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Em 2023, Esse Rio é Meu amplia participação de escolas e de bacias e chega a novos municípios do Estado do Rio de Janeiro

Entrevista com presidente do planetapontocom, Silvana Gontijo. Na foto acima, Silvana com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e os conselheiros do planetapontocom, Ancelmo Gois e Zuenir Ventura. Foto: divulgação ASCOM/Prefeitura do Rio.

Por Marcus Tavares

Silvana Gontijo, jornalista, autora de livros e presidente da oscip planetapontocom, não esconde o entusiasmo. Idealizado por ela, o projeto Esse Rio é Meu será ampliado implantado, neste novo ano letivo, em mais de 700 escolas da rede municipal de ensino da Prefeitura do Rio, envolvendo 89 bacias. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas fica responsável por desenvolver ações em torno de um dos rios da cidade. O projeto vem sendo desenvolvido, desde 2022, em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e em parceria com a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa.

“Será um ano muito promissor. O balanço de 2022 superou as nossas expectativas. Boa parte das 127 escolas que já estavam envolvidas participou ativamente, trabalhando de forma interdisciplinar e o que é mais interessante: se tornando polos de ativação de territórios, mostrando e ressignificando a força e o papel da escola”, comemora Silvana.

Em entrevista à revistapontocom, a presidente do planetapontocom destaca que o projeto Esse Rio é Meu vai além da nobre causa de resgatar os rios da cidade:Ao propormos e defendermos a metodologia de educação com e por meio de causas, tendo como a causa o cuidado com seu rio mais próximo, essa ação se torna uma ferramenta de interdisciplinaridade, buscamos muito mais do que apenas a recuperação dos rios. Buscamos a melhoria da qualidade do ensino, a ressignificação da escola e da experiência pedagógica”, destaca.

Segundo Silvana, diversas e diferentes atividades e ações de protagonismo e representatividade foram desenvolvidas e ‘com excelência’ pelas escolas. “E creio que isso tenha acontecido por conta do envolvimento dos professores/articuladores, que fizeram a ponte entre a Secretaria Municipal de Educação/Coordenadoria Regional de Educação e as unidades escolares. Aquele articulador mais motivado, sem dúvida, fez diferença no entendimento do projeto junto às escolas e, portanto, no que foi desenvolvido”.

No dia 17 de março, no Museu do Amanhã, um evento vai celebrar as ações de 2022 e lançar as atividades do projeto em 2023, que deverá, inclusive, alcançar outros municípios do Estado do Rio de Janeiro.

Acompanhe a entrevista com Silvana Gontijo:

revistapontocom – Em 2022, o projeto Esse Rio é Meu contemplou 127 escolas da rede municipal do Rio de Janeiro e 18 bacias. Qual o balanço deste primeiro ano?
Silvana Gontijo
– Ficou acima das nossas expectativas. Achávamos que boa parte das escolas se engajariam. Mas, para nossa surpresa, a adesão foi muito maior e mais significativa. Houve, sim, resultados completamente diferentes. Creio que isso tenha acontecido por conta do envolvimento dos professores/articuladores. Há um quantitativo de professor/profissional encarregado de articular o projeto Esse Rio é Meu nas escolas de sua região, de sua CRE. Aquele articulador mais motivado, sem dúvida, fez diferença no entendimento do projeto junto às escolas e, portanto, no que foi desenvolvido pelas unidades escolares.

revistapontocom – E o que foi desenvolvido pelas escolas?
Silvana Gontijo –
Muitas atividades e ações de protagonismo e de representatividade, promovendo a leitura e a escrita, como pesquisas, entrevistas com moradores, visitas aos rios, estabelecimento de parcerias, produções de maquetes, cartazes, peças teatrais, música, instalações e pequenas intervenções com foco na preservação e recuperação do Rio. O trabalho produzido, por exemplo, pelas escolas que ficam no entorno do Rio dos Macacos foi excelente. Hoje, o rio que chega ao bairro do Jardim Botânico está praticamente limpo.  Durante o ano de 2022, os gestores e professores das 127 escolas participaram de um ciclo de formação que tinha o objetivo de instigar a participação das unidades em quatro etapas: diagnóstico (1º bimestre), planejamento (2º bimestre), ações (3º bimestre) e culminância (4º bimestre). Grande parte das escolas envolvidas não apenas deu conta das etapas como também se antecipou, entregando resultados positivos muito antes do esperado. Acreditávamos que, neste primeiro ano, as unidades trabalhariam de uma forma mais tímida e internamente. Algumas foram além, ativando o território. Isso quer dizer: elas ultrapassaram os muros das escolas e se conectaram com a comunidade, com diferentes parceiros e instituições para ressignificar a luta pela recuperação e preservação dos rios.

