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Esse Rio é Meu chega às escolas da Prefeitura do Rio

"É preciso cuidar da terra que se pisa", Janete dos Santos

Por Marcus Tavares
Fotos de André Luiz Mello

Se a recuperação e preservação dos rios da cidade do Rio de Janeiro dependerem dos estudantes e de seus professores, os prognósticos são os melhores possíveis e o Rio será um exemplo para o país. O lançamento do projeto Esse Rio é Meu aconteceu, na manhã do dia 2 de dezembro, na Escola Municipal Dom Meinardo, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, reunindo as pastas da Educação e do Meio Ambiente da Prefeitura do Rio e a organização social planetapontocom, idealizadora do programa Cidades, salvem seus Rios, que originou o projeto carioca. Esse Rio é Meu pretende engajar as mais de 1,5 mil escolas da rede, com cerca de 40 mil professores e 620 mil estudantes, para contemplar 267 cursos d’água na cidade ao longo de dois anos.

“O diferencial é que estamos juntos, lado a lado, educação e meio ambiente. Com a expertise do planetapontocom, o projeto vai ganhar capilaridade e avançar em todas as nossas unidades escolares”, destacou o secretário de Educação Renan Ferreirinha. Eduardo Cavaliere, secretário de Meio Ambiente, complementou: “O programa agora integra as ações que vamos desenvolver para dar conta do Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática da Prefeitura. Queremos revitalizar 300 km de vias e espaços públicos com drenagem urbana sustentável e ampla arborização até 2030”.

Secretário Municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha.
Secretário Municipal de Meio Ambiente, Eduardo Cavalieri.

Horas antes do lançamento, as meninas e os meninos da turma 1301, do 3º ano da escola, estavam imaginando, por meio de desenhos, o rio dos seus sonhos. Millena Barreto dos Santos, de 8 anos, fez questão de mostrar a sua produção. Nela, havia uma sereia. “Uma sereia no rio. A sereia é um ser mágico que traz amor e paz, como deve ser o rio”. Perguntada sobre quem era a sereia, ela não pensou duas vezes: “Sou eu, Millena, prazer”. Seu colega Artur Araújo, de 9 anos, também caprichava no trabalho. “Estou desenhando um rio de verdade”. E o que é um rio de verdade, Artur? “Um rio com muita vida, cheio de peixinhos”, disse sem titubear.

Millena Barreto dos Santos, 8 anos, aluna da Escola Municipal Dom Meinardo.
Artur Araújo, 9 anos, aluno da Escola Municipal Dom Meinardo.
Vânia Alves, professora de artes plásticas, acompanhando as atividades dos estudantes.

Vânia Alves, professora de artes plásticas, acompanhava a atividade da garotada. Segundo ela, a discussão em torno da sustentabilidade na escola promove resultados positivos e o que é mais importante: duradouros. Ao longo de sua carreira, a docente percebe o quanto esse debate vem sendo cada vez mais constante entre os estudantes que começam, inclusive, a cobrar uma postura mais proativa dos pais e ou responsáveis.

Rosilene Paganini Paulino, professora regente da turma 1301, e Tatiana Barbosa, professora de Língua Inglesa, estavam ao lado de Vania encantadas com os desenhos. “O rio que passa aqui perto da escola enche e, às vezes, invade algumas casas. Os estudantes trazem esses relatos e a gente sempre tenta aproveitar essa realidade para discutir as questões de sustentabilidade. Acredito que esse projeto vai se somar ainda mais na nossa prática’, disse Tatiana.

Na avaliação de Rojane Dib, coordenadora da Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, trata-se de uma prática que promove a cidadania. “E isso é fundamental quando pensamos na escola, na comunidade. Nesta região, por exemplo, o Rio Cabuçu passa por diversas localidades e escolas. O projeto tem, portanto, uma aderência muito grande”.

Professora Janete Alves dos Santos: o reencontro a favor do Esse Rio é Meu.

