Publicidade e infância: uma interface polêmica

Criança, alma do negócio – o papel da mídia no desenvolvimento dos futuros consumidores é o nome do evento que será realizado no próximo dia 18, segunda-feira, na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). A proposta é discutir de que forma a mídia está impactando o dia-a-dia das crianças e dos jovens e encontrar formas de combater tal influência.

O encontro contará com duas mesas-redondas. Na parte da manhã, das 11 às 13 horas, o debate reunirá Lais Fontenelle Pereira, coordenadora do Instituto Alana; o jornalista André Trigueiro e a publicitária Nádia Rebouças, da empresa Rebouças & Associados. À tarde, das 15 às 17 horas, participarão da discussão Isabella Vieira Machado Henriques, representante do Instituto Alana; o professor Ney Costa Santos, do Departamento de Comunicação Social da PUC e, novamente, a publicitária Nádia Rebouças. Antes do debate, serão exibidos alguns filmes sobre a temática.

Para promover o debate, o jornal PUC Urgente, produzido pelos estudantes de comunicação da universidade, entrevistou a publicitária Nádia Rebouças sobre a estreita e polêmica relação entre a propaganda e infância. Para os interessados, a revistapontocom reproduz abaixo a entrevista concedida a Lais do Amaral.

Acompanhe:

PUC Urgente – Qual a relação entre a publicidade e a criança?
Nádia Rebouças – Nossas crianças conhecem mais as marcas dos produtos que são vendidos do que qualquer outra coisa que você mostrar para elas. Tem uma cena [no documentário Criança, a alma do negócio], por exemplo, em que é mostrado um pimentão e a criança diz que não sabe o que é aquilo. Então, começa um raciocínio da sociedade, especialmente dos pais e dos educadores, sobre a forma como a publicidade se utiliza da ingenuidade da criança para penetrar dentro de casa e vender produtos. Nós não estamos preservandomos o planeta para as futuras gerações. Outro problema mais grave ainda: temos um monte de crianças que não têm dinheiro, não têm padrão econômico para comprar 90% dos produtos que são anunciados na televisão. Nesse caso, para crianças realmente pobres, nós estamos criando problemas ainda mais sérios.

PUC Urgente – Como a criança lida com o consumismo?
Nádia Rebouças – Do ponto de vista das crianças e das mães, existe uma coisa que chega a ser quase tortura. Se a criança não tem determinado produto, um determinado modelo de celular, ela chora, bate o pé e se sente inferior às outras crianças. Os produtos de consumo acabaram virando a própria identidade das pessoas, o que é uma coisa muito grave quando se trata das crianças.

PUC Urgente – Qual é o papel dos pais?
Nádia Rebouças – Os pais têm uma questão educativa muito séria diante de si. Têm o papel muito importante de levar a uma reflexão sobre a propaganda. A criança, conforme a idade, não tem condição de perceber o que está em jogo ali. Ela entende a possibilidade de ter aquele brinquedo como uma questão fundamental na vida dela. Por isso, o diálogo com os pais é extremamente importante. Agora, sempre vai haver aquelas crianças que vão ter tudo porque os pais não tomam conhecimento de nada. É muito difícil para esse pai dizer não e explicar o porquê do não.

PUC Urgente – Qual a importância desse debate para os alunos de publicidade?
Nádia Rebouças – É uma oportunidade para pensar sobre o que significa a nossa profissão. Basicamente, na responsabilidade social. É importante que os professores e os estudantes de publicidade tenham um momento de reflexão sobre o que fazem.

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