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“No Rio, professores e secretaria trabalham juntos”

Claudia Costin faz balanço de sua gestão à frente da secretaria municipal de Educação do Rio.

Educação: o que eu quero para minha cidade? Este é o slogan da campanha darevistapontocom.Conheça a proposta e participe. Abaixo, você confere a entrevista concedida pela secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin

As entrevistas aqui publicadas não traduzem a opinião da revistapontocom. Sua publicação obedece ao propósito de promover o debate da política pública municipal de educação, no Brasil, com ênfase no Rio de Janeiro, e de refletir as diversas tendências de pensamento. O espaço está aberto a todos os interessados em se manifestar.

Por Marcus Tavares

“Não podemos considerar, por exemplo, que oferecemos um ensino de excelência se não tivermos, no mínimo, sete horas de aula por dia. Os 15 melhores países no Pisa têm sete horas. Vamos implementar isso aos poucos. Não poderíamos fazer de uma vez, pois estaríamos sendo irresponsáveis. Cada mudança mínima em nossa rede tem um impacto tamanho. São cerca de 41 mil professores”, afirma Claudia Costin, secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro.

Em entrevista à revistapontocom, Claudia faz um balanço de sua gestão. Conta qual foi a sua estratégia de ação assim que assumiu a pasta. Traz dados estatísticos que mostram que a rede municipal de escolas do Rio vem apresentando bons resultados no Ideb e na Prova Brasil. Rebate críticas de professores e sindicatos de que sua gestão só se preocupa com avaliações e de que a política de sua administração tira a autonomia do professor. E adianta que, caso o prefeito Eduardo Paes seja reeleito, deseja continuar à frente da secretaria. Projetos futuros: plano de cargos e salários dos professores e ampliar o horário escolar.

Acompanhe:

revistapontocom – Qual era a radiografia da rede de ensino do Rio quando a senhora assumiu?
Claudia Costin – Resisti muito até aceitar o convite do prefeito Eduardo Paes. Trabalhava em São Paulo, na Fundação Victor Civita, voltada para a melhoria da educação pública, e assumir a secretaria significava uma mudança de vida muito complicada. Inicialmente, em vez de assumir, propus a elaboração de um plano de melhoria do sistema educacional da cidade, que poderia ser tocado por outra pessoa. Eu disse não algumas vezes, mas, o prefeito insistiu e resolvi então aceitar, porque acreditei – e acredito – que poderíamos transformar o Rio. Tínhamos uma rede bastante organizada de professores. Com professores de qualidade, dado a competitividade dos concursos públicos que conseguiam atrair, na média, bons mestres. Havia também sistemas informatizados bastante razoáveis. Não começaríamos do zero e havia, portanto, pontos que permitiriam dar um salto na qualidade da educação. A cidade já tinha tido boas secretárias. A Regina de Assis foi uma ótima secretária. A Sônia Mograbi que me antecedeu foi uma secretária séria e muito dedicada. Vínhamos de um cenário que não era um desastre. Mas poderíamos, com certeza, melhorar a rede. Comecei então a preparar um diagnóstico mais preciso, observando algumas estatísticas.

revistapontocom – Que tipo de estatísticas?
Claudia Costin – Por exemplo: as notas da Prova Brasil e do Ideb. O Ideb da cidade do Rio não era ruim para padrões nacionais, porém a nota da Prova Brasil estava em queda tanto no primeiro quanto no segundo segmento. O que nos colocava numa posição perigosa, ainda mais quando o prefeito Eduardo Paes havia me informado que o seu programa de governo previa o fim da aprovação automática. Fiquei preocupada: se você colocasse as notas da Prova Brasil num mapa, perceberia que as notas de 2007 eram muito desiguais pela rede. Havia escolas com desempenho europeu e outras com resultado ruim, muitas localizadas em áreas conflagradas, o que reforçava a importância de trabalharmos mais pesado, por meio de ações positivas, nestas regiões. Antes de tomar qualquer medida, fiz reuniões com todas as diretoras de escolas, divididas pelas Coordenadorias Regionais de Educação (CRE). Ouvi, ouvi muito.