revistapontocom – Essas conexões foram e são essenciais para o sucesso do projeto?
Silvana Gontijo –
Sem dúvida. E hoje uma das minhas principais tarefas é articular todos os órgãos e instituições que podem dar conta das iniciativas e problematizações que as escolas trazem com relação à preservação e recuperação dos rios. Isso faz com que as escolas, professores e estudantes, não desanimem das suas atividades. Faz com que vejam que suas propostas e procedimentos têm uma ressonância, uma consequência. Se essas ações caírem no vazio, os indivíduos passam a não acreditar que tenham mérito e relevância o que elas estão fazendo. A participação e o protagonismo geram engajamento. E o engajamento desperta o interesse. Isso tudo tira as pessoas da invisibilidade, trazendo uma motivação incrível. A escola precisa entender que ela é um polo de ativação de território. Na prática, muitas unidades não tinham pensado sobre isso. Por meio da formação, instigamos essa conduta e, naturalmente, isso veio à tona, o que nos enche de orgulho.

revistapontocom – Ao que parece então o projeto vai além do objetivo de preservar e recuperar os rios, certo?
Silvana Gontijo –
Exato. O planetapontocom tem como missão desenvolver soluções inovadoras para a educação pública brasileira. Eu nunca me afastei disso. Neste sentido, acredito que a interdisciplinaridade é a chave para a melhoria da qualidade de ensino. Por meio dela, alcançamos a ressignificação da escola. Portanto, ao propormos e defendermos a metodologia de educação com e por meio de causas, tendo como a causa a água e como ferramenta a interdisciplinaridade, buscamos muito mais do que apenas a recuperação dos rios. Buscamos a melhoria da qualidade do ensino. Os países que mais inovaram na educação foram aqueles que adotaram, como política pública, a interdisciplinaridade. Confesso que no início do ano letivo de 2022 achei que as escolas teriam dificuldades em trabalhar de forma interdisciplinar, já que é preciso haver uma agenda de encontros com os professores. Esse tempo não estava previsto no calendário da Rede. Porém, para nossa surpresa, várias escolas conseguiram criar estratégias e se organizar para dar conta da interdisciplinaridade.

revistapontocom – Em 2022, o projeto atendeu 127 escolas e 18 bacias. Quais são os planos para 2023?
Silvana Gontijo –
O projeto tem uma duração de dois anos letivos. Em 2023, cerca de 600 novas escolas vão se somar às 127 do ano passado. E de 18 bacias atendidas vamos ampliar para 89. Gestores e professores das novas unidades vão participar do ciclo de formação, composto pelas quatro etapas (diagnóstico, planejamento, ação e culminância). Já os profissionais das 127 terão acesso a um outro módulo com mais aprofundamento e ênfase em dois pontos: a ativação de territórios e exercício da cidadania. Esses gestores e professores também serão convidados para assumirem o papel de inspiradores e multiplicadores para novas unidades escolares. Em 2023, queremos, como já dito também, estreitar os laços com os articuladores das CREs. No dia 17 de março, no Museu do Amanhã, faremos um grande evento para celebrar as conquistas do primeiro ano do programa e para lançar as atividades do ano letivo de 2023. Vamos ainda iniciar uma pesquisa quantitativa e qualitativa com os professores para medir os impactos do projeto.

revistapontocom – E em 2023, o projeto Esse Rio é Meu vai chegar a outras localidades?
Silvana Gontijo –
Sim. A convite da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do Governo do Estado do Rio de Janeiro, estaremos aterrissando em 14 municípios, cujos rios deságuam na Bacia de Guanabara. Vamos trabalhar de forma simultânea. E, em Minas Gerais, fechamos um acordo com o município de Itabira. É bom dizer que o planetapontocom não recebe recursos públicos. Todos os nossos projetos são financiados pela iniciativa privada. Neste sentido, quando um município demonstra interesse em trabalhar conosco, elaboramos um termo de convênio, no qual estabelecemos as responsabilidades de cada parte. A partir daí, vamos atrás de captação/patrocínio. Uma outra forma de financiamento também é através de medidas compensatórias (por meio de termo de ajustamento de conduta) celebradas com as secretarias municipais de meio ambiente.

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