Informações e fotografias
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Música
– Primeiras aulas e loteria para angariar fundos
O ensino da música no Rio de Janeiro era feito, até meados do século XIX, em cursos particulares de alguns professores. O mais famoso era o do Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), Mestre da Capela Imperial e mais importante compositor brasileiro de seu tempo. No seu curso estudou e formou-se Francisco Manuel da Silva (1795-1865), autor do Hino Nacional Brasileiro e fundador da Sociedade de Música, que dava assistência e defendia os interesses profissionais dos músicos.
A Sociedade de Música tem grande importância, embora fosse uma instituição classista. Com o objetivo de formar novos artistas para as orquestras e coros do Rio de Janeiro, foi ela quem solicitou ao Governo Imperial, em 1841, autorização para a criação de um Conservatório de Música. O Decreto Imperial nº. 238, de 27 de novembro de 1841, autorizou a Sociedade de Música a extrair duas loterias anuais para a criação e a manutenção do Conservatório.
– O Conservatório de Música
Até 1847, entretanto, nenhuma ação efetiva do governo havia sido produzida em relação ao decreto, até que outro Decreto Imperial estabeleceu novas bases para a instalação do Conservatório. Sua inauguração de fato só ocorreu em 13 de agosto de 1848, em seção solene ocorrida no Museu Imperial, antigo prédio do Arquivo Nacional, na atual Praça da República.
O Conservatório de Música instalou-se inicialmente em um salão do Museu Imperial, tendo como seu primeiro diretor Francisco Manuel da Silva. Em 1855, foi anexado à Academia de Belas Artes. Sua primeira sede própria foi inaugurada em 1872, pela Princesa Isabel, na Rua da Lampadosa, atual nº. 52 da Rua Luiz de Camões. O prédio, que teve sua pedra fundamental lançada em 1863 e que levou quase dez anos para ser construído, atualmente abriga o Centro Cultural Hélio Oiticica, na Praça Tiradentes.
Após a morte de Francisco Manuel da Silva, Thomas Gomes dos Santos assumiu a direção do Conservatório. Sua gestão elaborou um novo estatuto, possibilitando a contratação de diversos professores. Entre os diversos alunos que passaram pelo Conservatório destacam-se alguns dos mais importantes músicos brasileiros do século XIX, como Henrique Alves de Mesquita, Anacleto de Medeiros, Francisco Braga (autor do Hino à Bandeira) e, principalmente, Antônio Carlos Gomes, famoso autor de O Guarani.
– O Instituto Nacional de Música
Com a Proclamação da República, em 1889, o Conservatório deu lugar ao Instituto Nacional de Música, por meio do Decreto nº. 143, de janeiro de 1890. Seu primeiro diretor foi o compositor Leopoldo Miguéz (1850-1902), que empreendeu uma viagem à Europa para visitar conservatórios e recolher sugestões para serem aplicadas ao ensino, adquirindo, nessa viagem, instrumentos, aparelhos de acústica e livros para o Instituto. Miguez também foi o responsável pela compra de um grande órgão de tubos da marca Wilhelm Sauer, que ofereceu ao Instituto, com o prêmio que ganhou pelo primeiro lugar no concurso que escolheu o Hino à Proclamação da República. Após a gestão de Leopoldo Miguez, sucederam-se na direção do Instituto os compositores Alberto Nepomuceno (1864-1920) e Henrique Oswald (1852-1931).
Sob a direção de Nepomuceno, que se manteve à frente do Instituto por mais de dez anos, em duas gestões, o Instituto foi transferido para a sua sede atual, à Rua do Passeio, em 1913, prédio que abrigava anteriormente a Biblioteca Nacional. Dentre inúmeros avanços, Nepomuceno empreendeu nova reforma curricular para atender ao crescente número de alunos, aprovou um novo regimento interno, implementou concursos públicos para professor e criou a Congregação da instituição. Além disso, organizou a biblioteca (que, hoje, leva seu nome), criada por Miguéz, e seu arquivo musical, seção pela qual tinha especial zelo, chegando inclusive a instalar seu próprio gabinete na biblioteca do Instituto.
