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A mídia pelo Norte e Nordeste

Jô Mazzarolo é jornalista, formada há 30 anos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Há 11 anos, coordena o jornalismo da TV Globo, em Recife. Antes, trabalhou nas redes Bandeirantes e RBSTV, em Porto Alegre. Em entrevista à revistapontocom ela fala sobre o papel do telejornalismo.

Por Marcus Tavares

Jô Mazzarolo é jornalista, formada há 30 anos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Há 11 anos, coordena o jornalismo da TV Globo, em Recife. Antes, trabalhou nas redes Bandeirantes e RBSTV, em Porto Alegre. Com mestrado em comunicação e cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jô acredita no potencial da televisão como alavanca para a consolidação de uma sociedade mais democrática.

No final do ano passado, ela conheceu o trabalho de midiaeducação do planetapontocom que é realizado junto à Escola de Referência Cícero Dias, em Recife. Atenta às possibilidades dos meios de comunicação no fortalecimento da cidadania e vivendo o cotidiano de outra realidade do país, Jô deu a seguinte entrevista à revistapontocom:

revistapontocom – Existem de fato dois Brasis? O do Sul e do Sudeste e o do Norte e do Nordeste?
Jô Mazzarolo –
Sim. Existem regiões brasileiras que apresentam entre si grandes diversidades do ponto de vista social, econômico, político, cultural e educacional. As diferenças econômicas e sociais das regiões mais ricas no Brasil possibilitam um aprendizado e uma formação educacional de maior qualidade. No Norte e Nordeste, as dificuldades econômicas e sociais vão de uma forma ou de outra afetar a educação não só na dificuldade de acesso mas na formação de qualidade.

revistapontocom – Você acredita que a mídia reforça essas diferenças?
Jô Mazzarolo –
A mídia diariamente reforça o status quo, mas seria reducionista e simplista acreditar que as possibilidades da mídia são só estas. Acreditamos que é possível que a mídia desempenhe uma função pedagógica no sentido de procurar contribuir para a orientação de homens e mulheres no mundo contemporâneo

revistapontocom – Podemos dizer que a mídia, portanto, influencia homens e mulheres do mundo contemporâneo?
Jô Mazzarolo –
A mídia tem uma força relevante na sociedade brasileira em particular por meio da televisão. O exemplo das enchentes no mês de junho no Nordeste e das últimas enchentes no Rio de Janeiro mostra a influência da cobertura jornalística no país. No entanto, a mídia não é um lugar de mão única – não é um lugar onipotente/onipresente. Isso seria subestimar a capacidade de cidadãos e cidadãs interpretarem a realidade. As chamadas tecnologias da informação e da comunicação aumentam as possibilidades dessa interação entre homens e a mídia, o que pode resultar numa saudável colaboração mútua.

revistapontocom – Qual seria o verdadeiro papel da mídia no dia a dia da sociedade?
Jô Mazzarolo –
A mídia apresenta efeitos para o bem e para o mal. A nossa preocupação é que ela contribua para o crescimento, fortalecimento e a caminhada de uma sociedade mais democrática.

revistapontocom – Atribuições que constam do artigo 221 da Constituição Brasileira. Você acha que a TV cumpre realmente a legislação?
Jô Mazzarolo –
Depende da filosofia de cada emissora. O equilíbrio é fundamental. E é importante que cada emissora local ou regional descubra as necessidades e os desejos dos municípios de sua área de cobertura. Existe uma programação nacional de todas as redes. Dentro das peculiaridades regionais é essencial que a equipe que faz parte da região descubra qual é e desenvolva um projeto que seja interessante àquela comunidade. Nós aqui em Pernambuco temos o projeto Educação. Há seis anos, exibimos conteúdo do terceiro ano do segundo grau dentro de um telejornal. Por iniciativa dos alunos, deixamos de exibi-lo ao meio-dia para ir ao ar de manhã cedo. A proposta é que o conteúdo seja  uma “provocação” em sala de aula. A proposta é inquietar os alunos. Jamais substituir uma aula de um professor. As reportagens têm uma proposta simples: mostrar que o conteúdo da sala de aula pode ser aplicado na vida prática. Exemplo: a aula de trigonometria no aeroporto mostrando o ângulo de um avião na hora de aterrissar. Uma aula de química explicando as diferenças entre os tipos de sabão (se existem) e uma conversa com as lavadeiras numa lavanderia de Olinda (lavanderia manual, ainda).    

revistapontocom – Num mundo cheio de informações instantâneas com o advento da internet, está mais difícil produzir jornalismo para a TV?
Jô Mazzarolo
 – Hoje, com a avalanche de informações que chegam a todo o momento, precisamos estar cada vez mais bem informados e mais atentos ao que acontece e ao que interessa a um maior número de pessoas. Precisamos prestar a atenção nas mudanças da sociedade e refletir isso na televisão. Hoje, com a informação mais próxima e com a melhoria das condições financeiras, o nosso público tem aspirações de consumo e beleza que não tinha. Dou um exemplo: mulheres de classe C querem saber onde existe cirurgia plástica de graça. O telespectador gosta da informação completa. Outro exemplo: não basta dizer que um hospital está lotado – é preciso dizer onde está outro que ele possa ser atendido. Não basta dizer que uma escola tem fila de espera para alunos. É preciso dizer onde estão as opções de outras escolas. Falar em Dia Nacional da Mamografia sem dizer onde as pessoas podem fazer exames e se há lista de espera é deixar de prestar serviço. Hoje vejo esse serviço como nossa função essencial.

revistapontocom – Como você definiria o telespectador brasileiro? E o telespectador do nordeste brasileiro?
Jô Mazzarolo –
O telespectador está querendo cada vez mais participar do fazer televisão. Antigamente, a televisão chegava a ele como um pacote pronto. Com toda a mudança que o país viveu e está vivendo e com a facilidade da comunicação (telefone celular, internet), o telespectador quer se ver na televisão, quer ver sua comunidade, sua festa na TV. Não vejo diferença entre os telespectador de outras regiões e o nordestino. Ambos querem participar do processo de produção da TV. Para isso, é preciso mudar um pouco o jeito de fazer a reportagem, o programa. É fundamental saber ouvir. Saber ouvir e deixar falar. O telespectador precisa falar do seu jeito na tevê. E quando é ouvido, ele precisa ir ao ar. A expectativa criada quando um telespectador é ouvido na rua, ou mesmo entrevistado sobre determinado assunto, é grande. Por isso, é frustrante não se ver na televisão. É frustrante privar os demais telespectadores da opinião deste cidadão entrevistado. Defendo sempre a exibição de todas as pessoas que foram ouvidas pelas equipes na rua.

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Mario Vieira
Mario Vieira
13 anos atrás

Muito rasa entrevista. Nada que se espantar, considerando a voz da TV Globo. Faltou profundidade em abordar o papel da TV na sociedade. Serviços de informação completa e correta devem ser atributos e funções obrigatórias dos serviços públicos, municipais, estaduais e federal.

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