Por Marcus Tavares
Professora da Universidade do Tocantins, Darlene Teixeira Castro defende o uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem no dia a dia da escola. Segundo ela, é a oportunidade que o professor tem de perceber que o processo de ensinar e aprender, neste contexto, é norteado pela autonomia e pela construção do conhecimento. “A interação mediada pela web é um novo meio de construir relações, de identificar simbolicamente grupos, de simular movimentos e atitudes e de transformar a construção do conhecimento”, afirma.
Doutora em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Darlene avisa que o primeiro passo para se trabalhar com os ambientes virtuais é capacitar os professores tecnologicamente e depois “instruí-los no uso didático-pedagógico desses recursos em sala de aula, respeitando a realidade em que estão inseridos”.
Em conjunto com a professora Kyldes Batista Vicente, Darlene escreveu o artigo Educação e tecnologia como fatores essenciais para a interação nas redes sociais, que foi publicado no livro Educomunicação, redes sociais e interatividade (Leitura Crítica). No artigo, ela afirma: “Aprender a aprender, no contexto tecnológico, não é simples, pois selecionar as informações disponíveis e relevantes para determinado contexto, levar os alunos à reflexão sobre uma situação-problema e escolher a melhor forma de resolução são apenas o pontapé inicial para se conviver com as Tecnologias de Informação e Comunicação”.
Acompanhe a entrevista concedida pela professora à revistapontocom:
revistapontocom – Na atualidade dos grandes centros urbanos, que tipos de Ambientes Virtuais de Aprendizagem os professores poderiam trabalhar com seus alunos? As redes sociais, como o Facebook, são boas alternativas?
Darlene Teixeira Castro – Para que a aprendizagem seja consolidada por meio dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), é necessário que esses ambientes sejam “amigáveis”. Isso significa já serem conhecidos, usados pelos “usuários-alunos”. Isso quer dizer que o professor não precisa “criar” essa ou aquela plataforma. Ele deve se apropriar do que já é conhecido pelos jovens-alunos. Um exemplo, sim, é o Facebook, que já está bem difundido. O desafio é criar boas estratégias de utilização das redes sociais, de forma que possam se tornar objetos de aprendizagem para professores e alunos.
revistapontocom – Quais são os pontos positivos ao se trabalhar com estes ambientes?
Darlene Teixeira Castro – Uma das vantagens de se trabalhar com os AVA é que o professor, ao elaborar as suas estratégias pedagógicas, pode perceber que os processos de aprendizagem acabam tendo como eixo norteador a autonomia e a construção do conhecimento pelo indivíduo, que é convidado a participar da rede e ampliar o seu mundo rumo à aprendizagem colaborativa. A interação mediada pela web é um novo meio de construir relações, de identificar simbolicamente grupos, de simular movimentos e atitudes e de transformar a construção do conhecimento.
revistapontocom – Mas o que o professor deve levar em conta neste tipo de trabalho?
Darlene Teixeira Castro – Para que possamos entender o potencial das redes sociais e suas possibilidades de interatividade, devemos considerá-los muito mais do que um simples conjunto de endereços eletrônicos com diferentes ferramentas de interatividade e de realidade virtual. A implantação e a criação de um espaço de compartilhamento, seja ele um blog, o Facebook ou Twittter, transformam e ampliam os espaços de interação entre professor-conteúdo-aluno e, consequentemente, ensinam os alunos a viverem e conviverem na chamada sociedade em rede. É preciso levar em conta esta questão.
revistapontocom – Portanto, uma nova forma de ensinar e aprender?
Darlene Teixeira Castro – O ensinar e o aprender são vivenciados por professores e alunos rumo à construção do conhecimento, partilhado entre todos os membros da comunidade criada por meio da rede. O mais interessante são as possibilidades que podem ser criadas entre as disciplinas e conteúdos a serem abordados, utilizando uma linguagem contemporânea e já consolidada pelos alunos. Assim, é bem mais fácil fazer com que eles se envolvam e participem das atividades propostas.
revistapontocom – O uso do AVA é um caminho sem volta?
Darlene Teixeira Castro – A interação mediada pela web é um meio de construir relações, de identificar simbolicamente grupos, de simular movimentos e atitudes e de transformar a construção do conhecimento. Neste sentido, é importante que a formação docente propicie um ambiente escolar em que os professores sejam estimulados e capacitados a proporcionar ambientes favoráveis de aprendizagem e promover caminhos, estratégias e métodos rumo à criatividade e dinamismo das suas ações pedagógicas. Assim podemos compreender que o primeiro passo é capacitar os professores tecnologicamente e depois instruí-los no uso didático-pedagógico desses recursos em sala de aula, respeitando a realidade em que estão inseridos. Além disso, quando falamos em ambiente on-line, é importante compreendermos que construir espaços de formação on-line constitui um desafio que não se limita à simples disponibilização de conteúdos no ambiente ou na plataforma. Deve haver, acima de tudo, interação e experimentação. A ideia é a colaboração entre os pares, com a exposição de ideias, dúvidas e sugestões. E para que isso de fato aconteça o professor deve ser estimulado e capacitado pela equipe gestora, principalmente porque estamos lidando com a geração de “nativos digitais”.
revistapontocom – Você poderia indicar algum exemplo de uso do AVA na sala de aula?
Darlene Teixeira Castro – Várias experiências já foram citadas em relatos de entrevista/artigos científicos, com o uso do Facebook ou do Twitter, por exemplo, como estratégias de aprendizagem. Podemos destacar alguns passos que o Instituto Claro disponibiliza em seu site. Mas é preciso alertar que não há receitas prontas. Cabe ao professor verificar a melhor estratégia de acordo com a turma, o contexto social em que está inserido, a disciplina que ministra. Enfim, o mais importante é criar possibilidades de aprendizagem que envolvam a turma de forma que a construção do conhecimento possa ser coletiva.