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Em busca da inovação

Entrevista com o diretor-executivo do Centro Universitário Celso Lisboa, Alexandre Mathias. Em pauta: a reestruturação da entidade.

Por Marcus Tavares

No competitivo mercado do Ensino Superior privado brasileiro, como é possível aliar o interesse dos estudantes, a adesão do corpo docente, as parcerias com o mercado e a formação tanto profissional e intelectual? Gestão, prudência, responsabilidade social e boa dose de inovação. Pelo menos é assim que o Centro Universitário Celso Lisboa vem se solidificando nos últimos anos. Com 42 anos de existência e, hoje, oferecendo 14 cursos de graduação e seis na pós-graduação, o centro vem crescendo não apenas em números, mas em qualidade, com o objetivo de se tornar referência no ensino de saúde e bem estar. Como afirma o diretor executivo, Alexandre Mathias, transformando-se “na melhor escola da Zona Norte do Rio”.

Para alcançar tal meta, não faltam esforços. Depois de uma recente reestruturação administrativa, a instituição investe agora numa reformulação metodológica do ensino, construída em conjunto com os professores, visando à constituição de profissionais – docentes e discentes – competentes e seguros para atuar no mercado. Profissionais também, e acima de tudo, autônomos, críticos e empreendedores. “É o jeito Celso de ser, de fazer, de promover e de investir. Estamos trabalhando para isso. Foi, inclusive, com este foco que, no início deste ano, a instituição lançou o projeto Transformação 3.0, em parceria com o planetapontocom”, afirma Mathias.

Em entrevista à revistapontocom, o diretor executivo conta detalhes do projeto, divulga outros planos da instituição, analisa o mercado educacional do Ensino Superior e relembra a trajetória da instituição.

Acompanhe:

revistapontocom – Em meio a um competitivo mercado de Ensino Superior privado brasileiro, onde muitas instituições enfrentam, inclusive, dificuldades de gestão, onde encontra-se o Centro Universitário Celso Lisboa?
Alexandre Mathias – Estamos numa situação bem equilibrada. Desde o segundo semestre de 2010, a instituição está sendo gerenciada pela Comatrix, empresa de gestão empresarial, que trouxe um olhar mais profissional para a unidade. O cenário do Ensino Superior particular brasileiro mudou. As instituições há algumas décadas tinham muito mais demanda do que oferta, mais estudantes do que vagas. Mas nos anos 90, essa realidade começou a inverter. O mercado começou a oferecer mais vagas do que a demanda que existia. Algumas instituições perceberam o novo cenário e enxergaram que era preciso assumir um processo de atuação comercial, de captação de estudantes. O jogo havia mudado, embora muitas instituições ainda tivessem – e ainda tenham – certo preconceito em ‘vender educação’. Foi exatamente este preconceito, essa falta de gestão empresarial, que levou algumas a enfrentarem problemas financeiros. Vivemos, hoje, um cenário bastante complexo. De um lado, aumento da oferta de vagas e estabilização da demanda, da procura. De outro: um despreparo de gestão empresarial. Soma-se a isto um marco regulatório, trazido pelo Ministério da Educação (MEC), que estabelece regras e normas para um setor que era bastante complexo. Era de fato um setor de concessões, de muitas entidades filantrópicas, geridas por famílias. Se pegarmos a história, veremos que muitos fundadores destas instituições ou eram políticos ou educadores, com pouco olhar profissional. Um cenário bem característico do contexto da cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, esta é a história do próprio Centro Universitário Celso Lisboa. A diferença é que as mantenedoras, Karina Lisboa e Ana Carolina Lisboa, que herdaram a instituição, tiveram a visão e a coragem de tentar reverter este processo. Já no primeiro ano de trabalho, junto à Comatrix, foi possível recuperar administrativamente e financeiramente a instituição que passava dificuldades. Hoje, a situação é saudável, o que nos permite então pensar no futuro, em questões que são, de fato, relevantes para a perpetuidade de uma instituição de Ensino Superior: investir no desenvolvimento do corpo docente, envolvendo-o na gestão, e atender da melhor forma possível os estudantes. Este é o nosso foco há um ano. Funcionamos num só campus, localizado em Sampaio, Zona Norte do Rio. São 14 mil m², com uma capacidade para atender sete mil estudantes. Contamos hoje com 4,5 mil alunos. Ou seja: temos um grande potencial para crescer, mas faremos isso de forma consciente, não atabalhoada, para que o nosso trabalho tenha perpetuidade e os processos funcionem adequadamente.

