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Educação ambiental, ferramenta contra o lixo

Por Deise Keller Cavalcante
Coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro

A solução para o destino do lixo ainda consiste em conduzi-lo para longe, preferencialmente para locais afastados das áreas habitadas. São os vazadouros a céu aberto, mais conhecidos como lixões, situados na periferia dos grandes centros ou nas vias de acesso aos municípios das zonas rurais. Tal alternativa indica a pouca importância, até então dada, do ponto de vista sanitário e ambiental, à questão do lixo das cidades. Reflete o conceito de que ao lixo não é atribuído valor algum. Expressão disso seria o fato dele nunca ter recebido outra conotação além daquela de inutilidade. Nesse sentido, concebê-lo como algo que encerrasse a promessa de recriação e renascimento consistiria em mera abstração.

Diante dessas dificuldades, é o momento de se pensar em novas formas de gestão dos resíduos sólidos, dessa vez direcionadas para processos de recuperação e reciclagem dos materiais. Solução, sem dúvida, inteligente, por considerar, em primeiro lugar, a finitude das matérias-primas existentes em nosso planeta e, em segundo, o fato de ser “muito mais econômico fabricar uma garrafa nova com os cacos de uma garrafa quebrada, ou uma lata de refrigerante através da refundição do alumínio já beneficiado”.

No entanto, a esse respeito, é importante destacar a imagem de que se revestiu a reciclagem do lixo em diferentes meios. Vista como panacéia para todos os problemas relacionados à preservação ambiental e transmitindo uma sensação de atualidade, a reciclagem passa a ser a opção preferida daqueles que buscam aparentar uma forma “politicamente correta” de agir. Decorre daí que, até bem pouco tempo, qualquer programa de reorganização do sistema de limpeza de uma cidade, ou proposta de educação ambiental que não levasse em conta o incentivo à reciclagem – ou como se convencionou chamar, à “coleta seletiva” – estaria condenado a fracassar.

Mas experiências acumuladas em diferentes partes do mundo não levaram muito tempo para sugerir que as vantagens da reciclagem do lixo fossem relativizadas, uma vez que sua adoção estava necessariamente condicionada por um conjunto de aspectos, tais como o incentivo ao consumo, dentre outros.

Talvez fosse o caso de se perguntar se não seria mais racional, em vez de se pensar unicamente em como tratar o lixo, pensar-se em como reduzir a sua produção. Por conseguinte, a partir desse raciocínio, delineia-se hoje um novo discurso sobre o lixo que privilegia menos o elo final da cadeia – o destino dado ao lixo – e mais a redução do volume de resíduos no início do processo produtivo. Assim, seja por demagogia, seja pelo gradativo aumento das preocupações com o ambiente, não há quem, hoje, não expresse uma preocupação crescente com os lixões e seus efeitos indesejáveis sobre o ambiente – os riscos de contaminação do solo, do ar e da água e o impacto sobre a saúde pública.

A consequência principal de todo esse processo é a necessidade de incidir sobre aqueles que produzem, sejam as pessoas em suas residências, as instituições públicas, as empresas, as fábricas, os hospitais, estimulando a criação de uma nova cultura do lixo.

A educação se constitui uma importante ferramenta nesse sentido. Por meio dela, torna-se possível reconstruir uma ideia do lixo mais compatível com a nova tendência mundial, pelo menos em discurso, de atuar sobre a produção do lixo. Para tanto, torna-se necessário que cada um comece com uma reflexão sobre a produção de lixo em sua casa; fique atento ao desperdício tão comum em nossa cultura e desenvolva a capacidade de julgar as razões pelas quais determinados métodos de tratamento do lixo são escolhidos em detrimento de outro. Ou seja, a Educação é essencial nesta evolução.

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