Que o diga a professora aposentada Janete Alves dos Santos, de 72 anos. Ela conta que o rio esteve presente na sua infância. Naquela época, as crianças brincavam muito no rio que apresentava água limpa e cheia de peixes. Recuperar e preservar o rio tem a ver, portanto, com a sua história de vida e de profissão. Janete trabalhou durante 42 anos na escola, alfabetizando gerações de crianças. Suas filhas e netos também frequentaram o colégio. “O projeto é bonito, não? Afinal é preciso ter responsabilidade desde pequeno. É preciso cuidar da terra onde você pisa. Fui convidada para voltar a escola e conversar com as crianças, contar para elas como era o rio. Foi um reencontro bem legal. Espero que o projeto cresça e alcance seus objetivos”.

E que sirva de inspiração. Alexia Souza Santos, de 7 anos, do 2º ano, é conhecida na escola pelos seus textos e poemas. Ainda não escreveu nenhum sobre o rio. Mas, integrando a equipe que carregou, na cerimônia de lançamento, a bandeira do projeto, garantiu que algum texto sobre o assunto vem por aí. Estamos aguardando.

A diretora Alessandra Maia e a coordenadora pedagógica da escola, Munique Menezes, explicaram que o projeto Esse Rio é Meu fez todo o sentido com as atividades que a instituição está desenvolvendo desde que as aulas presencias foram retomadas. “Aprofundamos muito a discussão do cuidado consigo e com o outro, muito em função da pandemia, uma preocupação com a vida, com a relação entre as pessoas, o que está ligado a um mundo sustentável, com certeza”.

Silvana Gontijo, idealizadora do programa e presidente do planetapontocom.
Estudantes, professores, pais e comunidade local participaram do evento.

E ligado também à sala de aula, aos conhecimentos e valores que devem fazer parte da práxis escolar, lembra Silvana Gontijo, idealizadora do programa Cidades, Salvem seus Rios e presidente do planetapontocom. “A experiência nos mostrou que os conteúdos curriculares de ciências, geografia, matemática, história, língua portuguesa, dentre outros, quando associados de forma interdisciplinar a uma causa de transformação social no território da escola geram uma experiência altamente enriquecedora para toda a comunidade, principalmente, para os estudantes, que atuam como protagonistas”, completa Silvana.

Protagonistas que fizeram bonito e estão cheios de atitude. Depois do lançamento do projeto, que contou com apresentação de dança e de banda, os estudantes saíram pelas ruas da região e se dirigiram ao rio, chamando a atenção da vizinhança e de quem passava. “Como não se encantar e engajar com um projeto tão necessário?”, indagou a moradora Cristiana da Silva que passava pelo local.

Ato e confraternização às margens do Rio Cabuçu, Campo Grande.

Para potencializar ainda mais a causa do meio ambiente, a LC Barreto Produções quer levar para o cinema a Turma do Planeta, personagens criados por Silvana Gontijo que viajam no tempo através da música e vivem grandes desafios ambientais. “Há um grande potencial nesta temática, olha isso aqui hoje. Acreditamos que o audiovisual pode e deve ser uma aliada nesta discussão tão importante”, destacou o diretor e produtor Marcelo Santiago, da LC Barreto, que esteve presente ao evento com a cineasta Júlia Barreto.

Marcelo Santiago e Júlia Barreto, da LC Barreto, prestigiaram o evento.

Enquanto o filme não sai, a Turma do Planeta vai conquistando novos fãs na mídia impressa. Silvana Gontijo doou para a biblioteca da escola exemplares dos livros Como tudo começou, O Enigma do Trocano e Sonhando Acordado, todos publicados pela Editora Autêntica. Os dois últimos, livros musicais, serão lançados em janeiro de 2022.

Eduardo Cavaliere, Silvana Gontijo, Renan Ferreirinha e Alessandra Maia, diretora da escola.

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