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Esse Rio é Meu: a importância e o diferencial da formação dos professores

Entrevista com as consultoras pedagógicas Mariana Pinho e Mônica Waldhelm.

Por Marcus Tavares

Formação dos professores. Esse é um dos pilares do projeto Esse Rio é Meu que vem sendo desenvolvido junto às escolas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o planetapontocom, o projeto, alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e ao Currículo Carioca, visa engajar as escolas da rede na recuperação e preservação dos rios da cidade.

Ao lado de Silvana Gontijo, presidente do planetapontocom, as consultoras pedagógicas Mariana Pinho e Mônica Waldhelm são as responsáveis pelas etapas de formação dos professores. Desde 2021, em encontros online e presenciais, elas vêm auxiliando os docentes na compreensão e articulação do projeto, que atualmente envolve 127 unidades e 18 rios. Ao todo, a formação é composta por quatro etapas. “Além de oferecer uma série de materiais, a formação consiste também em momentos presenciais e remotos, com um trabalho de acompanhamento de demandas e ações das escolas envolvidas”, explicam.

Mônica Waldhelm: “Ao participarem do projeto, os professores ampliam suas competências docente”.
Mariana Pinho: “A proposta é mobilizar o território, envolver outros atores e buscar parcerias”.

Em entrevista à revistapontocom, Mariana e Mônica detalham todo o processo de formação, falam sobre os desafios e o que esperam ao final dos encontros: “Esperamos promover e reforçar uma ação protagonista e integradora dentro da escola e desta com o território”.

Acompanhe a entrevista.

revistapontocom – Como foi planejada a formação dos professores que participam do projeto Esse Rio é Meu? Quais são os objetivos desta formação?
Mariana Pinho e Mônica Waldhelm
– Foi organizada pensando na melhor forma de subsidiar o trabalho das escolas nas diferentes etapas do projeto, da fase do diagnóstico até a etapa de intervenção e socialização para a comunidade e sociedade em geral. Além de oferecer uma série de materiais, a formação consiste também em momentos presenciais e remotos, com um trabalho de acompanhamento de demandas e ações das escolas envolvidas. Tudo isso sempre em articulação com a equipe da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura do Rio, garantindo, de fato e de direito, uma efetiva inserção do projeto no currículo da rede. Na Etapa 1 da formação, subsidiamos a realização do diagnóstico da situação do rio próximo à cada escola. Inicialmente, os professores são convidados a registrarem o que já sabem sobre o rio e a pesquisar informações que possam ajudar a entender o contexto, os problemas e a situação em que ele se encontra. Na Etapa 2, o objetivo é ajudar as escolas a definirem a participação das áreas de conhecimento no projeto, formular uma questão problematizadora-
para a escola ou cada segmento/ano e a partir dela desenvolver, com as crianças e os estudantes, atividades articuladas com o currículo da rede. Eles definem que estratégias serão adotadas para a intervenção na realidade. Já na etapa 3, em andamento, os professores devem avaliar essas ações de intervenção que já foram realizadas e entender como elas podem ganhar ainda mais força e visibilidade. A proposta é mobilizar o território, envolver outros atores e buscar parcerias com instituições. E a etapa 4 da formação consiste na organização de uma mostra, em parceria com a comunidade escolar, a fim de apresentar as ações que foram realizadas ao longo do ano. Os recursos de informação e comunicação são ainda mais essenciais nesta última fase.

revistapontocom – A formação então está focada para além do projeto em si?
Mariana Pinho e Mônica Waldhelm
– Com certeza. Ao participarem do projeto, os professores ampliam suas competências docentes, se atualizam e ampliam seus canais de integração com os colegas, com gestores, alunos e comunidade. Tudo isso provoca mudanças profundas e permanentes, tanto individualmente quanto para o coletivo. Além de um currículo mais significativo, promove-se uma mudança na própria cultura da escola, reduzindo a fragmentação e isolamento que por vezes caracteriza as instituições educacionais.

revistapontocom – Quais são os principais desafios da formação?
Mariana Pinho e Mônica Waldhelm – Além de romper com uma cultura disciplinar nos currículos, que dificulta a integração e abordagem interdisciplinar, é bem desafiador para os docentes no cotidiano da escola conseguirem tempo reservado para conversar e planejar coletivamente com seus colegas. Isso e as demandas inesperadas do contexto da pandemia exigem estratégias criativas e coletivas para superação.

revistapontocom – Neste sentido, como tem sido o retorno dos professores?
Mariana Pinho e Mônica Waldhelm
– Sem ignorar os desafios colocados pelo cotidiano da escola, ainda impactado pelo contexto da pandemia, de modo geral os professores mostram entusiasmo e envolvimento. Mas sempre reforçam o quanto é importante garantir tempo para que possam conversar e planejar juntos as ações do projeto. Dessa forma, a articulação interdisciplinar, entre diferentes segmentos da escola e a sinergia entre escolas que “compartilham” o mesmo rio, é favorecida e potencializada.

revistapontocom – Ao final do projeto, o que se espera do professor/escola?
Mariana Pinho e Mônica Waldhelm –
Esperamos promover e reforçar uma ação protagonista e
integradora dentro da escola e desta com o território. A partir das problematizações e ações interdisciplinares desenvolvidas, a escola deve realizar algum tipo de intervenção em torno do rio próximo a ela, assumindo uma atitude de cuidado e valorização do rio.

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