Otavio Leite e seu projeto de Educação

Educação: o que eu quero para minha cidade? Este é o slogan da campanha da revistapontocom.Conheça a proposta e participe. Abaixo, você confere a entrevista concedida pelo candidato Otavio Leite à Prefeitura do Rio.

As entrevistas aqui publicadas não traduzem a opinião da revistapontocom. Sua publicação obedece ao propósito de promover o debate da política pública municipal de educação, no Brasil, com ênfase no Rio de Janeiro, e de refletir as diversas tendências de pensamento. O espaço está aberto a todos os interessados em se manifestar.

Por Marcus Tavares

revistapontocom – Como o senhor avalia a qualidade da educação pública no município do Rio?
Otavio Leite Há muitas falhas na Educação do município do Rio. O modelo que se adota hoje, embora procure corrigi-las, no fundo, acaba por reproduzir as precariedades estruturais da Educação, que começa na alfabetização. Isso não acontecendo gera um adicional de custo e energia para recuperar o tempo perdido. A nossa proposta vai romper com esta forma de agir na Educação, com esse paradigma. Queremos começar essencialmente do inicio, com qualidade. Educação infantil é o foco prioritário das nossas preocupações. Se funcionar ali, o que vem depois não terá tantos problemas. Temos, hoje, uma secretaria que gasta muito com diagnósticos, com algo que todo mundo já sabe, e que procura tapar buracos, promovendo remendos para tentar ajustar o sistema. No fundo, esta secretaria municipal de Educação acaba por dar continuidade àquilo que, na sua essência, ainda esta precário. A Educação do Rio só vai funcionar quando a Educação Infantil for de alta qualidade. Nós temos um caminho para isso. O fato é: carecemos de ousadia na Educação. É da base que a pirâmide se constrói. No fundo, é preciso romper com essas características e implantar algo que signifique a semente da solução definitiva. É obvio que sempre haverá necessidade de ajustes, de salas de reforços, de programas de aceleração. Mas é preciso, na base, fazer com que o processo pedagógico funcione com qualidade, com sustância.

revistapontocom – Quais são os dez desafios da educação pública municipal do Rio?
Otavio Leite – 1º) Fazer com que o processo de alfabetização funcione; 2º) Universalizar o atendimento no pré-escolar; 3º) Promover a Educação Especial. Temos que respeitar a individualidade de cada aluno e a opinião dos pais. A inclusão é necessária, mas só quando for possível. E onde não for possível, todo o apoio deve ser dado para que o aluno se desenvolva. O que queremos é que todos os alunos tenham autonomia, independência. Jamais adotaremos uma política de inclusão a fórceps, como este atual Governo tentou fazer, o que resultou numa ação equivocada. Faremos a inclusão onde for possível. É preciso transformar o Instituto Helena Antipoff num grande centro de referência de pedagogia especial; 4º) Estabelecer um Plano de cargos e salários para o magistério, privilegiando a formação pedagógica e continuada; 5º) Alterar o mecanismo contábil do Fundeb, para colocar novos R$ 500 milhões por ano na Educação; 6º) Introduzir a Educação Física por profissionais da área, o que trará resultados formidáveis do ponto de vista pedagógico e da saúde das crianças; 7º) Abrir as escolas no final de semana, gradualmente, para incorporar as famílias; 8º) Instituir um contra turno para atividades culturais e de acompanhamento das tarefas de casa dos alunos; 9º) Tornar real, para todos os alunos, o acesso à web, uma exigência do nosso tempo. Sou a favor de que cada aluno tenha o seu Ipad e sua escola, o seu centro de informática. Faremos parcerias com as lan houses para que trabalhem com as escolas; 10º) Aproximar os jovens das atividades culturais. Não há Educação sem cultura. Tudo o que for potencial artístico – teatro, cinema, música, literatura – será turbinado pela Prefeitura do Rio.

revistapontocom – O senhor conhece o dia a dia das escolas municipais e de seus professores?
Otavio Leite Lógico que conheço. Aliás, toda a nossa proposta de governo, no âmbito da Educação, é produto de inúmeras conversas com professores, acadêmicos, pessoas informadas e, sobretudo, com os professores que estão na ponta do processo, na sala de aula. Professores que sabem que não têm condições de segurar a barra de uma sala de aula inchada, com 20 e 25 alunos.

