Por Marcus Tavares
Artigo publicado no Jornal O DIA, no dia 25/01/2014
Daqui a pouco começa mais um ano letivo. Enquanto estudantes aproveitam as últimas semanas de férias, professores já se preparam para o planejamento das atividades, para a volta às aulas. 2014 é um prato cheio, afinal não faltam temas, datas e eventos. Mas um debate em especial deveria fazer parte do cronograma de todas as instituições, sejam públicas ou privadas, seja qual for o segmento de ensino: as eleições. De certa forma, a questão da política, como tema central, faz parte, continuamente, do Projeto Político Pedagógico das escolas. Mas, muitas vezes, infelizmente, é deixado de lado ou trabalhado isoladamente por algum professor.
O ano eleitoral de 2014 é, portanto, um ótimo gancho para fazer com que o tema ganhe espaço e discussão. Engana-se que pensa que os alunos não curtem. Há uma série de provocações que pode ser feita aos estudantes. Duvido não despertar a atenção deles. Da Educação Infantil ao Ensino Médio, é preciso contribuir para a constituição de um cidadão político. Muitos de nós, adultos, não acreditamos na política partidária que aí está; temos, com razão, certo nojo da politicagem e sabemos que é preciso muito empenho, paciência e luta para mudar o quadro político brasileiro, no qual as diferenças sociais, culturais, políticas e econômicas se agravam a cada dia. Por isso, e por muito mais, é que não podemos, enquanto escola (professores, funcionários e pais), deixar de lado tal debate.
Formas de governo, voto aos 16 anos, propaganda eleitoral, ficha limpa, partidos políticos, poder da publicidade, propostas de governo dos candidatos, corrupção, arranjos políticos… Não faltam assuntos. E muito menos possibilidades de articulação e de atividades dentro e fora da escola. Pesquisas, palestras, entrevistas, mesas-redondas, interpretação de gráficos das pesquisas eleitorais, exibição de filmes, simulação de campanhas, produção de vinhetas, de pequenos documentários, avaliação dos programas dos candidatos… Como seria interessante que todas as áreas do conhecimento se unissem para debater o tema. Já pensou em transformar as escolas em polos de discussão da e com a comunidade? Já pensou cada escola estabelecer o programa ideal de governo para o seu estado, para o Brasil?
Essa garotada que está nas escolas é esperta, mas desconhece — por completo — seus direitos, como também seus deveres como cidadão. Sequer sabe o que são políticas públicas e quem, sempre, paga a conta no final. Se a escola não discutir política, com P maiúsculo, e não desenvolver um bom trabalho, contundente e consequente, tenho certeza de que muitas crianças e jovens não terão outra oportunidade. Há quem torce para que este quadro não mude. Não mudando, continuaremos numa eterna luta cada vez mais desigual. E a escola? Longe, muito longe de sua responsabilidade cidadã, política. Professor, pai, funcionário e você, estudante, façam um projeto bem bacana sobre política, eleição na escola. Um gol muito mais inesquecível e importante do que qualquer outro que vai rolar na Copa do Mundo deste ano.