O que esperar do novo ano? Apoio e foco na implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Avanços com a reforma do Ensino Médio? Condições de trabalho mais justas e perenes? Melhores condições salariais? Saúde para professores, estudantes e suas famílias num ensino presencial tranquilo? Políticas públicas contundentes e responsáveis? A revistapontocom inicia o ano abrindo espaço para os professores e suas realidades. Oito profissionais trazem suas análises particulares que, na prática, fazem coro com milhares de outras vozes. Que o ano de 2022 seja promissor em todos os sentidos e, em especial, na sala de aula.
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A educação pública que já vinha com defasagem no período de afastamento sofreu ainda mais danos, mazelas de uma sociedade, cuja educação não é prioridade. O nosso maior desafio é colocar o aprendente do século XXI como ponto central da aprendizagem. Neste contexto, acredito ser necessária a aplicabilidade de uma proposta híbrida de ensino utilizando o celular e ou dispositivos móveis, como recurso pedagógico, em situações formais de aprendizagem, como fator para promover a apropriação de saberes integrados, a partir dos elementos do conhecimento humano e das diversas ciências que irão compor o cidadão com literacia digital, em uma sociedade que é tecnológica e funciona em rede. Hoje não podemos ignorar a abrangência da internet e sua importante contribuição para o aprendizado em um processo de cooperação e envolvimento, sendo o aprendente o protagonista de seu processo, com fluência digital e postura cidadã.
O ano de 2022 chegou e com ele novos e antigos desafios para nós professores. Retornar ao presencial depois de meses sem o convívio diário na escola e encarar esse “novo normal” que de normal não tem nada, será talvez o maior desafio já vivido por nós professores. Com a vacinação estados e municípios em sua grade totalidade iniciam a retomada as aulas presenciais, com a saúde emocional do professor abalada e metodologias tradicionais ainda existentes, teremos de usar de muita criatividade, parceria, cooperação mútua, enfim, redes capazes de superar estes e outros desafios que estão por vir, talvez seja um caminho possível para encantar nossos alunos e evitar uma evasão ainda maior.
Uma das áreas que mais sofreu com a pandemia no Brasil foi a educação, que tem agora um grande desafio pela frente que é recuperar o que não foi conquistado e, neste contexto, combater a evasão escolar. Segundo estudos publicados pelo Unicef, cerca de 5 milhões de crianças e adolescentes em todo o país estão fora dos bancos das escolas no Brasil, uma situação agravada pela pandemia, que trouxe também a falta de estrutura e desemprego entre as famílias, fazendo com que muitas crianças encontrassem através de um trabalho informal uma maneira de ajudar financeiramente as famílias. No ano de 2022, educadores em todo o Brasil tem uma grande missão que é trazer para dentro das escolas os 5 milhões de estudantes que evadiram das escolas nos anos anteriores devido à pandemia, uma situação bastante complicada, já que muitas famílias não se sentem confortáveis em relação ao envio destes estudantes a uma sala de aula.
Tendo experiência na área da educação, como arte-educadora e professora de Ensino Fundamental I, vejo um caminho demasiado árduo pela frente nesse novo ano que se inicia. Leciono em uma escola pública do Município do Rio de Janeiro que fica localizada próximo a uma comunidade carente que sofre com a violência do tráfico, roubo de cargas, enchentes e extrema pobreza. Ano passado, no modelo de ensino híbrido, deparei-me com alunos que, em sua grande maioria, não apareceram nas aulas remotas, devido a variados fatores – socioeconômicos, dificuldade de acesso, falta de internet e de dispositivos tecnológicos -, de modo que, haviam esquecido conhecimentos básicos não apenas relativos à minha área de conhecimento, mas também de outras disciplinas. Pude ouvir relatos de colegas que sentiam o mesmo que eu: “meu aluno esqueceu tudo”, “meus alunos estão aprendendo do zero” e “eles estão extremamente atrasados”. O esforço dos professores em tentar manter os educandos ativos nos modelos de ensino possíveis durante uma pandemia (remoto e híbrido) foram numerosos: atividades postadas em redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube), realização de videoaulas, formulários enviados, mensagens respondidas fora do horário de trabalho e uso de softwares destinados à educação (Microsoft Teams e Google Classroom). Foi notável o quanto a escassez de bens tecnológicos teve grande impacto na vida escolar dos educandos, demonstrando que ainda são necessárias mudanças rumo a condições igualitárias de acesso à educação. Um dos grandes desafios para o ano de 2022 será readaptar os alunos que ficaram defasados (nos anos de 2020 e 2021), perdendo o ritmo escolar, incluindo-os novamente em um modelo totalmente presencial de ensino mesmo estando ainda em um cenário pandêmico.
O ano de 2022 se inicia com muitos desafios e ainda precisamos planejar estratégias para superá-los. Desafios como a formação de professores e a aquisição dos recursos tecnológicos digitais que melhoraram a prática pedagógica ainda são uma utopia no nosso país. Não podemos esquecer também a falta de infraestrutura das escolas públicas brasileiras. Ficamos mais de um ano com as escolas fechadas e na maioria delas nada foi feito para que o espaço pedagógico se tornasse mais acolhedor, atraente, funcional e menos insalubre. Estamos em 2022 e ainda precisamos superar os desafios de termos escolas públicas com salas de aula sem iluminação, ventilação, bibliotecas, quadra poliesportiva, laboratórios, internet, professores, material pedagógico e tantas outras faltas. É preciso que o ano de 2022 seja um ano de mudanças profundas na educação brasileira, que o dinheiro público seja de fato investido na educação para suprir todas as carências. Um país que não investe na educação não tem futuro.