revistapontocom – O que as diretoras das escolas disseram?
Claudia Costin – Que havia muito analfabeto funcional, que não se aplicavam mais provas na rede e que a cultura do dever de casa não existia. Afirmaram também que as escolas careciam de infraestrutura de apoio. As instituições não tinham secretárias, porteiros, inspetores…

revistapontocom – A avaliação das estatísticas e das diretoras foi o ponto de partida?
Claudia Costin – Não isoladamente, visto que já contávamos com dados sobre o desempenho das escolas. Mas ajudou muito. Em seguida, aplicamos uma prova de nivelamento para ver, de fato, como estavam os nossos alunos. Afinal, de onde partiríamos? Tínhamos poucos dados concretos sobre o ensino, sobre a aprendizagem das crianças. Decidimos fazer duas grandes provas: uma para o 4º, 5º e 6º anos para saber se havia analfabetos funcionais. E uma entre os estudantes do 2º ano para saber se havia déficits importantes de defasagem em Português e Matemática. Descobrimos que havia na rede cerca de 28 mil analfabetos funcionais, do 4º ao 6º ano. Isso significava que tínhamos 14% de analfabetos funcionais, do 4º ao 6º ano. Era um dado que não era condizente com o Brasil, com a 6ª economia do mundo. Não podíamos aceitar isso. Tínhamos uma taxa de reprovação em torno de 30%, do 6º ao 9º ano. Resolvemos investir pesado em diferentes modalidades de reforço, além de estruturar um currículo e oferecer estratégias, instrumentos aos professores. A rede contava com o Núcleo Curricular Base, a MultiEducação, que trazia uma linguagem parecida com os Parâmetros Curriculares Nacionais, mas que era bastante genérica e não definia com clareza quais deveriam ser as competências dos professores em cada etapa de ensino. Para alguns professores, recém-saídos da universidade, que, como mostra Bernadeth Gatti, enfatiza teorias, fundamentos e tem pouca vivencia prática, a chance de fazer um trabalho sólido e sequencial, sem uma orientação estruturada, era bem pequena. Decidimos montar um currículo muito claro, organizado por bimestres, determinando precisamente o que cada criança deveria aprender. Produzimos, então, o chamado material estruturado, feito pela própria rede, que auxiliava o trabalho do professor com base no currículo. E por fim resolvemos implantar provas bimestrais unificadas que permitissem que cada escola soubesse se aquela criança estava evoluindo positivamente ou negativamente, e que a rede soubesse, inclusive, como cada escola estava evoluindo comparativamente com as outras, com a média da rede. Desde então, ao final do exame, cada diretor recebe um mapa onde é possível enxergar todos esses dados por disciplina. A princípio pode parecer que estávamos tirando a autonomia do professor. Não é o caso. Costumo me fazer valer de uma fala de Claudio Moura Castro. Ele afirma que a Educação é como se fosse uma orquestra. Nesta orquestra, é fundamental que cada um tenha a sua partitura, caso contrário não promovemos o sequenciamento da aprendizagem e a interdisciplinaridade. Isso não impede, de forma alguma, que cada músico coloque toda a sua magia no desenvolvimento da música. Nesta perspectiva que implantamos, um professor maravilhoso vai produzir uma aula encantadora. Aquele não tanto maravilhoso vai, pelo menos, cumprir os conteúdos necessários.

revistapontocom – O resultado destas provas serviu apenas como diagnóstico?
Claudia Costin – Serviu e ainda serve para dar um retorno à escola sobre sua evolução e para a definição e redefinição das ações de reforço escolar. O primeiro reforço que decorre do resultado destas provas é o mais simples. Ele pode ser dado pelo professor, com a ajuda de voluntários e ou estagiários. Produzimos um material específico para isso. O segundo tipo de reforço é mais complexo. Trata-se da realfabetização dos analfabetos funcionais. Procuramos o MEC para saber quem tinha, de fato, uma tecnologia educacional adequada. Era uma área não dominada pela rede. A rede do Rio sabia alfabetizar, mas não realfabetizar. O MEC nos recomendou o Instituto Ayrton Senna, que deu um show. Eles capacitaram cerca de 1500 professores da nossa rede. Isso sem contar com o trabalho da MultiRio, que capacitou outros três mil profissionais para melhorar a alfabetização inicial. Nossa gestão colocou a Multirio e a secretaria municipal de Educação do Rio num caminho sintonizado. A MultiRio foi e é uma peça chave na capacitação dos professores e na produção de material que dialoga com o professor e com o nosso currículo. Essas avaliações também nos ajudaram a definir o Programa Acelera, que tem o objetivo de corrigir a defasagem idade/série. Decidimos fazer isso de uma forma concreta e que resolvesse razoavelmente o problema de uma vez por todas. Diante de um sistema de progressão continuada, que havia nas gestões anteriores, tínhamos uma reprovação acentuada no 6º ano. Tínhamos 22% dos alunos, no 6º ano, com defasagem idade/série. Chamamos a Fundação Roberto Marinho para capacitar nossos professores num programa de aceleração do ensino. Foi incrível o resultado. Os alunos que participaram deste programa tiraram notas, nas provas bimestrais, levemente superiores à média da rede. Quanto à reprovação em si, resolvemos lidar com a questão por meio de um processo de diálogo com a escola, no sentido de sensibilizar os diretores para conversar com seus professores para evitar que a aprovação automática virasse uma reprovação automática. Ao perceber que o aluno não aprende, o sistema de reforço escolar deve ser ativado, antes de se pensar em reprovar.