Em 1923, assumiu a direção o prof. Alfredo Fertin de Vasconcelos, que criou a orquestra do Instituto, cujo principal regente, em seus primeiros anos, foi o Maestro Francisco Braga.
Importante reforma curricular começou a ser empreendida por Mário de Andrade e Antônio de Sá Pereira, durante a gestão de Luciano Gallet, quando o Instituto Nacional de Música foi incorporado à Universidade do Rio de Janeiro. Tal plano de reforma, no entanto, foi executado durante a administração de Guilherme Fontainha, que foi responsável também pelo lançamento da Revista Brasileira de Música, em 1934.
– A Escola Nacional de Música
Em 1937, a Universidade do Rio de Janeiro passa a chamar-se Universidade do Brasil e o Instituto Nacional de Música torna-se Escola Nacional de Música. Nos anos 1940, durante a gestão de Agnelo França, foi criado o Centro de Pesquisas Folclóricas, primeiro em seu gênero no país e que teve na figura de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo seu grande mentor. O período posterior é marcado pela administração de Joanídia Sodré, que foi diretora por mais de vinte anos. Em 1954, adquiriu o grande órgão Tamburini para o Salão Leopoldo Miguez, em substituição ao antigo Sauer, doado por Leopoldo Miguéz.
O quadro docente, nessa época, é marcado por alguns dos mais importantes músicos e compositores brasileiros como Francisco Mignone (regência), Lorenzo Fernandez (harmonia), José Siqueira (composição), Oscar Borgeth (violino), Iberê Gomes Grosso (violoncelo) e Arnaldo Estrela (piano).
– A Escola de Música da UFRJ
A atual designação da Escola de Música foi estabelecida em 1965, quando, por força do Decreto nº. 4.759, do Governo Militar, a Universidade do Brasil transformou-se em Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda nos anos 1960, durante a gestão de Iolanda Ferreira, foram adquiridos os 27 pianos Steinway de vários tamanhos, que se encontram, hoje, nas salas de aula e de concertos. No mesmo período, o Salão Leopoldo Miguez passou por sua primeira grande reforma, que modernizou suas instalações, mas infelizmente ocultou grande parte da sua decoração original.
Já nos anos 1970, na administração de Baptista Siqueira, a Escola de Música ganhou um novo regimento, que estabeleceu a atual divisão acadêmica em sete diferentes departamentos. Coube ainda a Batista Siqueira evitar a destruição do prédio de aulas da Escola de Música, por ocasião da reurbanização da Lapa, que demoliu vários prédios vizinhos. Durante sua gestão a Orquestra Sinfônica da Escola de Música foi reformulada, passando a ter como base os alunos de graduação.
A partir dos anos 1980, atrelado ao processo de redemocratização pelo qual passava o país, professores, servidores técnico-administrativos e alunos passaram a indicar o nome dos novos diretores. A professora Diva Mendes Abalada, tornou-se então a primeira diretora nomeada por indicação da comunidade acadêmica e foi responsável pelo início do processo de modernização da Escola de Música. A ela sucederam-se no cargo os professores Colbert Bezerra, Sônia Maria Vieira, José Alves da Silva, Therezinha Schiavo, João Guilherme Ripper, Harlei Elbert Raymundo e o atual diretor, André Cardoso.
Nesse período foi criado o primeiro Programa de Pós-Graduação em Música do país, que já soma quase três centenas de trabalhos defendidos desde então, e foram criados os laboratórios de Música e Tecnologia e de Etnomusicologia. Nesta última década foi empreendida uma reforma curricular de grande proporção, resultando num novo Curso de Bacharelado em Música (oferecido em vinte e três habilitações) e numa nova Licenciatura em Música. Nos últimos anos deu-se início à reforma geral do prédio de 1922, com a restauração de suas características originais.