Por Talita Moretto
Jornalista, especialista em Tecnologias na Aprendizagem. É coordenadora de Programa Jornal e Educação – Projeto Vamos Ler – e possui um blog para discutir o uso de mídia na educação
Uma ampla discussão toma conta dos bancos escolares: a tecnologia veio para auxiliar no ensino ou está atrapalhando as aulas e distraindo os alunos? Educadores analisam e buscam alternativas para conciliar o fácil e rápido acesso aos recursos tecnológicos às práticas pedagógicas. O objetivo: minimizar os efeitos e fazer com que o aluno ainda preste atenção naquela aula onde quadro, giz e um bom livro ainda merecem comparecer.
Mas a grande questão é: será que a distração na escola surgiu apenas com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação? Controlar as conversas paralelas,as risadas e a troca de bilhetinhos é um exercício diário de domínio da classe. E não é de hoje. O problema é que a tecnologia é atraente, e mesmo quando não permitida oficialmente em sala de aula, é a grande promotora da distração
entre os estudantes. Um bom celular permite ao aluno acessar seus e-mails, frequentar redes sociais, ‘twittar’ durante aquela explicação na aula de Química, ou Matemática, ou qualquer outra disciplina que possa ser considerada menos interessante.
O professor de Física do Colégio Marista Ponta Grossa, Wagner Sindici, comenta que a distração mudou quanto ao número de alunos envolvidos. Na profissão há 23 anos, Sindici lembra que há dez anos, em uma turma de trinta alunos, apenas cinco ou seis se distraiam com bilhetinhos. “Fatos que aconteciam na hora do recreio, ou antes do início da aula, eram desdobrados na sala. Eles utilizavam bilhetinhos para deixar o colega informado. Era uma rede de comunicação interna muito interessante. Porém, de uns anos para cá, com o celular, os bilhetinhos sumiram e passou a existir a famosa SMS. Isso começou a se espalhar e um número cada vez maior de alunos passou a agir desta forma”, explica o educador.
Professora há mais de vinte anos no Colégio Marista São Luís, de Jaraguá do Sul/SC, Andréa Gomes Cardoso conta que antigamente os meninos colecionavam figurinhas da Copa do Mundo e as meninas, papel de carta, e faziam o ‘caderno de perguntas’, ou ‘livro de confidências’. “Anos atrás, a gente apenas
recolhia o material do aluno e não explicava o motivo. Com autoridade, falávamos que não era material de aula e éramos respeitados. Hoje, o papel do educador é outro e se diferencia pela forma de conduzir a conversa com o aluno, principalmente ouvindo-o. Quando recolhemos um material, temos que contextualizar a questão de uso com ética, moral e cidadania”, explica Andréa.
O assessor educacional de Tecnologia da Informação do Grupo Marista, Gilson Fais, esclarece que a tecnologia está a serviço da educação e que a utilização dos mais variados recursos é incentivada dentro dos colégios. “É prematuro validar a proibição do uso do celular dentro da sala de aula, por exemplo, mesmo porque, os recursos que o aparelho disponibiliza são de grande valia para a educação”, comenta. Fais reforça que o aparelho deve ser utilizado com responsabilidade e é preciso também trabalhar a conscientização do aluno ao utilizar a ferramenta. “Claro que cada unidade tem autonomia para trabalhar de maneira diferente.Hoje o recado dos alunos chega por bluetooth. Compete ao educador avaliar de que maneira proceder, pois novos tempos trazem novos recursos e exigem novos métodos de trabalho”, acredita.
nossa talita parabens eu gostei muito