revistapontocom – A senhora falou sobre o contexto do primeiro e segundo segmentos. E com relação ao ciclo da alfabetização? Qual era o cenário?
Claudia Costin – Naquelas reuniões com as diretoras, no início de nossa gestão, elas me disseram que alguns professores estavam deixando a alfabetização para o último ano do ciclo. A atitude estava vinculada a uma visão um pouco populista da educação, de que o público é pobre, não possui ambiente letrado em casa. Era a mesma visão que levava alguns professores a não passarem dever de casa, não dar redação aos alunos. Não acabamos com o ciclo, pois se trata de uma determinação do MEC, mas investimos, sim, numa metodologia de alfabetização, muito inspirada nas ideias da professora Magda Soares, que critica a desmetodologização do processo de alfabetização. Produzimos o nosso próprio material, o nosso livro de alfabetização, que organiza o ensino e a aprendizagem no primeiro, segundo e terceiro ano do ciclo. Aproveitando o mote do MEC que queria fazer um pacto nacional pela alfabetização aos oito anos, lançamos o nosso pacto de fazer o mesmo, só que aos seis anos de idade. Ao lançar o pacto, já tínhamos investido na capacitação dos professores, na escrita do livro e na construção de uma avaliação diagnóstica no primeiro ano, onde foi possível identificar em que nível do processo de letramento se encontrava cada aluno. Instituímos também uma avaliação interna, no meio do ano, e outra externa, ao final do ano. Com base nestas avaliações externas, identificamos os alunos com mais dificuldades, que são, então, encaminhados para o Nenhuma Criança a Menos, que conta com aulas em tempo integral três vezes por semana, uma lista de livros de leitura obrigatória e monitoramento gerencial do desempenho pela direção. Neste contexto, os estudantes tinham aulas integrais três vezes por semana. Os professores, cujos alunos tinham tido êxito na prova, eram entrevistados pela MultiRio, no sentido de socializar seus conhecimentos e práticas. Voltando ao pacto: hoje já estamos com 83% de nossas crianças alfabetizadas já no primeiro ano – os dados são de 2011. Nosso desafio é chegar a 95%.

revistapontocom – Houve mudanças também no conteúdo do ciclo de alfabetização, não foi?
Claudia Costin – Sim. Tiramos do ciclo de alfabetização as aulas específicas de História, Geografia e Ciências. Qual era a intenção? Focar na alfabetização bem feita. Não inventamos isso. Cingapura fez a mesma coisa. Depois que o aluno está alfabetizado, fica mais fácil entrar com as outras disciplinas. Mas ao mesmo tempo em que tiramos estes conteúdos, resolvemos introduzir as áreas de arte e inglês. Em relação ao ensino de inglês, contamos com o auxílio da Cultura Inglesa para nos orientar numa metodologia que investe muito na oralidade. Para tanto, passamos a exigir no concurso público para professores de idiomas uma prova oral. Já a arte tem um papel importantíssimo na formação dos estudantes, para a ampliação de repertório do aluno. O ensino de artes só acontecia do 6º ao 9º ano. Na 2ª Coordenadoria Regional de Educação resolvemos ir além. De forma experimental, o ensino de arte, com professor especialista, já faz parte do dia a dia da educação infantil.

