De olho na exploração comercial infantil

Como seria se um bichinho de pelúcia roubasse diversas informações das crianças e as vendesse para empresas lucrarem com elas? Ou se um iô-iô fosse, por exemplo, uma máquina de pagamento por aproximação da mão de quem brincasse com ele? Essa é a provocação que a campanha Twisted Toys faz. Com “anúncios fictícios”, por meio de textos e vídeos, de brinquedos tradicionais do mundo analógico com funcionalidades perigosas do mundo digital, o objetivo é alertar sobre as violações dos direitos infantis que frequentemente ocorrem na internet sem que percebamos – em especial, exploração comercial infantil.

Twisted Toys foi originalmente lançada no Reino Unido, pela 5Rights Foundation. Agora, a campanha está disponível também em português (com recursos de acessibilidade), fruto da parceria com o Instituto Alana, por meio de seu programa Criança e Consumo. Para fazer a adaptação em português, o Criança e Consumo contou também com a contribuição criativa da agência Lew’Lara\TBWA.

“Estamos felizes em poder apresentar Twisted Toys para o público brasileiro, incentivando um debate importantíssimo sobre como as crianças precisam ter seus direitos assegurados também no ambiente digital. Apesar da campanha ter sido criada considerando o contexto de outro país, as críticas e pontos de atenção que ela levanta se aplicam, em maior ou menor grau, às crianças de todo o mundo”, comenta Maria Mello, coordenadora do Criança e Consumo.

Um terço dos usuários de internet no mundo já são crianças, de acordo com dados do Unicef. Entretanto, em vez de aproveitarem o ambiente digital de forma a ampliar suas potências, crianças muitas vezes têm seus direitos gravemente violados. Apropriando-se uma linguagem publicitária, a campanha Twisted Toys, em tom irônico, diz que se orgulha de seus brinquedos viciantes e de alto risco. Riscos esses que são exatamente o que plataformas e empresas apresentam para as crianças no ambiente digital.

“Crianças têm direito de acessar a internet e usufruir de suas oportunidades” ressalta Maria Mello. “Para isso, todos os aplicativos e serviços devem ser seguros para esse público, por design e por padrão. Além disso, os dados dos pequenos jamais devem ser coletados para fins comerciais. É urgente que plataformas, empresas e autoridades de todo o mundo garantam um ambiente digital mais seguro para as crianças”.

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