Por Marcus Tavares
Reunir pesquisadores brasileiros que se dedicam ao estudo da cultura digital em seus diversos desdobramentos e promover interfaces de colaboração para o desenvolvimento de projetos na área cultural. Este foi o objetivo do encontro “Academia Digital” realizado na sexta-feira, dia 25 de maio, na Casa da Ciência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Promovido pelo Pólo Digital do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da mesma instituição, o evento contou com a participação dos representantes de diferentes grupos de pesquisa do país. Na ocasião, Heloisa Buarque de Hollanda, coordenadora do PACC e idealizadora do encontro, explicou que o projeto está aberto a outras universidades e programas brasileiros.
Na parte da manhã, foi feita uma rodada de apresentação dos grupos de pesquisa que estavam presentes. Logo depois, Álvaro Malaguti fez uma apresentação dos projetos que estão sendo realizados, desde 2008, entre a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Ministério da Cultura (MinC). Gerente da integração RNP/MinC, Malaguti destacou a proposta da Rede de Laboratórios para Experimentação em Arte, Cultura e Tecnologia. Fruto da parceria entre as duas instituições, a rede de laboratórios visa a prover infra-estrutura física e de rede para trabalhos culturais colaborativos, que tenham a participação da Academia. A ideia é criar os laboratórios nas unidades da Funarte no Brasil, constituindo espaços de pesquisa para estudiosos de novas linguagens artísticas em plataforma digital. Na parte da tarde, os participantes discutiram possibilidades e perspectivas de criação e interfaces colaborativas.
Cultura digital em análise
Durante a apresentação dos grupos de pesquisa, Sérgio Amadeu, professor do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciência Social Aplicada da Universidade Federal do ABC (UFABC) e Alex Primo, professor do programa de pós-graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), analisaram o atual contexto da cultura digital.
Sérgio Amadeu disse que a mudança tecnológica ocorrida nos últimos anos libertou o texto do papel, o vídeo da película e a música do vinil. Transformou tudo em digital, disponibilizando todos os conteúdos na rede. “E como o velho mundo industrial reage a isso tudo? Tentando criminalizar os processos que são típicos de cultura. A cultura sempre foi compartilhamento, troca e re-combinação. Nos dias de hoje, por conta da defesa da propriedade industrial, as práticas recombinantes são criminalizadas. Há um grande esforço de criar legislações que tenham o objetivo de proibir o compartilhamento livre, de restringir bens culturais e conhecimentos”, destacou.
Neste contexto, Alex Primo explica que a ideia de que a cibercultura significaria uma série de utopias libertárias não se concretizou. Segundo ele, vivemos numa cultura digital que ainda é ditada pela cultura massiva dos grandes conglomerados de mídia que logo perceberam e incorporaram o potencial das redes sociais e das interfaces de produção de informação, como blog, videolog e twitter. Para ambos professores, estudos e reflexões sobre esses temas é o primeiro passo para repensar e possibilitar novas perspectivas e ações para o futuro.
Veja alguns dos participantes do encontro:
– Alex Primo (UFRGS)
– Alexandre Farbiarz (UFF)
– Alvaro Malaguti (RNP)
– Ana Claudia de Souza (Funarte-RJ)
– Christus Nóbrega (UnB)
– Eliane Costa (UCAM)
– Eugênio Trivinho (PUC-SP)
– Fernanda Bruno (UFRJ)
– Guido Lemos (UFPB)
– Ilana Strozenberg (UFRJ)
– Rejane Spitz (PUC-RIO)
– Rodrigo Savazoni (CCD-SP)
– Sérgio Amadeu da Silveira (UFABC)
– Vanderlei Cassiano Junior (UFGO)
PACC – UFRJ
– Heloisa Buarque de Hollanda
– Cristiane Costa
– Beatriz Resende
– Cristina Haguenauer
– Fernanda Gentil
– Luiz Agner