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Ciência, Tecnologia e muito mais a serviço da população carioca nas Naves do Conhecimento

Primeira mulher à frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio, Tatiana Roque fala sobre sua gestão de fevereiro de 2023 a abril de 2024.

A Professora Tatiana Roque assumiu, em fevereiro de 2023, a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia. Deixou a pasta em abril deste ano. No período, promoveu uma gestão focada na inclusão digital, formação em tecnologia, popularização da ciência e na relação entre universidades e comunidades vulneráveis. A secretaria apoiou o desenvolvimento tecnológico do Rio para diversas áreas, por meio de projetos para educação, clima, tecnologia assistiva, cultura e empreendedorismo, entre outras. E, entre outros programas, coordenou o projeto das Naves do Conhecimento e Naves Satélite.

Professora titular do Instituto de Matemática da UFRJ, Tatiana já atuou também em programas de formação de professores, é autora de diversas publicações. O livro “História da Matemática” foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti de 2013. Em 2022, lançou a obra “O dia em que voltamos de Marte”, também finalista do Prêmio Jabuti. Na publicação, aborda a relação entre a ciência e o poder e aponta caminhos para enfrentarmos questões contemporâneas como as mudanças climáticas.

Em entrevista à revistapontocom, Tatiana fala sobre o legado que deixou junto as Naves do Conhecimento. Em sua gestão, elevou de nove para 40 o número de equipamentos. Foram emitidos 19.571 certificados para estudantes formados em cursos e oficinas realizados em todos os equipamentos. “Trabalhamos com duas perspectivas: a qualificação e ampliação”, explica Tatiana.

Acompanhe a entrevista:

revistapontocom – Qual o balanço que a senhora faz de sua gestão?
Tatiana Roque –
A gestão à frente da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia se caracterizou pela reconstrução e ampliação do órgão e de suas atividades. A Secretaria foi extinta na gestão anterior da Prefeitura e as nove Naves do Conhecimento foram fechadas. Quando assumi, em fevereiro de 2023, ainda estávamos reabrindo a última Nave. Colocamos todas para funcionar, buscamos qualificar seus serviços e ampliamos nossos equipamentos de nove para 40, com a inauguração das Naves Satélites e Navezinhas Cariocas, versões reduzidas das Naves, para além da abertura de primeira Arena Gamer pública do Brasil e de uma incubadora de projetos e empresas na Nave do Conhecimento do Engenhão. Mas este processo de ampliação não se limitou ao número de equipamentos públicos. Houve também uma mudança do próprio escopo de atuação da Secretaria, buscando a aproximação com universidades e instituições de pesquisa, o que gerou diversos projetos de apoio aos estudantes e à divulgação científica, como o Projeto Jovens Cientistas Cariocas e o Prêmio Elisa Frota Pessoa para artigos científicos escritos por mulheres.

revistapontocom – O Projeto Nave do Conhecimento vem sendo desenvolvido pela Prefeitura do Rio desde 2012. Numa linha histórica, como foi a evolução? O que mudou de 2012 para 2024?
Tatiana Roque –
O projeto evoluiu e transformou-se de acordo com as evoluções da própria tecnologia e da relação entre esta e a sociedade. Em seus primeiros anos, as Naves serviram sobretudo para oferecer acesso gratuito e de qualidade a computadores e à internet para populações periféricas. Um serviço fundamental e que era escasso à época. Conforme os conhecimentos digitais, de tecnologia da informação e outras qualificações em tecnologia tornaram-se indispensáveis ao mercado de trabalho e à própria vida cotidiana, as Naves passaram a focar em cursos e oficinas de formação e capacitação nestas áreas. Hoje, em 2024, estas duas diretrizes de atuação seguem atuantes e muito relevantes nas Naves. Nossas LanTables (a área de uso livre de computadores e internet) encontram-se sempre cheias e oferecemos variados cursos, desde cursos para crianças, passando por formações em programação até informática para idosos. Contudo, verificamos a necessidade de colocar as Naves do Conhecimento a serviço do desenvolvimento econômico da cidade. Nesta perspectiva, a Arena Gamer e a incubadora, bem como a articulação com outros projetos da Secretaria, buscam enfocar atividades de inovação, que possam estimular a vocação empreendedora de nossos usuários e colocá-los em mercados modernos, como os games ou a inteligência artificial.

revistapontocom – No que concerne, hoje, as Naves do Conhecimento?
Tatiana Roque –
Trabalhamos com duas perspectivas: a qualificação e ampliação. Aumentamos o número de unidades, levando-as a um maior número de territórios. Sobretudo, com um modelo de tamanho reduzido conseguimos levar o projeto das Naves efetivamente para dentro de muitas comunidades, em locais onde carecem este tipo de serviço público. Para qualificar a entrega das Naves, tentamos aproximá-las das mudanças do mundo da tecnologia, incluímos mais espaços voltados à produção audiovisual, podcasts e aos games e E-sports. Trouxemos a participação das universidades e ainda buscamos promover cursos e oficinas voltados à qualificação e inserção no mercado de trabalho. Por fim, a incubadora inaugurada na Nave do Engenhão inaugura uma fase do projeto voltada ao empreendedorismo e inovação.

