Ciência premiada


Por Marcus Tavares

No início de setembro deste ano, o episódio Planeta Molhado da série de TV Detetives da Ciência, produzido pela Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio (MultiRio) ganhou o Prêmio de Melhor Programa de TV da 10ª edição do Festival Internacional de Cine Nueva Mirada para a Infância e Juventude, que acontece na Argentina. O vídeo aborda a necessidade do uso racional da água, seu ciclo e porque ela está se tornando cada vez mais rara.

O objetivo da série de 10 episódios, que teve consultoria do Instituto Ciência Hoje, é apresentar os temas científicos de forma instigante, com uma linguagem que chama a atenção para a relação entre a ciência e a experimentação cotidiana.
A revistapontocom conversou com Miguel Przewodowski, diretor da série. Afinal, como se produz e dirige uma série de TV, sobre ciências, voltada para jovens, que hoje têm acesso a diversas informações sobre qualquer assunto na web? Como conquistar a audiência? Como atrair e instigar?

Mais informações sobre a série, clique aqui e conheça o portal da MultiRio

Acompanhe:

revistapontocom – Qual é o diferencial da série Detetives da Ciência?
Miguel Przewodowski – A série mostra com leveza e diversão como a ciência esta inserida na vida do planeta e no nosso cotidiano. Usa o humor como recurso para informar e fazer com que os jovens percebam que o conhecimento científico não é algo estático e que, com ele, podemos entender e solucionar de forma prazerosa questões complexas da vida, tornando o nosso dia a dia mais criativo.

revistapontocom – Como foi o processo de criação do programa? Ele é voltado para que público?
Miguel Przewodowski – A série foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da área audiovisual, professores e cientistas. Partindo do nome e de argumentos desenvolvidos pela MultiRio, com a consultoria do Instituto Ciência Hoje, sugeri um formato ficcional que tinha como protagonistas a dupla infalível e complementar de jovens extremamente curiosos e inquietos apoiados por seus respectivos núcleos familiares. Foram então convidadas Denise Crispun e Melanie Dimantas, duas roteiristas experientes em roteiros de ficção e particularmente talentosas no diálogo com jovens. A partir de muitos encontros e discussões entre consultores, professores, técnicos e artistas chegamos a dez roteiros que atendiam às nossas expectativas tanto no que dizia respeito ao conteúdo pedagógico e cientifico quanto ao formato propositivo e prazeroso, característico dos programas da MultiRio. A partir daí encontramos, por meio de indicações e testes de elenco, a nossa dupla tão especial de detetives: Sofia Starling e Rheynaldo Ropke Junior. Casal fundamental para o sucesso da série. Série que tem como objetivo principal captar a atenção de jovens e de seus educadores, responsáveis pela utilização da série como uma ferramenta nas salas de aula.

revistapontocom – Como as escolas estão respondendo ao programa?
Miguel Przewodowski – As escolas ainda estão iniciando o uso da série e, por isso, ainda não temos uma avaliação precisa. Antes do lançamento da série na TV, foram feitas exibições dos dois primeiros episódios para turmas de jovens do segundo segmento (do 6º ao 9º anos) e para educadores. A avaliação feita por eles nos entusiasmou bastante principalmente pelo nível das perguntas que suscitaram. Isso nos ajudou a perceber o grau de compreensão e interesse que os programas despertam.

revistapontocom – Como foi o trabalho com a equipe do Ciência Hoje?
Miguel Przewodowski – A parceria com o Instituto Ciência Hoje foi fundamental porque nos respaldou ao longo de todas as etapas da produção da série com uma consultoria qualifica, atualizada e específica de forma ágil e harmônica dos temas específicos tratados em cada episódio.

revistapontocom – O que significa o prêmio do Nueva Mirada?
Miguel Przewodowski – Tanto este prêmio quanto a participação da série em festivais e mostras internacionais significa não só o reconhecimento do trabalho feito pela equipe da MultiRio e do Ciência Hoje, mas também a ampliação do circuito de exibição da série e a sua possível utilização em fronteiras até então inimagináveis. Significa também a possibilidade de encontrar novos parceiros para futuras produções, pois, afinal, entre os que trabalham em prol da educação existem interesses e metas comuns. Eventos como este podem servir para unir forças e viabilizar novos sonhos.

