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Educação infantil em tempos de isolamento social: como inovar e resgatar práticas

Flavia Perez.

São muitos os desafios da Educação com a interrupção das aulas presenciais durante o período de isolamento social, causado pela pandemia do novo coronavírus. Um deles é a Educação Infantil, etapa da vida escolar em que são desenvolvidos os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais das crianças. Dois meses após a interrupção das aulas presenciais nas escolas brasileiras, é preciso refletir: como inovar e resgatar práticas para manter o processo de aprendizagem em casa?

Para a psicóloga e psicanalista Fátima Amorim, diretora da creche e escola Curiosa Idade, no Rio de Janeiro, um dos principais desafios da Educação Infantil remota é associar a rotina de atividades educativas ao suporte afetivo que precisa ser dado a crianças e famílias. “Neste momento em que as aulas presenciais estão interrompidas, é preciso reafirmar os laços de afeto de forma diferente, propiciando a construção de valores morais e éticos. Por isso, em cada atividade, buscamos dar foco ao lúdico, estimulando a criatividade e a participação da criança”, destaca.

Logo após a interrupção das aulas, a escola fez uma adaptação das propostas pedagógicas a fim de disponibilizar conteúdos on-line às crianças. A partir deste planejamento, a equipe começou a gravar vídeos sobre temáticas diversas. Cada conteúdo gravado aborda um tema, desde contação de histórias e música até orientações sobre higiene, nutrição e cuidados com a horta, entre outras atividades. Um caderno de tarefas é usado para o registro das atividades.

Além de publicar vídeos com atividades em suas redes sociais, a escola busca também motivar as crianças a interagir, mesmo à distância. “Criamos o Encontrinhos, um momento de interação dos professores com cada turma realizado por meio de uma ferramenta de videoconferência. Além disso, pedimos que aos pais que nos enviem fotos e vídeos mostrando atividades e brincadeiras que as crianças estão fazendo em casa”, detalha Fátima.

Creche e Escola Curiosa Idade promove o Encontrinhos, momento de interação entre professores e alunos

Já para dar suporte aos pais neste processo de aprendizagem em casa, a escola implantou o projeto Dialogue, um espaço de diálogo entre pais e coordenadores pedagógicos, no qual é possível tirar dúvidas e compartilhar orientações. Um dos temas trabalhados foi “Educação das crianças em tempos de pandemia – o que realmente importa?”. Reuniões individuais também são realizadas com os pais, visando estabelecer um canal contínuo de contato entre escola e família.

Segundo a educadora, é importante destacar que os modelos criados para oferecer conteúdo escolar aos alunos neste período de isolamento social são formatos de educação remota, emergencial, que ainda não estão integralmente alinhados a todos os critérios requeridos pelos padrões de educação à distância, que precisam de um planejamento amplo para sua implantação adequada.

Incluir as crianças em tarefas da família contribui para o desenvolvimento

Antes de existirem as escolas de Educação Infantil, as crianças aprendiam com a natureza, descascando frutas, subindo em árvores e, também, no cotidiano com a família. “Estamos vivendo um momento no qual é preciso repassar algumas experiências do passado para viver o futuro de forma diferente. É preciso resgatar formas antigas de educar que contribuem com o desenvolvimento”, aponta Fátima.

Segundo a educadora, é fundamental inserir as crianças nas tarefas diárias da família, de acordo com cada faixa etária, estimulando-as, por exemplo, a colocar a mesa, dobrar o pijama, molhar plantas, fazer lista de compras com desenhos, entre outras atividades do dia a dia da casa, sem uma preocupação específica com o resultado final e, sim, em proporcionar o senso de utilidade e produtividade, tomando ainda cuidado para não estressar a criança.

“Ao incluir as crianças nas atividades, trabalhamos habilidades como coordenação motora ampla e fina e a organização do pensamento. Ao convidá-las a participar das tarefas, sugerindo, perguntando e as escutando, estimulamos também o raciocínio, a cognição e a fala. Hoje, sabemos que a criança deve ser incluída nas conversas com o adulto, pois essa interação a ajuda a alcançar autonomia, de acordo com a idade, e é fundamental despertar o interesse da criança pelo aprendizado de diferentes maneiras”, explica. 









Flavia Perez é jornalista, pós-graduada em Língua Portuguesa, desenvolve pesquisa na área de Midiaeducação e trabalha há mais de dez anos criando conteúdos sobre Educação, Cultura, Saúde e Meio Ambiente. 

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