexuais, de incesto à pedofilia.
O filme chegaria às telas do país nesta sexta-feira, dia 5. Mas foi, a principio, adiado para o dia 26. A 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio impediu a exibição do filme nas cidade carioca. O Partido dos Democratas (DEM) ajuizou uma ação civil pública contra a exibição, justificando que a história faz apologia à pedofilia, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A Procuradoria da República no Estado de Minas Gerais também solicitou a proibição ao Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus), responsável por classificar as obras cinematográficas.
Na tarde desta sexta-feira, dia 5, o Ministério da Justiça, no entanto, divulgou nota oficial classificando o filme para “não recomendado para menores de 18 anos, por conter sexo, pedofilia, violência e crueldade”. De arcordo com o órgão, “por se tratar de atividade de caráter meramente informativo, a classificação indicativa não se traduz em autorização ou permissão para a exibição dos filmes”. Segundo o DEJUS, a proibição só pode acontecer por decisão judicial. Tudo indica que o filme, portanto, terá sua estreia marcada, exceto no Rio enquanto a ação civil pública não for julgada.
Polêmica é o que o filme provocou até agora. E não só no Brasil. Na Espanha, ele foi proibido por “ameaçar a liberdade sexual’. No Reino Unido, foi liberado após 49 cortes. O laboratório que fez as cópias da película na Alemanha destruiu tudo após ver o conteúdo.
Na última semana, a distribuidora do filme, Petrini Filmes, divulgou imagens do making of com o objetivo de mostrar que nenhuma criança estava presente no momento das filmagens, o que, conforme a distribuidora, afastaria as acusações de que a exibição de Serbian Film infringiria o ECA.
Os realizadores afirmam que usaram apenas próteses, bonecos e truques de edição nos momentos mais impactantes da história. O diretor diz ainda que nenhuma criança foi exposta à violência durante as filmagens. O recém-nascido que aparece seria um robô e o restante das cenas de violência, resultado de truques de edição e efeitos especiais. “Nenhuma criança foi exposta de qualquer maneira nas cenas em que aparecem, tampouco um adulto teria interpretado seus papéis”, destaca nota oficial da Jinga Films, agente de vendas internacional do filme.
Assista ao making of
De acordo com a distribuidora, o pedido de classificação indicativa foi encaminhado ao Dejus no dia 20 de junho, pleiteando a exibição para maiores de 18 anos. Em seu site, a Petrini Filmes informa que a estreia está marcada para o dia 26 de agosto e avisa que o trailer, à disposição, é proibido para menores de 18 anos porque contém cenas fortes.
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Precisamos pedir aos censores que informem se o filme tem conte;udo impr’oprio para crian’cas, sou av’o e tenho medo de levar meus netos em filmes com opcoes sexuais diversas disfar’cadas. o que fazer?
Sou totalmente contra a produção de filmes desse gênero. Isso me enoja.
Para mim, não tem nem discussão: por abordar pedofilia dessa forma (nem um pouco educativa), o filme deve ser proibido, sem nenhuma discussão sobre faixa etária.
Não há, de minha parte, nenhum moralismo extremo. Nada tenho contra filmes pornôs, que tenham violência (embora evite vê-los), mas quando entra em cena, de uma forma apelativa, violência (inclusive sexual) contra crianças, NÃO HÁ DISCUSSÃO! A questão não é de censura… a questão é a conveniência da exibição de um filme assim em nosso meio.
Depois, sempre há um “maluco” que repete, na realidade, cenas de filme… e aí, esses pseudo-liberais, que exigem a liberdade para a exibição do filme, vem posar de intelectual para comentar a violência. Pessoal, pelo amor de Deus, não há como aceitar isso!
Olá, gostaria de manifestar minha opinião sobre este filme, mesmo fazendo um julgamento superficial, pois não o assisti na íntegra. Acho que este filme oferecerá um cenário para pessoas no limiar de desequilibrio ou para desequilibrados.Como vou refletir e argumentar com meus filhos e também com meus alunos sobre relações humanas saudaveis se os crimes cometidos no filme são menos sérios porque foram utilizados bonecos e robos?Aviolência é menor se for dirigida a um objeto? Será que uma pessoa com este comportamento não indicaria uma pessoa com desvios de comportamento social?
Em primeiro lugar, acho um equívoco da divulgação do número da “revistapontocom” informar no “assunto” do e-mail “pedofilia para 18 anos”. A chamada não traduz a decisão do Ministério da Justiça a respeito do filme.
Evidentemente, para entender e se posicionar responsavelmente a propósito da “polêmica”, é preciso ver o filme, ainda proibido no Rio de Janeiro (parece que é possível ter acesso através da internet).
O questionável na discussão é a censura e a condenação prévia, sem conhecer o filme. Mas, principalmente, para educadores, o ideal, penso, é analisar a obra e discutir dentro de parâmetros educativos e artísticos o alcance da exibição do filme, avaliando a pedagogia da imagem. Tudo que li até agora nos jornais não enfrenta esta questão, ou seja, como poderia ser apropriadamente discutida através da teoria e da prática educacional.
Prezados colegas
1. Esta é uma questão que me indigna: o referido filme (do qual vi apenas curtos trechos do clip-lançamento, que me provocaram um profundo mal-estar) não infringe somente o ECA brasileiro mas também a Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, da qual o Brasil é signatario e nosso governo responsavel por sua aplicação, regulada pelo Eca ha 20 anos.
2. A divulgação de tais mercadorias (abstratas) no mercado audiovisual também desrespeita os direitos dos consumidores à qualidade dos produtos adquiridos e o direito do cidadão-contribuinte à educação e comunicação de qualidade.
3. Impossivel, caro Aristoteles, assistir para criticar: seria como ser torturada para poder opinar sobre a tortura. Acho que não precisamos assitir todo o lixo que a industria dita cultural produz, para recusar que as pessoas, e as crianças em particular, sejam expostos a este tipo de trash “cultural”. A gente não precisa se expor ao nuclear para saber que precisa evita-lo. Se é uma questão de dose, acho que a dose deste filme é mais que fatal…
Espero que as autoridades competentes cumpram seu papel, assegurando o respeito à lei, que tem como finalidade o bem estar das crianças. E preciso estar atento e forte, como dizia o poeta baiano…
4. Mas o que me incomoda mais que tudo, me intriga, me deixa perplexa é a seguinte pergunta: por que mensagens de violência (especialmente violência sexual) se tornaram tão populares, mercadorias que vendem tanto?? Qual o significado deste fenômeno para os jovens e crianças, nativos audiovisuais e digitais? Alguém tem um palpite?