revistapontocom – O site da Prefeitura informa que “As Naves do Conhecimento democratizam o acesso ao universo digital em ambientes colaborativos e criativos”. Na sua visão como educadora, é isso então o que acontece na prática?
Tatiana Roque –
Sim, democratizar o conhecimento é o tema central das Naves. Seja por meio de cursos, do acesso direto a equipamentos de tecnologia, do oferecimento de espaços de produção coletiva, pelas exposições e feiras nelas realizadas ou mesmo pelo próprio acolhimento que as equipes oferecem à população que muitas vezes procuram os mais diversos tipos de atendimento. As Naves se tornam referência de um serviço público de qualidade e de um atendimento qualificado para a população que as utiliza, em localidades precárias e desprovidas deste tipo de equipamento. Sua importância é crescente, pois os conhecimentos digitais e de tecnologia são cada vez mais indispensáveis. Levar essa informação a todos é garantir a cidadania digital, inclui-los nas necessidades do século XXI. Não podemos deixar ninguém para trás nas rápidas e profundas mudanças que temos enfrentado, e por isso as Naves do Conhecimento são fundamentais instrumentos de democracia.

revistapontocom – O fato de a senhora ser professora fez alguma diferença?
Tatiana Roque –
Sim pois buscamos dar mais ênfase à educação e à formação de professores dentro desse processo de democratização da ciência e tecnologia. As Naves Satélites que foram inauguradas estão localizadas em espaços reformados dentro de CIEPs, aproximando o projeto das escolas municipais. Nesse movimento também passamos a focar na formação dos professores destes CIEPs e dos Ginásios Educacionais Tecnológicos, pois o domínio e conhecimento da tecnologia são fundamentais para o professor no século XXI. Pretendemos expandir essa atuação para seguir dando suporte e capacitando os profissionais da educação para estes novos desafios. Queremos que as Naves se tornem um polo de formação de professores em parceria com as Universidades. Ainda, buscamos promover uma relação qualificada dos alunos com a tecnologia. Queremos a presença da tecnologia, mas de forma que não seja prejudicial ao aluno, buscando evitar o vício em celular e telas e todos os efeitos prejudiciais à saúde que esse uso traz. As Naves pretendem gerar usos e atividades positivas, criativas e inovadoras na relação entre educação e tecnologia

revistapontocom – Há também uma preocupação em atender determinados territórios da cidade?
Tatiana Roque –
As Naves constituem-se como um serviço amplamente democrático e universal. Não há qualquer restrição para público. Pela própria concepção do Projeto, elas se encontram em territórios periféricos e vulneráveis, alguns mais que outros. Nesse sentido, acabam por atender pessoas de mais baixa renda e menor formação, com o intuito de democratização dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Contudo, as Naves encontram-se abertas para todos que quiserem utilizar. Atendemos de crianças a idosos e não se demanda qualquer tipo de comprovação de renda ou moradia. No entanto, sem dúvidas, o público mais assíduo e presente são as crianças e adolescentes. Em muitos sentidos a Nave funciona como uma extensão do ambiente escolar, oferecendo-os uma formação mais adequada para as demandas do século XXI e possibilitando que eles se envolvam em atividades mais educativas no momento que estão fora da escola. É muito importante nos relacionarmos com o jovem de hoje, muito estimulado pelas redes sociais, jogos digitais e tecnologia, para transformar esse interesse em educação, aprendizado e evolução pessoal.

revistapontocom – Ao conhecermos o projeto, temos a impressão de que se trata de uma proposta interdisciplinar, envolvendo cultura, educação e, lógico, ciência e tecnologia. Isto de fato acontece na condução dos trabalhos das Naves?
Tatiana Roque
– Com certeza! A interdisciplinaridade é uma marca das Naves do Conhecimento, Naves Satélite e Navezinhas. Elas apresentam como essência o foco em ciência e tecnologia. A educação é a ferramenta pela qual nossos processos se desenvolvem, e a arte, o audiovisual e outras formas culturais sempre estão presentes em nossos cursos. Não podemos pensar o Rio de Janeiro hoje sem estabelecer um diálogo constante entre ciência, educação, tecnologia e cultura.

revistapontocom – O que precisa ainda ser feito para que as Naves possam decolar mais e mais?
Tatiana Roque –
Um fator muito importante, e por isso a relevância desta matéria, é torná-las mais conhecidas. Não obstante terem sido as primeiras inauguradas em 2012, muitos cariocas não as conhecem. Seu fechamento por quatro anos na gestão anterior sem dúvida contribui para este fenômeno. Ainda assim, mesmo cidadãos que moram próximo às Naves desconhecem os serviços oferecidos ou mesmo que estes são gratuitos e abertos à população. Divulgar a existência e as atividades da Nave do Conhecimento é fundamental para seu sucesso e os professores e profissionais de educação são de grande importância neste processo, levando seus alunos e turmas para conhecer e participar do projeto. Por fim, é importante que a população nos provoque e nos demande, para que possamos oferecer os cursos, oficinas e atividades que mais interessem aos cariocas e sejam úteis para sua formação e ao desenvolvimento do Rio.

(fotos – divulgação assessoria de comunicação)

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