revistapontocom – Como se deu, na prática, este processo de reestruturação administrativa/financeira?
Alexandre Mathias – A Comatrix trouxe um olhar de gestão, controle, planejamento e governança. Trouxemos para o centro as melhores práticas de gestão que são possíveis de serem implantadas em empresas, sejam com ou sem finalidades educativas. São modelos de gestão que vêm sendo aplicados no mercado. A Celso Lisboa é, hoje, uma empresa que tem uma modelagem, tem um modelo de gestão implementado que traz resultados positivos para a sustentabilidade da própria empresa.

revistapontocom – Isso envolve também a área acadêmica?
Alexandre Mathias – Na área acadêmica, começamos a transformação há cerca de um ano. Fizemos uma revisão de todos os cursos, de todas as grades, com o objetivo de unificar os currículos. Ao mesmo tempo, fomos ouvir o mercado no sentido de perceber que profissional as empresas estão buscando. Investimos também nos processos internos com o objetivo de atender os requisitos regulatórios do Ensino Superior, muitas vezes desafiadores para uma instituição pequena/média como a nossa. Isso envolve, por exemplo, um número de professores, a titulação do corpo docente, o estabelecimento do Núcleo Docente Estruturante (NDE). Aos poucos, vamos avançado neste sentido. Temos buscado também, em outra ponta, qualificar a infraestrutura da unidade, renovando a biblioteca e os laboratórios, bem como estabelecendo parcerias estratégicas. O curso de Estética e Cosmética tem um trabalho integrado com a Matriz, marca do grupo L’Oreal, líder em produtos capilares profissionais. Temos um salão de beleza no nosso campus para as aulas práticas.  Firmamos uma parceria entre a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e o curso de Educação Física, onde os alunos também têm aulas práticas na Escolinha de Futebol do Flamengo. Acabamos de fechar outra parceria com a Mangueira do Amanhã, por meio do qual nossos alunos de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Psicologia acompanharão o dia a dia das crianças e adolescentes que treinam no espaço. E na área da saúde, estamos assinando um convênio provavelmente com a Santa Casa para a instituição se tornar o nosso hospital escola. Como um segundo grande movimento, investimos também, em paralelo, na recepção/acolhimento do corpo discente. Sabemos que o nosso aluno tem dificuldades de aprendizagem. Ele chega aos cursos com deficiências. Não adianta reclamarmos. Nosso desafio é ajudá-lo nesta chegada e fazer com que o processo de ensino e aprendizagem seja o menos traumático possível, para que ele consiga superar os possíveis entraves. Creio que a dificuldade de aprendizagem é o grande responsável pela evasão no Ensino Superior. Neste sentido, as instituições não podem se afastar dos estudantes.

revistapontocom – Qual foi a solução encontrada?
Alexandre Mathias – Criamos um projeto de acolhimento. Para ingressar em nossa instituição, o interessado faz uma prova que chamamos de assessment. Por meio dela, temos uma noção das dificuldades que o estudante tem nas áreas de Língua Portuguesa, raciocínio lógico e informática, que são, para nós, as ferramentas chaves para um bom rendimento, desempenho no Ensino Superior. Ao ingressar na instituição, o aluno então tem acesso a um conjunto de oficinas que os ajuda nestes conteúdos. São oficinas que funcionam à distância e presencialmente. São totalmente gratuitas e oferecidas antes mesmo que o estudante inicie o primeiro semestre do curso. Implantamos esta estratégia no início do ano letivo de 2012. Já podemos observar mudanças. Os alunos que passaram pelas oficinas têm um rendimento maior daqueles que não frequentaram. Mas não é só isso. Além das oficinas, oferecemos também as disciplinas de reforço e um programa de monitoria. Identificamos nos cursos um conjunto de disciplinas que reprova mais do que as outras. Para estas, oferecemos aulas de reforço e o apoio dos monitores. As aulas acontecem regularmente durante o semestre. São mudanças e atividades propostas que têm muito a ver com nossa cultura, como nosso corpo discente, que em alguns casos está muito tempo longe dos estudos. Procuramos achar o nosso jeito Celso de ser, de fazer, de promover e de investir.

