Ana Maria Machado, Caetano Veloso, Hélio Pellegrino, Maria Bonomi, Nélida Piñon e Olga Borelli. O que têm em comum? A paixão por Clarice Lispector é o que os une no recente livro Clarice na memória de outros (Editora Autêntica). Organizada por Nádia Battella Gotlib, uma das principais pesquisadoras da vida e obra da escritora, a publicação reúne depoimentos/registros de 65 autores. O lançamento, em Brasília, ocorreu no dia 14 de maio. Aqui no Rio, acontecerá nesta quarta-feira, dia 22, às 19 horas, na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon.
Clarice na memória de outros reúne registros, em sua maioria inéditos, como cartas, fragmentos, entrevistas, anotações, artigos, poemas e crônicas de pessoas que tiveram diferentes modos de relacionamento com a escritora: amiliares, amigos, admiradores, jornalistas, editores, pesquisadores, artistas plásticos, músicos, diplomatas, atores, escritores e críticos. O resultado é um grande painel de 500 páginas que ajuda a desvendar quem foi a escritora sob diferentes perspectivas.
“São depoimentos que coletei ao longo das últimas décadas, desde os anos 1980, quando comecei a dar cursos de pós-graduação sobre Clarice Lispector na Universidade de São Paulo. Tais textos ajudam a entender quem foi essa escritora hoje tão lida. Alguns foram escritos especialmente para a coletânea,
a meu pedido. Outros foram anteriormente publicados, mas permaneceram inéditos em livro. Mas todos eles permitem que os leitores se aproximem de Clarice: como era a rotina de trabalho da escritora? Como se relacionava com outras pessoas? Quais os fatos marcantes em cada fase de sua vida? Importante considerar que, ao fazer o seu relato, cada autor está também a se revelar. Eis a vantagem de trazer ao público diferentes ‘vozes’ sob a forma de ‘textos’, com suas peculiaridades autorais”, conta Nádia.
Da mulher ora avessa a convenções, ora demandando a presença daqueles por quem tinha afeto, podemos descortinar Clarice por vários olhares. Ana Maria Machado revela como conseguiu se desvencilhar de uma situação desconfortável provocada pela escritora. Nélida Piñon relata a história de
formação de uma amizade entre as duas que se consolidou ao longo dos anos.
E que tal o Congresso de Bruxaria a que compareceu Clarice, segundo o olhar do jornalista Ignácio de Loyola Brandão, que lá esteve presente? Como a jovem Bruna Lombardi conheceu Clarice Lispector? Retrato singular surge em crônica de Rubem Braga, que nos conta como Manuel Bandeira
inesperadamente se vê diante de Clarice Lispector.
Há também fotos. É o caso da imagem que registra um encontro de escritores por ocasião da 22ª Feira do Livro de Porto Alegre, ocasião em que tais escritores, entre eles, Clarice, assinaram manifesto contra a ditadura. Ou da foto inédita de Clarice fantasiada de melindrosa, ao lado de outras convidadas para uma festa de carnaval na residência do diplomata brasileiro Miguel Ozorio de Almeida, em Washington, em 1958.