A cidade de Ponta Grossa, no Paraná, sediou seu 3º ECOM.EDU – Encontro de Comunicação e Educação de Ponta Grossa, que foi realizado entre os dias 8 e 13 de setembro. Ao final do evento, os participantes redigiram A Carta de Ponta Grossa, sobre mídia e educação. O documento defende nove tópicos. Veja abaixo.
O encontro discutiu ainda práticas de educação e comunicação, incentivou professores e jovens a mostrarem suas produções de mídia educação (com direito a premiações) e principalmente foi uma ponte entre a área acadêmica com suas pesquisas realizadas neste campo e a comunidade de um modo geral. O evento foi organizado pelo Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa e teve como objetivo principal articular o conhecimento acadêmico com a comunidade local ao discutir práticas de educação e comunicação, incentivando jovens e professores a exporem trabalhos envolvendo as duas áreas.
Carta de Ponta Grossa de Mídia e Educação
Considerando que a educação para usar as mídias com autonomia e criticidade é um fator fundamental para que pessoas de todas as idades e nações possam exercer o direito humano universal à liberdade de expressão, entendido como o direito de ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, e independentemente de fronteiras;
Considerando que o desenvolvimento tecnológico possibilitou a construção de conhecimentos em rede através das diferentes mídias e potencializou práticas culturais colaborativas e compartilhadas;
Considerando que o acesso às mídias e aos seus conteúdos permanece desigual, e que as possibilidades de produção e circulação de seus conteúdos não é praticada pelos diversos atores sociais;
Considerando, como já afirmou o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova no Brasil, que as forças econômicas de um país não se desenvolvem sem o “preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa” e que as chamadas indústrias criativas ganham cada vez mais importância no cenário global;
Considerando que a escola, juntamente com outros espaços da sociedade civil, são instâncias democráticas onde a formação para a cidadania ativa é favorecida;
Considerando que no contexto Iberoamericano vários países têm adotado políticas de educação para as mídias trazendo para o âmbito escolar a discussão e práticas de produção e análise crítica da mídia visando a democratização da comunicação e o estabelecimento de uma relação com a mídia que favoreça o pleno exercício da cidadania.
Considerando que as políticas nessa área em nosso país ainda são tímidas e carecem da formação de uma rede de boas práticas e de desenvolvimento de metodologias próprias que dependem certamente de estudos e pesquisas.
E considerando documentos importantes tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Constituição Brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Declaração de Grunwald sobre Mídia e educação capitaneada pela UNESCO , os participantes do encontro que assinam esta carta convocam os diversos atores sociais envolvidos direta ou indiretamente com educação para as mídias a:
1. Iniciar e apoiar programas de educação para as mídias para públicos de todas as idades, nas esferas da educação formal e não-formal, através das mais diversas plataformas de mídia que promovam a literacia midiática como o desenvolvimento de habilidades para acessar, selecionar e avaliar produtos de mídia, além de adquirir competência para se expressar criativamente e se engajar socialmente usando canais midiáticos.
2. Promover a formação inicial e continuada de professores e outros profissionais que tenham envolvimento com a educação para as mídias, de modo que adquiram conhecimento crítico e consistente sobre o papel social e o funcionamento dos meios em sociedades democráticas e desenvolvam habilidades pedagógicas para transformar esse conhecimento em práticas de ensino e aprendizagem.
3. Fomentar a produção e compartilhamento de materiais específicos de educação para as mídias, que utilizem as múltiplas linguagens e tenham qualidade validada por seus públicos.
4. Criar condições mínimas nas escolas para que a educação para as mídias possa de fato ocorrer nesses lugares, o que inclui remunerar adequadamente os professores que se proponham fazer mídia e educação, criar e manter laboratórios com os equipamentos necessários e suporte técnico constante e eficiente e prover acesso à internet.
5. Lembrar os meios de comunicação, que por serem concessões públicas, devem cumprir sua parcela de responsabilidade social e se engajar na formação de cidadãos ativos e capazes de avaliar criticamente os conteúdos por eles veiculados.
6. Incentivar espaços de discussão, formação e atualização dos profissionais envolvidos na produção e circulação de conteúdos midiáticos de qualidade para que haja uma maior conscientização da responsabilidade social dos mesmos quanto ao papel que exercem na construção de uma sociedade mais democrática.7. Estimular a produção e circulação de conteúdos de qualidade dirigidos a crianças e adolescentes de modo a considerar sua participação e suas necessidades específicas tendo em vista a condição estratégica deste público e de sua educação para as mídias;
8. Encorajar a pesquisa em educação para as mídias, inclusive com destinação de recursos financeiros, que apoiem o desenvolvimento de políticas públicas no sentido de favorecer a democratização das mídias e de seus usos nos diversos contextos.
9. Integrar as iniciativas brasileiras às tendências internacionais, em especial às ações da UNESCO, para que os brasileiros também possam ser beneficiados com o avanço do conhecimento produzido em outros países e em cooperação na promoção da educação para os meios.