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Uma classe que não desistiu e teima em não desistir

Por Jayse Ferreira
Arte educador com especialização em Psicopedagogia. Venceu duas vezes o Prêmio Professores do Brasil em 2014 e 2017. Em 2019 foi escolhido como um dos 50 melhores professores do mundo pelo Global Teacher Prize. Professor da Escola de Referência em Ensino Médio Frei Orlando, Itambé
Pernambuco

O que torna uma data especial no nosso calendário? Ser considerada um feriado nacional? Um dia para trocas de presentes? Para muitos de nós, essas são as primeiras concepções que nos vêm à mente. Porém, nem todas as datas são celebradas e ganham o devido destaque em nosso país, e esse é justamente o caso do dia 28 de abril, Dia da Educação. 

A desvalorização ou até mesmo o esquecimento quase que total por parte da maioria dos brasileiros se dá como reflexo de anos de descasos com a docência tão escancarada na célebre frase de Darcy Ribeiro: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Com isso, a data passou a ser vivenciada por poucos entusiastas do terceiro setor que a utilizou como mote para premiações e menções de felicitação para alguns de nós professores.

Então veio a pandemia em 2020 como um furacão que foi devastando tudo por onde passava, desmantelando antigos hábitos e escancarando duras realidades em especial na Educação. Pais que nunca tinham participado sequer de uma reunião pedagógica na escola de seus filhos se viram obrigados a participar, mesmo que a contragosto, da vida escolar de seus filhos. No primeiro mês de escolas fechadas e ensino remoto, eles já sentiram o quão difícil e extenuante é a profissão de um professor(a). Frases como: “Ensinar é fácil, qualquer um pode fazer isso” ou “em casa o meu filho aprende mais do que na escola” … O que parecia tarefa fácil, que qualquer um poderia realizá-la, se mostrou uma habilidade cheia e especificidades inerentes a práxis docentes e que requer muito mais do que conhecimentos práticos sobre determinada área do conhecimento. Ser professor ultrapassa ministrar conteúdos e isso foi exatamente o que esses pais estavam sentindo na pele.

Há um ditado popular que diz: quem não aprende no amor, aprende na dor. E foi assim que muitas família sentiram a falta que fazem os profissionais da educação.

Espero que esse ano, o Dia da Educação seja lembrado e celebrado não só pela classe dos professores que, diga-se de passagem, vêm dando um show de profissionalismo, se reinventando como nenhuma outra categoria de profissionais deste país tenham feito até hoje.

Nesta quarta-feira, dia 28 de abril de 2021, espero que essa data tenha uma nova ressignificação. Que ela seja celebrada como o marco de uma classe de trabalhadores que não desistiu, mesmo diante do maior desafio educacional já vivido no país e que teima em não desistir de lutar para que, um dia, quem sabe, possamos ver se concretizar a fala do poeta cearense Bráulio Bessa que diz:

“Ah… Se um dia governantes prestassem mais atenção nos verdadeiros heróis da nação; ah… se fizessem justiça sem corpo mole ou preguiça dando-lhes o real valor, eu daria um grande grito: Tenho fé e acredito na força do professor”.

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