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Mídias na escola

Estudante ministra oficinas em escola municipal do Rio. Leia o relato de sua experiência.

Por Pedro Henrique França
Webmaster e roteirista

Um aluno se depara com a Matemática a todo instante, basta olhar para uma tabela de preços, a numeração do ônibus ou as placas de trânsito. A Língua Portuguesa também é bem corriqueira na vida de qualquer pessoa, seja na comunicação oral e escrita. O mesmo pode se dizer da Física, presente nos fenômenos naturais que, muitas vezes, passam despercebidos, como a gravidade e a refração da luz. Tudo aquilo que cerca o aluno e o cotidiano dele fazem parte do dia a dia da escola, ou quase tudo.

Uma coisa é certa, nos dias de hoje, a mídia também integra esse cotidiano dos estudantes tanto quanto a Matemática, a Língua Portuguesa, a Física e as demais áreas de conhecimento. É uma condição natural da vida contemporânea. Nas grandes metrópoles, alunos de várias classes sociais passam mais tempo online do que dormindo. Sem falar no tempo gasto com a programação dos canais de TV e com os recursos digitais portáteis mais e mais polivalentes.

E, ao contrário do que se pensa, isso não é, de todo, ruim. Não é abominável a ideia de que o aluno esteja usufruindo dos meios de comunicação e de sua linguagem durante boa parte (enquanto ainda saudável) do seu dia. Pode-se dizer que a TV e a internet arrombaram as portas das casas de fora para dentro e levaram a comunicação do mundo exterior para o quarto de cada aluno. O que vai fazer a diferença é o uso que o jovem faz dessa ferramenta poderosa.

Nos tempos de hoje, o desafio do professor é integrar o conteúdo disciplinar que os alunos precisam aprender com as ferramentas que eles têm à disposição. A esmagadora maioria dos alunos guarda no bolso um celular com múltiplos recursos, que, em vez de ser aproveitado, é proibido.

Mas algumas escolas da rede pública de ensino do Rio de Janeiro vêm incentivando o uso de tais tecnologias. Bem, pelo menos, foi o que eu constatei na minha breve experiência em sala de aula. Durante o primeiro semestre deste ano, ministrei oficinas de mídia para três turmas, do 7º ao 9º anos do Ensino Fundamental, da Escola Municipal José Emygdio de Oliveira, localizada em Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio.

O convite partiu da simpática coordenação da escola em virtude do programa Mais Educação, do Ministério da Educação (MEC), que incentiva escolas com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) a convocarem técnicos de diversas áreas de formação para ministrarem oficinas, em tempo extracurricular, com o objetivo de incentivar a permanência do aluno em tempo integral na escola. No meu caso, como técnico em roteiro de mídias digitais, formado pelo Núcleo Avançado em Educação (NAVE), Colégio Estadual José Leite Lopes, fui convocado para as oficinas de Mídia e Informática.

Meu trabalho era ensinar os alunos uma maneira construtiva de usar as mídias como método de aprendizado. Lembrando que o aprendizado vai muito além das paredes da escola. Mídia serve para a formação tanto quanto qualquer outra matéria da escola. Envolve conhecimento e cidadania. Envolve ética, no contexto do papel do jornalismo, a capacidade de persuadir através do discurso que a publicidade demanda. Envolve a arte de contar uma história através dos olhos do outro. Bem como o trabalho de pesquisa e cultura geral.

Foi um período curto, mas intenso. As oficinas me deram a oportunidade de trocar ideias sobre política, pedagogia, psicologia e vários aprendizados de cultura geral que os estudantes, conforme me garantiram, vão levar para o resto da vida. Também aprendi muito. E descobri que, no fim das contas, dentro da sala de aula, o professor se torna aluno. Aos professores, fica o apelo: não lutem contra a participação da mídia na vida estudantil. Aprendam a usá-la a favor da educação. Alunos: aprendam que a internet vai além das redes sociais, a televisão, além das novelas e os celulares não só servem para ficar ouvindo música por aí e tirar fotos no espelho para postar no Facebook. Esse pode ser o grande diferencial que a educação brasileira tanto carece.

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Lucas dos Santos
11 anos atrás

Meu caro, ótimo artigo. É gratificante trabalhar contigo na Confraria Independente e saber que pensamos projetos de utilidade pública relevante, que vão proporcionar um “up” no desenvolvimento de novas estratégias pedagógicas que visam construir uma escola nova.
Hoje, meu objeto de pesquisa, lá em Filosofia, está sendo Filosofia, Tecnologia, Ciência e Mídias. E minha ideia é pensar em uma “filosofia das mídias sociais”, ainda embrionária. Você sabe que nosso trabalho na Confraria é o start para esse trabalho de pesquisa.
Sucesso a você, sucesso a nós!
Abraço.

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