O ano de 2022 promete ser realmente de grandes desafios e mudanças para a educação. Para muitos, 2021 foi o ano escolar mais desafiador que já experimentaram, mesmo considerando o caótico quadro trazido com a pandemia do coronavírus em 2020. Tem sido uma tarefa monumental vencer as dificuldades para reaclimatar os alunos à escola, as interrupções das aulas e as pressões crescentes sobre os professores e as escolas para fornecerem aos nossos estudantes um ensino além da educação. Como vencer esses desafios que se avolumam e aproveitar as oportunidades para conectar a educação à vida em um mundo em constante mudança? O que fazer para aproveitar as transformações positivas advindas com a inserção da tecnologia e conectar ainda mais estudantes e professores? Essas perguntas nos ajudam a pensar para onde vamos seguir e como vencer os desafios da educação em 2022. A pandemia da Covid-19 deixou patente o quanto nossos sistemas educacionais estão desatualizados e necessitam ser reformulados a fim de atender às demandas de formação do século XXI. O mundo está mudando mais rápido que nossas instituições, não apenas no campo educacional, mas também em setores como governança e economia. A tecnologia tornou-se mais difundida e as barreiras à inclusão digital passaram a ser profundamente movimentadas, ainda que forçosamente. Estamos começando a imaginar e ver que o ensino pode ser ministrado com o apoio da tecnologia, processo que continuará ganhando força à medida que mais professores e escolas passarem a adquirir as habilidades e as condições necessárias para se moverem neste mundo digital. Além disso, a aprendizagem socioemocional passou a ser mais difundida, deixando patente uma necessidade premente, que existe desde muito antes da pandemia, de mais serviços sociais e psicológicos nas escolas. Ocorreu também uma grande mudança na forma como os alunos são avaliados, recorrendo-se muito mais a uma avaliação formativa. Muitos são os desafios educacionais em 2022! Desenvolver o currículo e o ambiente escolar para que nossos estudantes sejam aprendizes ao longo da vida é talvez o maior deles. Acredito que todos nós teremos que refinar e renovar nossas habilidades, sobretudo nossa capacidade de colaboração e resiliência para pensar a educação “fora da caixa”, verdadeiramente munidos com as condições necessárias para tal. Isso requer não apenas uma mudança de atitude da escola e dos professores, mas também políticas públicas eficientes e responsáveis. Temos um longo caminho pela frente! Que tenhamos todos um Ano Letivo seguro e de grandes descobertas!
Sou pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e, atualmente, atuo como coordenadora do Fundamental – Anos Iniciais – no Colégio Euclides da Cunha, situado no bairro de Colégio, na cidade do Rio de Janeiro. Acredito que são muitos os desafios que a escola tem enfrentado muito antes da pandemia. Atrair e manter a atenção dos alunos de uma geração 100% digital, sempre exigiu muito dos professores, que são, em sua grande parte, “analógicos”. Durante a pandemia, contudo, isso se intensificou e a reinvenção veio por parte do investimento de tempo e estudo que os professores tiveram que fazer para adaptar a sala de aula para o mundo virtual. Em meio a videoaulas, meetings, planejamentos, correções, contato com alunos e responsáveis, muitos problemas ligados à aprendizagem, a socialização e ao emocional dos alunos foram se desenvolvendo devido ao cenário de constantes incertezas. Essas instabilidades, infelizmente, acabaram ocasionando possíveis lacunas no processo de aprendizagem das crianças e, a partir de 2022, teremos que trabalhar com os prejuízos gerados pelo tempo de ensino remoto. Portanto, são grandes os desafios para a educação em 2022, diagnosticar os gaps de conhecimento, compreender a diversidade de alunos que receberemos depois desse tempo, tendo em vista que o processo de aprendizagem se deu de formas diversas, e preparar os professores para lidar com a nova escola que se iniciou em 2020. Agora, mais do que nunca, a escola do século XXI precisa estar aberta para trabalhar com as novas problemáticas, que não se limitam às questões didáticas, mas também tratam de assuntos comportamentais, sociais e emocionais dos alunos.
Eis que chega 2022, um ano desafiador! A humanidade não é mais a mesma (ou não deveria ser). Afinal, passamos por dois anos muito difíceis. Somos sobreviventes e 2022 vem trazendo esperança, mas também a dura realidade: a pandemia ainda não acabou e não podemos relaxar com os cuidados sanitários que aprendemos ao sermos passageiros no trem da vida, que não deixou de trafegar mesmo diante de uma pandemia. Aprendemos também com as crises e elas nos abrem muitas possibilidades. Dúvidas de como será temos muitas, mas não vejo a hora de poder ter minha turma de dois anos toda junta no presencial vivenciando suas experiências. E então, sentindo seus cheiros, tentarmos amenizar a saudade de nossos abraços (espero que seja possível), de nossas rodas, de nossas conversas que mesmo com máscaras, será olho no olho, não mais separados por uma tela. E poder ver, poder sentir esse brilho no olho de cada criança, de cada família, será o combustível e guia desse novo modo de fazer educação.