revistapontocom – Há um investimento em diferentes tipos de projetos experimentais, envolvendo poucas escolas. Por quê?
Claudia Costin – Porque nossa rede é muito extensa. São cerca de 41 mil professores. Qualquer mudança impacta o dia a dia de milhares de pessoas. Por exemplo: criamos o projeto Ginásio Carioca, envolvendo uma escola de cada Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Nestes espaços, os alunos têm oito horas de aula, com estudo dirigido, disciplinas eletivas e ações de protagonismo juvenil. Se ampliássemos as oito horas para todas as escolas criaríamos um caos no sistema. Vamos devagar, analisando os resultados, positivos e negativos, reformulando as práticas e ampliando a nossa base. As escolas que sediam o projeto Ginásio Carioca estão agora entre as 50 melhores da rede e quatro delas, entre as dez. Resultados positivos que também verificamos com o projeto Escolas do Amanhã, localizadas em áreas conflagradas do Rio, onde as crianças têm acesso a uma diversidade de atividades. De 2009 a 2011, essas escolas registraram um aumento médio de 33% contra 22% da rede no 2º segmento. Com o experimento realizado é possível verificar se vale a pena expandir para outras escolas. As escolas do projeto que estão em áreas pacificadas tiveram resultados ainda mais impressionantes: 42,9%. Outro projeto experimental que também vem dando boas notícias é a adoção de um professor para todas as disciplinas no 6º ano. Fizemos um teste com 50 turmas do 6º ano. Não é nenhuma novidade. Na Finlândia, só há professor especialista a partir do 8º ano. Em Cuba, somente no Ensino Médio. Em Cingapura, nos anos do 6º ao 9º, não há professor especialista. A média da rede em Matemática foi de 5,4. Nestas turmas, de 7,5.

revistapontocom – Quais são os desafios hoje da rede municipal?
Claudia Costin – Uso muito a metáfora da construção da muralha da China. Ela levou mais de 300 anos para ser construída. Cada geração construiu um pedaço. Cabe a cada nova geração não destruir o que já foi construído e avançar mais. Quando você está na metade da caminhada, corre o risco de apenas valorizar o que já fez, se esquecendo de olhar para frente. Há de se fazer o exercício de olhar para o passado e para o futuro. E quando olho para frente vejo que falta muita coisa. Não podemos considerar, por exemplo, que oferecemos um ensino de excelência se não tivermos, no mínimo, sete horas de aula por dia. Os 15 melhores países no Pisa têm sete horas. Vamos implementar isso aos poucos. Não poderíamos fazer de uma vez, pois estaríamos sendo irresponsáveis. Cada mudança mínima em nossa rede tem um impacto tamanho. São cerca de 41 mil professores. Além disso, o número de filhos por mulher em idade fértil vem diminuindo. O numero de crianças de seis anos vem caindo. Há ainda uma tendência de a nova classe média, que vem aumentando, tirar seus filhos da rede pública e colocá-los na rede privada, como símbolo de status ou de diferenciação social. Se construíssemos mais escolas para o período de sete horas, dentro de três anos, teríamos prédios ociosos, desperdiçaríamos recursos públicos. Nossa meta até 2016 é que 35% das crianças tenham sete horas de aula. Estamos preparando o terreno. Todos os concursos públicos para professores são, agora, para 40 horas. Ao lado deste desafio, temos o da infraestrutura, da manutenção predial, que envolve muito trabalho. E por último destacaria o problema do bem: as creches. Dobramos o número de vagas. O que aconteceu: a demanda cresceu mais ainda e temos que atendê-la com qualidade.

revistapontocom – Como ‘anda’ a relação das secretarias municipais de Educação do país com as universidades, com as faculdades de Educação?
Claudia Costin – A universidade no Brasil está muito distante das redes. Nós produzimos muitos dados, mas poucos são trabalhados, pesquisados e investigados pelas universidades. Precisa haver uma relação menos desconfiada. Podemos e devemos ampliar o diálogo.

revistapontocom –  Como a senhora avalia o Plano de Carreira da categoria e o salário base?
Claudia Costin – Acho que é necessário construir um novo Plano de Carreira. Na média, é superior ao de várias partes do Brasil. Mas, sim, precisa de um novo Plano. Este seria outro desafio importante que vamos enfrentar, caso o governo seja reeleito. Todo administrador tem que olhar com muito cuidado, pois se trata de uma rede gigantesca. Inclusive para aperfeiçoar elementos da proposta atual. O salário do professor do município do Rio parece muito baixo, mas a carga horária é baixa, são 16 horas. Se você considerar um professor de 40 horas, na metade da carreira, com todos os direitos incluídos, ele ganha em média R$ 5.200,00. É ideal? Não. Mas é muito superior a média nacional. É importante que o salário inicial seja atraente. É importante organizar isso tudo.

