Por Mari Cecilia Silvestre da Silva
Mestre em Linguísta e Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Professora da Secretaria Municipal de Educação de Icapuí
Icapuí – Ceará.
Todo dia é Dia da Educação até porque o dia a dia da organização escolar torna-se a própria vida das famílias, dos estudantes e dos professores e professoras, em intensa rotina de trabalho, formando de modo direto e planejado as gerações que se sucedem, incansavelmente. Mas, a proposição de um dia alusivo ao que está no cerne dessa data, a profissão docente, é importante para colocar em destaque o seu papel fundamental para a sociedade.
Tratando-se da importância da data, em plena pandemia, pesam as declarações de funcionários do governo federal sobre a “categoria dos professores ser a única a não querer voltar ao trabalho”, chocando a maioria dos brasileiros, pois o que foi e continua sendo extraordinário é a capacidade de adaptação desses profissionais aos novos métodos de ensino-aprendizagem, a adesão ao arcabouço de novos conhecimentos, obtidos sob a pressão da necessidade de adaptação: descoberta compartilhada e orientada pelas instituições gestoras do ensino das ferramentas digitais voltadas para a educação, web conferências, reuniões e planejamentos online, gravações de aulas, devolutivas de atividades, reuniões virtuais com as famílias, exigindo a reinvenção do modo de ser e viver a docência.
Nesse momento de pandemia, é importante manifestar apoio e consideração a esse trabalho que não parou nem por um dia, no cumprimento do calendário letivo escolar, tendo à frente professores e professoras do Brasil, dando o melhor de si, mesmo diante das adversidades que se apresentam, não só nos desafios diários de manter o sistema funcionando, mas também na superação do estresse e adoecimento de muitos, considerando a sobrecarga emocional da pandemia que trouxe números crescentes e absurdos de mortes não avisadas.
As desigualdades sociais do Brasil, tão evidentes nos sistemas escolares, responsáveis por exclusões no desenvolvimento humano e social da maioria de crianças e jovens, crescem com as novas modalidades de ensino e aprendizagem, onde professores e estudantes, sem acesso à internet de qualidade e equipamentos de trabalho e estudo, sofrem mais uma exclusão.
Essas considerações levam-nos a pensar sobre a dimensão política da doença e do adoecimento, sobre o fato de a Covid-19 ter evidenciado as condições precárias e desumanas em que vive grande parte da população brasileira, sem acesso às condições básicas de saúde e sobrevivência, tanto mais de inclusão nos espaços virtuais. Vamos lembrar do “Dia da Educação” como mais um dia de luta por direitos constitucionalmente constituídos e sempre descumpridos em nosso país.