Quando a tecnologia digital vai chegar, de fato, às escolas? Evento realizado no Núcleo Avançado em Educação (NAVE), no Rio de Janeiro, debateu esta e outras questões
O uso do celular é proibido na sala de aula, não entra de jeito nenhum. Computadores só podem ser utilizados nos laboratórios de informática. Na internet, o acesso às redes sociais, como o orkut, é negado. Televisão? Nem pensar. Jornais, histórias em quadrinhos, ipods idem. Para muitos professores, atitudes que fazem todo sentido. Para outros, um obstáculo à interação entre alunos e educadores.
Luli Radfahrer, Ph.D. em comunicação digital pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), foi um dos palestrantes do evento Tecnologia e educação: uma nova escola para um novo aluno, realizado no mês passado, no Núcleo Avançado em Educação (NAVE), no Rio de Janeiro.
O professor falou sobre a importância da revolução digital na vida do estudante. Para ele, o uso das tecnologias digitais nas escolas ainda é praticamente inexistente. E, para piorar, muitos professores teimam em ignorar ou proibir o uso das tecnologias de comunicação interativa.
“É aquela velha história de se temer o que se desconhece. Essa resistência pode até livrar a cara de um ou outro por enquanto, mas no médio prazo é demolidora. Qualquer aluno que use o computador em casa, na lan house ou com os amigos sabe de sua importância nas relações sociais e provavelmente suspeita de sua importância nas relações profissionais. Ao ver seu professor rejeitar a tecnologia, o estudante entra em conflito”, afirma Luli.
Para ele, é um erro dos professores e das escolas lutar contra as linguagens da mídia que a cada dia tornam-se mais populares e acessíveis. “Se os professores não entenderem que os tempos mudaram, o sistema atual vai à falência. A escola de hoje deve reconhecer o ambiente digital e permitir que os alunos o utilizem de forma construtiva. Se o aluno não vê valor no que está sendo ensinado, ele não aprende. Mas se a escola mostrar que existem coisas legais, o próprio aluno irá em busca da aprendizagem”, destaca.
Fazendo coro às afirmações de Luli, o estudante Cauã Alves Campos de Figueiredo, aluno do 1º ano do NAVE, complementa: “Casa, escola, livro, computador… Hoje, não temos mais diferentes mundos, vivemos num equilíbrio, no qual aprendemos a gostar dos livros e a controlar o uso da internet. Acho que a escola do século XXI pode e deve buscar exatamente este equilíbrio”.
Realizado pelo Oi Futuro em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, o encontro também contou com a participação do jornalista e blogueiro Beto Largman; do professor em Stanford na área de novas tecnologias para educação, Paulo Blikstein; e da diretora pedagógica da Escola Parque no Rio de Janeiro, Patrícia Konder Lins e Silva. O grupo Lens Kraftone, que entre outras novidades utiliza o controlador do jogo Wii como instrumento musical, fez uma apresentação multimídia.