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Esse Rio é Meu inspira trabalho interdisciplinar em três escolas de Guadalupe, às margens do Rio Acari

Conheça como essa história começou.

Por Marcus Tavares

Quando o professor William Silva foi convidado para assumir, no início deste ano, a coordenação pedagógica da Escola Municipal Emílio Carlos, em Guadalupe, Zona Norte do Rio, ele nem imaginava que estava dando o primeiro passo no desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar. Interdisciplinar não apenas na sua escola, mas entre três escolas da região. Nas palavras do educador, no complexo escolar formado pela Emílio Carlos, pela Escola Municipal Isaías Alves e pelo Ciep João do Rio, todos localizados no mesmo bairro de Guadalupe, no mesmo perímetro, no mesmo quarteirão e bem próximos do Rio Acari. “Cheguei à escola com o propósito de promover uma integração entre as turmas, docentes e conteúdos. Os professores estavam sentido falta de um trabalho em conjunto. Então, quando recebemos a proposta do projeto Esse Rio é Meu, tudo se encaixou perfeitamente. Não pensamos duas vezes: a integração começaria pelo projeto que tem o objetivo de recuperar e preservar os rios da cidade. No nosso caso caso, o Rio Acari”, recorda William.

As três escolas ocupam o mesmo quarteirão: eis o complexo escolar.

Se trabalhar de forma integrada e multidisciplinar já é um grande desafio para uma escola, imagina para três. Pois é, o desafio foi lançado pelo próprio William, que já conhecia a equipe de gestão das outras duas unidades. Há dez anos, ele tinha estagiado como professor de Língua Portuguesa nas escolas. Aprendeu e fez amizades e parcerias que contribuíram para o trabalho em conjunto. “O mundo dá voltas”, brinca o professor.  

E o começo foi assim ele foi às escolas, procurou a direção e, ao lados das coordenadoras pedagógicas Ivone Taranto e Margarete Miranda Ferreira, da Escola Municipal Isaías Alves e do Ciep João do Rio, respectivamente, propôs um projeto único que unisse a expertise, as expectativas e o tempo de cada unidade. “A Emílio Carlos atende o segundo segmento do Ensino Fundamental. Já as outras oferecem o primeiro segmento, lidando com crianças mais pequenas, que depois continuam seus estudos conosco. Então, sentamos, conversamos e estabelecemos de que forma cada unidade poderia contribuir com o trabalho pedagógico da outra e assim foi feito. Decidimos também que, em cada escola, um determinado ano ficaria à frente do projeto, sendo responsável por compartilhar com os outros anos/turmas as discussões, problematizações e produções”, explica William.

Amanda, William, Paulo, Elisangela e Aline, mãe representante da E.M. Emílio Carlos.

Na Emílio Carlos, segundo o professor, os estudantes das turmas do 8º ano ficaram responsáveis por fazer um mapeamento geográfico do Rio Acari, levantando informações e debatendo questões sobre a história do rio e as condições de saneamento e saúde. E com o objetivo de compartilhar e divulgar os achados, se comprometeram a produzir vídeos com soluções para a despoluição e conservação do rio. Querem levar o resultado de todo o trabalho para os órgãos competentes responsáveis.

“Já os estudantes das turmas de 5º ano da Isaías Alves estão aprendendo as definições geográficas dos rios e seus afluentes, discutindo sobre a poluição e preservação da rede hídrica. Ao mesmo tempo, já produziram uma carta aos moradores que vivem às margens do Rio Acari, conscientizando a população. Fizeram uma panfletagem pelas ruas próximas da escola. Também entrevistaram moradores antigos para conhecer um pouco da história. Está previsto um evento para este segundo semestre: o Papeando sobre o Rio, no qual quatro avós da região vão comentar sobre suas experiências na infância vivida às margens do rio. Todo o material será publicado na Revista Digital da escola Os Carioquinhas”, destaca a coordenadora Ivone.

Estudantes que integram a equipe da revista Os Carioquinhas.

Por sua vez, os alunos do 5º ano do Ciep João do Rio estão produzindo jogos didáticos para compartilhar suas respectivas pesquisas sobre o projeto, divididas em quatro eixos: conceituação, poluição, conscientização e conservação. Os jogos têm como público-alvo os colegas das demais turmas. “Queremos que eles também participem das atividades e de uma forma bem lúdica por meio dos jogos. Neste sentido, os discentes também já produziram um livro de contos sob a temática O Rio que desejam”, comemora a coordenadora Margarete.

No dia 18 de agosto, as escolas realizaram uma atividade em conjunto. Os estudantes estiveram reunidos em uma visita a um dos afluentes do Rio Acari que fica próximo às unidades escolares. Lá, foi ministrada uma aula aberta com as professoras de Geografia da escola Emílio Carlos, Amanda Rodrigues e Elisangela Araujo, bem com o professor de Ciências, Paulo Souza. Um vídeo sobre a aula foi produzido e compartilhado nas redes sociais (é o vídeo que abriu essa matéria). Viralizou.

Segundo William, as famílias estão atentas e acompanhando o projeto. As redes sociais vêm ajudando na divulgação do projeto. “Percebemos que já começa haver uma conscientização sobre a necessidade de pensar o rio como um espaço de preservação e cuidado. Se antes, com a cheia do rio, as crianças corriam para lá para brincar, hoje pensam duas vezes nas doenças que um rio poluído pode trazer. Isso puxa outra discussão: como recuperar o rio. Ou seja: estamos iniciando esse debate que, na verdade, não termina nunca, mas que é preciso, o quanto antes, começar e principalmente na escola”, destaca o coordenador.

Equipes das três unidades no dia da aula aberta, às margens de um dos afluentes do Rio Acari.

Quer conhecer mais sobre os trabalhos das três unidades? Na primeira semana de outubro, as escolas vão abrir os portões para uma grande exposição das iniciativas que vêm realizando. Querem dialogar com a comunidade, crianças, jovens, adultos e idosos, mostrando as diferentes atividades desenvolvidas até então e planejando futuras ações. Ideias, com certeza, não faltam.

O projeto Esse Rio é Meu vem sendo desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade.

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