No já conturbado dia a dia, passamos cada vez mais a conviver com notícias falsas e boatos. Sempre existiram, é verdade. No entanto, com as redes sociais e diferentes dispositivos de comunicação, o raio de ação, distribuição e circulação destas informações é gigantesco. Em poucos minutos, é capaz de atingir milhares de pessoas. Preocupação que levou cientistas das Universidades de Cambridge, no Reino Unido, e Yale e George Mason, nos Estados Unidos, a pesquisarem o assunto e propor uma espécie de “vacina” que imunize as pessoas.
Na medicina, vacinar as pessoas significa expor o corpo delas a uma forma branda de um vírus para que o organismo produza resistência a ele. Neste sentido, os estudiosos acreditam que uma lógica parecida pode ser aplicada para ajudar a imunizar o público contra informações erradas. Portanto, expor os indivíduos “de forma preventiva”, com uma espécie de alerta, a uma pequena dose de informações erradas pode ajudar a evitar que elas caiam em armadilhas.
“A ideia é oferecer um repertório cognitivo que ajude a construir uma resistência à desinformação para que, da próxima vez, ao ser exposta à notícia falsa, a pessoa esteja menos suscetível”, explicou o psicólogo Sander van der Linden, do Laboratório de Tomada de Decisões Sociais da Universidade de Cambridge, que desenvolveu um estudo, publicado na revista científica Global Challenges, com dois mil norte-americanos, em que ficou evidenciada o sucesso da “vacina”.
Sabe-se que a preocupação dos norte-americanos sobre tal questão foi potencializada com os episódios da última eleição presidencial nos EUA. Durante a campanha, notícias de que o papa Francisco estava apoiando Donald Trump e de que a democrata Hillary Clinton vendia armas para o autodenominado grupo Estado Islâmico foram compartilhadas e lidas por milhares de pessoas no Facebook.
Em dezembro, a rede social, a maior do mundo, anunciou a criação de novos métodos para ajudar a combater notícias falsas – Google e Twitter também estão sendo pressionados a fazer mais na luta contra os boatos.
Ao mesmo tempo, as autoridades da Alemanha propuseram a criação de uma unidade especial do governo para combater notícias falsas neste ano de eleições gerais no país. E na Grã-Bretanha, o parlamentar trabalhista Michael Dugher alertou recentemente que a política britânica corre o risco de ser “infectada pelo contágio” de notícias falsas.
Está aí uma boa proposta de ação na escola. Afinal, nos dias de hoje, saber pesquisar e se informar de forma segura, sem cair em armadilhas, é um exercício que requer atenção, cuidado e reflexão. Muitas escolas já vêm trabalhando nisso.