revistapontocom – Em entrevista à revistapontocom, diretores de faculdades de educação do Rio destacaram que sua gestão aposta bastante na avaliação da rede – o que é importante segundo eles – mas que deixa de lado a política pedagógica. A senhora concorda?
Claudia Costin – Eu não concordo. Estava [a avaliação] tão em desuso que choca quando a gente organiza. França, Finlândia, Coreia e tantos outros países têm avaliação. E não é bimestral não, é mensal. A questão é que a nossa avaliação é unificada. Os bons professores da rede davam provas mensais, alguns até quinzenais, antes da minha chegada. O que nós fizemos foi estabelecer provas bimestrais. É um pouco, acredito eu, de espanto de uma retomada de uma prática que fazia parte, por exemplo, da dita boa escola do passado. Achamos importante, sim, esta avaliação e uma avaliação unificada para que cada diretor perceba a sua escola frente à média da rede. Mas não focamos apenas nas avaliações. Introduzimos a disciplina de arte e inglês desde o 1º ano e não há prova alguma. Colocamos ênfase no projeto de vida do aluno, há o trabalho do projeto Educopédia, colocamos salas de música nas escolas, enfatizamos a Educação Física, trabalhamos os valores olímpicos etc. Há uma série de projetos que não aparece na mídia, mas que, no entanto, são fundamentais para o processo formativo do aluno. Mas esse espanto é natural. É o espanto do novo, bem de algo que não é tão novo, mas que é essencial para que se tenham instrumentos para agir. Talvez, algumas escolas olharam para isso e mobilizaram muitas energias contra, pois não tinham o hábito de avaliar. Hoje a vida cultural das crianças, por exemplo, é muito mais intensa do que antes. Mas agora há ensino com base no currículo, uma verificação se a criança está aprendendo e um reforço escolar.

revistapontocom – Outra crítica vem do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). O Sepe destaca que a atual gestão fez uma série de parcerias retirando recursos públicos da Educação, da escola, repassando para a iniciativa privada, tirando a autonomia do professor.
Claudia Costin – Não concordo. Usamos o cadastro de tecnologias educacionais, certificado pelo MEC, para a escolha das parcerias. Seria hoje vergonhoso se o Sepe informasse que a cidade tem 28 mil analfabetos funcionais. Reivindicação que não estava na agenda do sindicato. Nós não tínhamos determinados saberes organizados de como realfabetizar e corrigir a defasagem idade/série. Faria tudo de novo. Nenhum professor de fora veio dar aula. Nossas parcerias foram feitas com ONGs, fundações e instituições reconhecidas. Não foram Organizações Sociais. Parcerias foram firmadas como aconteceram em gestões anteriores, como acontece em vários municípios e estados brasileiros. Chamaria de novo o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Roberto Marinho. Fizeram um ótimo trabalho e foram muito elogiados pelos professores da rede. Capacitar nossos professores, por meio de universidades e fundações, é muito bom. Internaliza e socializa conhecimento. As boas organizações fazem isso.

revistapontocom – Sua gestão vem ‘ganhando’ a simpatia e a adesão dos professores?
Claudia Costin – A nossa meta não é conquistar, é trabalhar junto. Sinto que há um diálogo muito mais forte. Temos um conselho de professores. Eu fico no twitter três horas por dia, dialogando com os professores, tirando dúvidas, ouvindo críticas, compartilhando experiências boas. Tenho cerca de 40 mil seguidores. Meu e-mail é aberto a todos os professores. Visito pessoalmente as escolas. Acho que hoje os professores e a secretaria trabalham juntos. Basta ver como as escolas mobilizam. Todos os professores devem ter uma crítica aqui um elogio ali. Mas é um trabalho em conjunto.

revistapontocom – O prefeito Eduardo Paes sendo reeleito, a senhora continua no cargo?
Claudia Costin – Isso é uma decisão que cabe ao prefeito. Mas ele já me fez o convite. Disse que numa eventual reeleição, eu aceito. Ainda gostaria de construir mais um pedaço deste processo. E mais do que isso: estou vivendo uma intensa paixão. Viver este processo é o maior presente que ganhei na minha vida. Ele é perfeito? Não. É um processo de avanços, acertos e recuos. Mas é um processo de intensa paixão. Meu sonho é que toda criança aprenda, se desenvolva bem e esteja habilitada para construir o seu futuro.

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