revistapontocom – É daí que surge o projeto Transformação 3.0?
Alexandre Mathias – Sim. Para complementar todo esse processo, criamos o programa Transformação 3.0, que visa à transformação da área da didática para criar um jeito Celso Lisboa de acolher o aluno, de cuidar do aluno e de fazer o processo de transformação deste aluno. O programa envolve todos os funcionários da instituição, sem exceção. Da área administrativa à acadêmica. É este projeto que está sendo trabalhado em parceria com o planetapontocom e que já traz frutos positivos, direto e indiretos.

revistapontocom – Por exemplo?
Alexandre Mathias – Conseguimos montar uma matriz de competências do corpo docente e administrativo, a partir da qual vamos trabalhar o desenvolvimento de cada profissional, com um olhar de transdisciplinaridade e de mídia e educação, na perspectiva de nos colocarmos no lugar do aluno para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. Acreditamos e investimos muito no trabalho da educação por evidência. Isto vale para qualquer tipo de educação, mas para o nosso corpo discente é uma necessidade. O que ensinamos na sala de aula tem que ter a ver, tem que fazer sentido, com a realidade de vida do aluno. Caso contrário, ele não consegue estabelecer pontes. Estamos, neste sentido, usando os recursos da mídia e educação para fazer estes links. Todo este processo está sendo elaborado, produzido com os professores. É uma construção coletiva de um novo jeito de ensinar e aprender no Ensino Superior, de uma nova metodologia e competência. Nada é imposto, mas construído. Não conheço instituição de Ensino Superior que esteja fazendo isso. Trata-se de um legado que ficará para sempre com a instituição no sentido de envolver o corpo docente nesta construção de forma ativa, ouvindo e dialogando. O retorno tem sido bem bacana.

revistapontocom – Isto é o que significa inovação para o Celso Lisboa?
Alexandre Mathias – Sem dúvida. Estamos tentando inovar. E essa inovação é bastante corajosa. Sabemos onde queremos chegar, mas às vezes, não o caminho. E isto tem uma grande vantagem: torna o processo mais desafiador e ao mesmo tempo envolvente. Com este projeto estamos trabalhando com os professores, mas o foco são os estudantes. Os estudantes de um novo Ensino Superior brasileiro que não é mais de elite. A fotografia do Ensino Superior é outra. Com receio de errar, arrisco dizer que 45% dos estudantes que estão no Ensino Superior recebem de meio a um salário mínimo e meio por mês. Há muitos que se encontram para baixo desta faixa e poucos acima. A realidade é diferente de décadas anteriores. Fico assustado ao perceber que alguns professores não têm este tipo de informação, que não entendem esta nova realidade e o novo papel que têm neste cenário. Muitos fazem mestrado/doutorado e dão aulas como se fosse para seu colega de turma da pós-graduação. É outro momento. Portanto, é preciso envolvê-los. O professor é, sim, a peça chave neste, e em qualquer outro, processo de transformação. Acho que o professor nunca foi tão importante no atual cenário brasileiro. Temos hoje a desafiadora tarefa de transformar milhões de pessoas. Precisamos ampliar o acesso ao Ensino Superior. Sete milhões é um número pequeno. É preciso formar mais pessoas e melhor. Vivemos hoje um problema de qualificação da mão de obra, não de emprego. Neste sentido, temos que encontrar, promover e aplicar soluções para qualificar tanto os professores quanto o ensino e consequentemente os estudantes. Cabe a nós, gestores destas áreas, trabalhar com este objetivo. Perdemos o estudante no Ensino Médio e continuamos perdendo no Ensino Superior, repetindo os mesmos erros. A inovação, no meu entendimento, é quebrar padrões, metodologias. É ter vontade de fazer melhor e diferente. É buscar o diálogo, pessoas dispostas a navegar, às vezes no escuro, e a correr riscos com a meta de acertar e promover mudanças positivas.

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Rabeek
10 anos atrás

Mas talvez, o prfosseor de filosofia fosse apenas um prfosseor de filosofia. Talvez, em todas as suas aulas, sf3 apresentasse teorias de outros filosofos, e depois de sair da sala de aula esqueceria filosofia e deixasse sua mente e sua curiosidade descansando. Claro, uma generalizae7e3o, pois ne3o sabem se o homem e9 de fato, apenas um prfosseor, e ne3o algue9m que vive a filosofia.

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