revistapontocom – Qual é o desafio de produzir programas educativos para a televisão?
Miguel Przewodowski – Um programa educativo para ser efetivo não pode subestimar a compreensão e a inteligência de nossos jovens que estão cada vez mais ágeis e sagazes. Ele deve trabalhar para ampliar ainda mais a capacidade de sonhar, refletir, fabular, responder perguntas e solucionar questões próximas ao universo de quem ele pretende educar. Deve respeitar e entender os valores nas diferenças. Isso requer uma compreensão apurada e generosa, um mergulho respeitoso no olhar do outro e na sua forma de ver e viver o mundo. Só assim conseguiremos atingir o público desejado reconhecendo e aproveitando sua potencialidade. Com este comprometimento, é natural que encontremos soluções que tenham como apoio informações fidedignas, que associe ética e estética, que tragam um olhar inquietante e investigativo e que respeitem as diferentes identidades e sejam peças importantes para democratização da informação. Acho que hoje muita gente vem conseguindo produzir levando em consideração estes parâmetros. Na MultiRio, esta é uma condição inicial, uma preocupação constante. Encontrar um formato e um produto final de qualidade a partir de tudo isso requer sempre um trabalho profundo e dedicado de uma equipe afinada e comprometida com os resultados.

revistapontocom – O que um programa educativo nos dias de hoje deve ter para atingir seu público?
Miguel Przewodowski – A capacidade sedutora da mídia deve ser utilizada de forma inteligente e dinâmica considerando a realidade do público alvo. A linguagem deve ser propositiva e entender como tirar proveito da autonomia e da emancipação que o mundo de hoje propõem em termos de informação. Como a ciência, ele deve considerar uma virtude a capacidade de levantar questões sem se preocupar em dar soluções definitivas. Ele deve deixar em cada um uma semente germinada no espírito e na mente, uma possibilidade e um desejo de encontrar na vida – e numa possível futura série – uma continuidade.

Confira os dez episódios:

– Nanomundo
A ciência do ultracompacto possibilita o surgimento de aparelhos cada vez menores e com mais funções. A partir do sedutor aparato tecnológico, podemos desvendar a escala do superpequeno.

– Pequenas e de grande ajuda
O programa explora de que maneira as células-tronco podem ser utilizadas para benefício da saúde, além de falar de conceitos como a origem da vida e o espírito de cooperação.

– Para que me espetar tanto?
Em pauta, as vacinas. Por que é importante tomar vacinas e como elas funcionam nos nossos organismos?

– As formas da natureza
Como medir uma nuvem, a copa de uma árvore ou um órgão humano? Neste programa, vamos ver como a Matemática e a Biologia trabalham juntas nesse sentido.

– Menos fumaça
Pensando no futuro do planeta, os cientistas vêm desenvolvendo combustíveis de origem vegetal (biocombustíveis). Os conceitos de reduzir, reciclar e reutilizar se entrelaçam nessa temática atual.

– Quem mora na gota d’água?
Uma exploração do micromundo da água. Em pauta, como a poluição pode afetar sua qualidade, o passo a passo de seu ciclo e os fatores que fazem com que ela se torne cada vez mais rara.

– Herança genética
O assunto aqui é genética. De maneira lúdica, aprendemos o que a ciência consegue desvendar a partir da análise e manipulação do DNA.

– Alô, alô! Tem alguém aí?
Na pesquisa espacial, o que pode se tornar realidade? Um dia a Lua poderá ser habitada? Existe vida em outros planetas? Perguntas assim são discutidas neste episódio, sobre a Astronomia.

– Que tempo doido!
Mudanças climáticas. Qual a relação dos gases que compõem a atmosfera com a alteração da temperatura em nosso planeta? O que aconteceria na Terra sem os gases de efeito estufa?

– Tudo misturado e em harmonia
Biodiversidade: como as diferentes formas de vida interagem em determinados ecossistemas. O episódio leva à reflexão sobre o impacto que toda uma cadeia sofre com a exclusão de uma espécie.

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virginia palermo
virginia palermo
13 anos atrás

Olha aí, pessoal do Planeta. Alô Marquinhos:
a série Detetives da Ciência ganhou mais um prêmio. Agora foi na Bolívia. O prêmio foi para a série completa: os 10 episódios.
bjs saudosos
Virginia

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