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Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil

Em boa fase, teatro infantil carioca tem noite de gala de reconhecimento e crítica.

Por Marcus Tavares

É exatamente nos bastidores que o teatro infantil carioca vem mostrando a sua força. O caminho entre a coxia e o palco ainda enfrenta uma série de entraves, quase sempre relacionados à falta de patrocínio e investimentos, mas revela um cenário cada vez mais profissional e de qualidade, à altura de um público exigente de crianças. De acordo com dados do Centro de Pesquisa e Estudo do Teatro Infantil (Cepetin), o ano de 2012 registrou um número elevado de boas montagens. Cerca de 150 delas foram pré-indicadas ao Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil, que busca valorizar e reconhecer as produções na área. Os vencedores da última edição foram conhecidos no dia 26 de março, no Teatro Oi Casa Grande.

O prêmio de melhor espetáculo ficou com a produção As três Marias, da diretora Maria Vidal. Mouhamed Harfouch, que interpretou o Capitão Nemo na peça Algumas das aventuras das 20.000 léguas submarinas, levou o prêmio de melhor ator. Debora Lamm conquistou o prêmio de melhor atriz por sua atuação em Coisas que a gente não vê. E Duda Maia e Lúcio Mauro Filho venceram na categoria direção teatral, com Uma peça como eu gosto.

“Os profissionais que subiram hoje no palco para receber o prêmio e mesmo os indicados são profissionais já reconhecidos em todo o país e não falo apenas dos artistas e atores, mas dos técnicos, dos produtores. É gente muito compromissada. Trata-se de uma prova cabal do quanto o teatro infantil brasileiro está fortalecido. Acho que essa riqueza das grandes produções do teatro convencional está, agora, chegando ao teatro infantil. E quando digo riqueza não é necessariamente dinheiro, mas a riqueza de grandes profissionais olhando para o teatro infantil como um gênero que merece ser bem produzido para um público que merece ver espetáculos de qualidade. É um momento especial de reafirmação do teatro infantil”, declarou o diretor e ator Lúcio Mauro Filho. Para a diretora Duda Maia, a qualidade nas produções teatrais infantis é fruto do reconhecimento dos adultos da espontaneidade e franqueza das crianças. “Não digo que o público infantil é uma plateia cada vez mais exigente, que vem se qualificando. Não. Digo que ela é exigente por si só. Já nasceu assim. E talvez a gente esteja se dando conta disso. A criança quando gosta, gosta. Quando não, fala”.

Ganhadora do prêmio de melhor texto, pelo trabalho em Coisas que a gente não vê, a dramaturga Renata Mizrahi disse que não encontrou dificuldades em escrever o roteiro da peça. “Não acho difícil escrever para as crianças. O difícil mesmo é colocar uma peça em cartaz. Escrevi o texto quando dava aula de teatro para crianças e observava que muitas tinham carência de afeto. A peça é um recado para os pais, mostrando a importância do ser em vez do ter. Acho que talvez a mistura de texto, música e rima tenha encantado os jurados. A montagem fala de uma coisa muito importante sem ser panfletária”.

Sem clichês. Esta também foi a opção adotada pelo ator Mouhamed Harfouch para interpretar o Capitão Nemo na peça Algumas das aventuras das 20.000 léguas submarinas. Ao receber o prêmio de melhor ator, Mouhamed disse que ficou a principio preocupado em interpretar um personagem negativo e de certa forma triste que fala coisas “chatas” para as crianças. Mas resolveu não poupar sentimentos e se basear em estereótipos. “Foi uma alegria ver as crianças atentas, interessadas e grudadas na história. Sem dúvida alguma, teatro infantil é coisa de gente grande. Estou muito orgulhoso”.

Presente ao evento, a atriz Nathalia Timberg destacou a importância do teatro infantil para a constituição de conhecimentos e valores das crianças: “Há uma preocupação de se fazer um teatro de qualidade porque é um teatro que tem o objetivo de formar o público infantil. É importante que se mostre espetáculos bem feitos. Este prêmio é um estímulo para que isso aconteça. Felizmente, não se vê mais o teatro infantil como uma brincadeirinha, é algo de grande responsabilidade, pois está ligado à formação de palco e plateia. Temos um país em que a formação está na base de todas as carências”.

Para Carlos Augusto Nazareth, um dos responsáveis pela criação do Prêmio Zilka Sallaberry, a premiação, que completa sete anos, foi decisiva para uma nova fase de produção teatral infantil na cidade do Rio de Janeiro. Segundo ele, a qualidade das montagens vem melhorando ano a ano, mas ainda faltam muitos obstáculos para que a área possa se afirmar competitiva e de alta qualidade. “Precisamos manter esta conquista e avançar muito mais. Temos muitos desafios. São necessários investimentos, patrocínios e uma ação governamental que incentive e apoie a produção teatral infantil. A continuidade dos projetos é fundamental”.

Veja outros vencedores:

Cenário – Carlos Alberto Nunes por Algumas das aventuras das 20.000 léguas submarinas
Figurino – Leonam Thunder por Três Marias
Iluminação – Anderson Ratto por A estranha história de Maria Cecília
Música – Wladimir Pinheiro por A borralheira
ProduçãoA borralheira
Prêmio Especial – Ana Barroso e Mônica Biel pelo trabalho dos personagens Lasanha e Raviolli
Menção HonrosaA estranha viagem de Maria Cecília pelo processo de construção da peça

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