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Midiaeducação em debate

"Na sociedade atual, para além da escola, existem outros espaços de aprendizagem que não são instâncias opostas e contraditórias a ela", destaca Anna Helena Altenfelder.

“Na sociedade atual,  para além da escola, existem outros espaços de aprendizagem que não são instâncias opostas e contraditórias a ela”, destaca Anna Helena Altenfelder.

Por Marcus Tavares

O que é midiaeducação? Um conceito? Uma ideia? A sua grafia escrita junta ou separada traduz algum significado? Existiria outro termo que definiria melhor a interface entre a educação e a mídia? Trata-se de um novo campo de estudo?

A revistapontocom dá prosseguimento esta semana a publicação da primeira parte do Dossiê midiaeducação, na qual publica entrevistas com professores, estudiosos e pesquisadores sobre o tema. A cada semana, pelos próximos três meses, uma nova entrevista. Um novo olhar. Uma nova perspectiva sobre a interface mídia e educação.

Para a OSCIP Planetapontocom, midiaeducação é um conceito que se traduz em um trabalho educativo sobre os meios, com os meios e através dos meios. Sobre os meios, refere-se ao estudo e análise dos conteúdos presentes nos diferentes meios e suas linguagens. Com os meios, trata-se  do uso dos meios e suas linguagens como ferramenta de apoio às atividades didáticas. E através dos meios, diz respeito a produção de conteúdos curriculares para e com os meios, em sala de aula e, também, a educação a distância ou virtual, quando o meio se transforma no ambiente em que os processos de ensino-aprendizagem ocorrem.

Afonso Albuquerque, Paulo Carrano, Ismar de Oliveira, Regina de Assis, Rosália Duarte, Eduardo Monteiro, Inês Vitorino, Mônica Fantini, Gilka Girardello, Rita Ribes, Nilda Alves, Guaracira Gouvêia e Inês Vitorino são alguns dos nossos convidados/entrevistados da série. Nesta semana, você confere a entrevista com Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos em Pesquisa Educação e Ação Comunitária (Cenpec).

Ela polemiza e destaca que, talvez, a interface entre midiaeducação pode ser chamada, objetivamente, pela expressão cultura digital. O que você acha? Lembre-se, leitor, você também pode participar desta série, enviando sua dúvida, comentário ou relato de experiência.

Acompanhe:

revistapontocom – Como podemos definir o conceito de midiaeducação?
Anna Helena Altenfelder – O conceito midiaeducação surge para discutir, revelar as relações entre dois fenômenos sociais: educação e mídia. Na verdade, à medida que as mídias se multiplicam em diversidade e intensidade,  tomando  um espaço cada vez maior na vida da pessoas e nas diferentes esferas de atividade humana, faz-se necessário pensar quais as relações que estas mídias estabelecem com a educação das novas gerações. É preciso ter clareza de que não é mais possível pensar educação e escola sem considerar as possibilidades oferecidas pelas diferentes mídias, bem como as profundas modificações advindas delas nas diferentes esferas sociais. Esse é um desafio do nosso tempo e, embora avanços tenham sido feitos, como educadores, ainda temos muito que caminhar nessa direção.

revistapontocom – De onde surgiu este conceito?
Anna Helena Altenfelder – Este conceito, aliás como todos os outros, não surgem por si só, mas, sim, para ilustrar ou explicar um dado fenômeno social, ou seja é a própria realidade que mobiliza a necessidade de se criar um conceito que possibilite uma reflexão teórica-prática sobre o tema para embasar e dar parâmetros de ação para a prática educativa.

revistapontocom – Qual é o objetivo da midiaeducação?
Anna Helena Altenfelder – O objetivo é pensar de que forma a mídia ou melhor as diferentes mídias afetam as formas de pensar, sentir e agir dos sujeitos, criando uma reflexão crítica sobre a questão.

revistapontocom – Midiaeducação é a forma mais correta de nomear este conceito?
Anna Helena Altenfelder – Como ainda é um conceito em construção, são várias os termos usados. Na verdade, penso que ainda é preciso uma revisão crítica destes termos. Uma revisão que ultrapasse as simples questões semânticas e contemple questões mais amplas sobre visão de mundo, de homem, papel social da mídia e da educação. Ultimamente, o termo cultura digital tem sido usado e me parece interessante. Primeiro por que tanto a mídia quanto a educação são processos e produtos sociais, portanto estamos falando de cultura produzida nas e pelas interações sociais. O adjetivo digital me parece adequado,  no momento, para sinalizar a predominância dos meios digitais no contexto atual.

revistapontocom – Qual é o papel da educação e de seus profissionais nesta relação?
Anna Helena Altenfelder – Na verdade, o processo educativo tem em seu âmago a contradição de ser conservador e, ao mesmo tempo, trazer a possibilidade da transformação. Assim é preciso pensar em uma visão crítica, ou seja, um processo educacional que se identifica com os interesses da maioria da população e que, portanto, tem sua legitimidade ao  caminhar para a construção da cidadania. Nesta direção, entendemos que a escola, em uma sociedade democrática, é a responsável por garantir que as gerações mais jovens tenham a oportunidade de se apropriarem dos instrumentos culturais básicos (as diferentes mídias entre eles)  que permitem compreender a realidade social e promover o seu desenvolvimento. A educação  tem como objetivo último a transmissão de conhecimentos, com sentidos e significados para os alunos, de modo que possam se apropriar dos mesmos e, então, compreender e intervir em sua realidade social.

revistapontocom – Qual é o papel da mídia e de seus profissionais?
Anna Helena Altenfelder – Na sociedade atual,  para além da escola, existem outros espaços de aprendizagem que não são instâncias opostas e contraditórias a ela, mas que, muito pelo contrário, podem compor e complementar a educação escolar, assim a mídia e seus profissionais, assim como outros profissionais de diferentes esferas sociais. Os profissionais da mídia precisam ter claramente a responsabilidade que têm na formação das novas gerações. Devem se perguntar que mundo e que país querem construir e como seu trabalho pode ou não influenciar este futuro. Devem ter uma maior consciência sobre seu papel, o que demanda  um olhar mais crítico sobre seu saber e fazer.

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