revistapontocom – Qual é a proposta de sua campanha para a área da Educação? Existe algum documento? Podemos ter acesso?
Otavio Leite Em resumo: no que se refere às crianças do zero aos três anos é preciso universalizar a creche. Temos uma carência muito grande de vagas. Na verdade, estimamos algo em torno de 80 mil vagas necessárias. Nascem 75 mil crianças por ano. Queremos 280 mil crianças, entre zero e três anos, nas creches. A oferta de vagas ainda é precária, mesmo considerando as opções que são oferecidas. Com relação às crianças dos quatro aos cinco anos, entendemos que o pré-escolar é uma etapa indispensável e que já tem que estar sendo executada com muito conteúdo pedagógico. É preciso trabalhar as habilidades, as percepções cognitivas. Metade das crianças com idade de quatro e cinco anos está fora da escola. Em terceiro lugar, queremos colocar dois professores em cada sala de aula da alfabetização. Uma vez que esse processo seja executado de forma consistente, a criança será alfabetizada e não será uma criança problema, mas uma criança solução. Dois professores em sala de aula. Faremos imediatamente um concurso público para preencher duas mil novas vagas, para professores lotados na alfabetização. Nesta linha de partida para a estrada da vida – a alfabetização – o poder público não pode deixar de cumprir seu papel. Se corrigirmos a roda a partir da base, estaremos plantando as raízes de muitos frutos que virão pela frente. Esta é uma proposta concreta. O custo adicional é da ordem de R$ 36 milhões por ano. Isso não é nada em relação ao orçamento da secretaria municipal de Educação. É preciso agir. Nossa proposta está no site da campanha.

revistapontocom – Se eleito, o que é possível ser feito em curto prazo? Há alguma prioridade?
Otavio Leite O concurso público para os dois mil novos professores lotados no 1º ano da alfabetização. Isso é estrutural. Isso mexe. Isso é novidade. Isso é oferecer um horizonte promissor para a Educação.

revistapontocom – O que está sendo realizado pela atual gestão da secretaria municipal de Educação que merece ter continuidade? O que é preciso mudar de imediato?
Otavio Leite Não é novidade o trabalho de aceleração de aprendizagem. Acho que é necessário prosseguir. Só que queremos introduzir também a aceleração para os alunos que também estão com bom rendimento. Ou seja: queremos criar um programa de aceleração para os que têm aptidão por uma determinada área do conhecimento. É uma falha de nossa cultura acadêmica só voltar os olhos para os que não estão bem. É preciso identificar os potenciais e potencializá-los. O que é preciso mudar de imediato? Fazer com que todos os alunos realizem a prova do IDEB. A atual gestão esconde e proíbe alunos com notas ruins de fazer o exame. Isso está errado. Os números têm de ser mostrados de maneira transparente.

revistapontocom – Pode-se dizer que a educação será prioridade em seu governo? Como um prefeito pode, de fato, torná-la prioritária entre tantas demandas?
Otavio Leite Só acredito numa sociedade mais justa, mas igual, menos violenta através de uma estrada que se chama Educação. Educação somada ao desenvolvimento econômico é a química que pavimenta um amanhã melhor para a sociedade. Os fundamentos que me animam são de natureza ideológica. Não estou tomando como base pesquisas, mas minha visão de mundo. Partindo daí, posso assegurar o meu compromisso total de fidelidade a esta prioridade. Vamos fazer uma verdadeira cruzada em prol da educação, uma nova direção, apostando todas as fichas. Toda semana estarei nas escolas, visitando, conversando com professores. Será pauta permanente da minha agenda.

revistapontocom – Por que professores, funcionários, estudantes e suas famílias deveriam votar no senhor para prefeito?
Otavio Leite Porque a escola, em minha gestão, será muito prestigiada. Eles terão um prefeito que compreende a Educação como algo prioritário, que respeitará as reivindicações legítimas e que, de maneira muito transparente, negociará os avanços salariais e o desenvolvimento da formação dos professores. Os profissionais terão essa tranquilidade.

revistapontocom – Se eleito, que perfil de secretário de educação o senhor buscaria? O senhor já tem alguns nomes?
Otavio Leite Será alguém da rede. Vou governar com pessoas escolhidas entre as melhores cabeças do Rio de Janeiro. Não tenho um nome, mas esteja certo que vai brotar da rede municipal. Meu programa de governo para a Educação tem a chancela de vários nomes, por exemplo do senador Cristóvão Buarque. Ele endossa o nosso programa. Estabeleci um caminho e fui consultar alguns bambas da área. O projeto está bem construído.

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