Carro: objeto de desejo número um da sociedade de consumo. Quem tem, quer ter trocar por um mais novo, bonito, potente, espaçoso… Quem não tem, não vê a hora de conseguir comprar um, mesmo em suadas prestações. Mas afinal, por que julgamos tão necessário um veículo que é a maior causa da poluição atmosférica e do aquecimento global? Essa é uma das principais questões do livro Apocalipse motorizado – a tirania do automóvel em um planeta poluído (Editora Conrad), organizado por Ned Ludd. “Questionar o automóvel implica, imediata e necessariamente, questionar a própria organização social e as necessidades e funções que lhes são próprias”, destaca o autor.
A obra é uma coletânea de textos que questionam a imposição social do veículo, discutem problemas gerados pelo seu excesso, a expropriação do espaço público urbano e a exclusão social que ele acarreta. O livro traz ainda propostas criativas e bem-humoradas de ações práticas para se opor à ditadura do automóvel, como trocar as placas de ‘Pare’por ‘Pare de dirigir’.
De acordo com o livro, os motoristas de carro respi¬ram três vezes mais gases tóxicos do que pedestres ou ci¬clistas. Os carros não protegem os motoristas da poluição, uma vez que estes dirigem em um “túnel de poluição”. Um estudo também revela que o desgaste dos pneus de carro libera pequenas partículas que ficam no ar, chamadas PM10, que podem causar câncer.
O título ainda alerta para o custo ambiental do carro, antes mesmo de ele sair da concessionária. A produção de um veículo envolve 1,5 toneladas de dejetos e 74 milhões de metros cúbicos de ar poluído. “Os números mostram que a poluição gerada pelo carro não pode ser plenamente resolvida com os combustíveis alternativos ou a energia solar. Sessenta por cento dessa poluição não provêm do uso do carro, mas começa antes mesmo do processo de fabricação e continua após o veículo ser descartado”, revela trecho do livro.
Dicas
– Na hora de comprar um carro, faça um cálculo simples de qual o tamanho ideal para suas necessidades. Veículos maiores consomem e poluem mais. Modelos do tipo flex fuel estão adequados às normas de proteção ao meio ambiente. Lembre-se: prefira abastecer com etanol.
– Carro não é o meio de transporte ecologicamente mais correto. Use-o com moderação, em especial se tiver um enorme 4×4 a diesel. Ande mais em transporte coletivo.
– Compartilhe seu carro. “Pratique a carona solidária e diminua a emissão de poluentes, levando pessoas que fariam o mesmo trajeto separadamente”, recomenda o ambientalista Fábio Feldmann. Você vai se tornar o cara mais simpático da cidade.
– Carro requer manutenção, não tem jeito. Faça uma regulagem periódica, sempre que possível. Troque o óleo nos prazos indicados pelo fabricante, verifique filtros de óleo e de ar. Todas essas medidas economizam combustível e ajudam a despejar menos CO2 no ar.
– Que tal lavar o carro a seco? Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a tradicional, que consome centenas de litros do precioso líquido. Pense também em lavar menos seu carro.
– Tem atitude mais grosseira que atirar lata ou outros dejetos pela janela do carro? O castigo para essa gafe é garantido: os resíduos despejados na rua são arrastados pela chuva, entopem bueiros, chegam aos rios e represas, causam enchentes e prejudicam a qualidade da água que consumimos.
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