Photoshop comemora maioridade

Por Marcus Tavares

A velha máxima de que uma imagem vale por mil palavras bem que poderia ser lida, nos dias de hoje, da seguinte forma: uma imagem também vale por mil retoques. Que o digam as ferramentas digitais. A novidade não é atual. O photoshop, editor de imagem mais conhecido no mundo, data de 1990. De lá para cá, o software passou a ser instumento de trabalho da mídia, especialmente da publicidade e propaganda.  Passados 20 anos, o limite entre o real e o ficcional ainda incomoda e chama a atenção de muitos. O tema veio à tona novamente este mês.

Em Londres, o Advertising Standards Authority, órgão que cria as regras de publicidade, eterminou que outdoors montados pela fabricante de cosméticos Lancôme deveriam ser removidos das ruas, já que traziam imagens do rosto da atriz Julia Roberts com uma pele perfeita demais para ser verdadeira. Em entrevista à BBC, Jo Swinson, membro do parlamento inglês, declarou que “essa medida demonstra que o órgão regulador de publicidade está a par da natureza desonesta que os retoques excessivos em imagens têm demonstrado”. O parlamentar também afirmou que imagens com rostos perfeitos e corpos superdefinidos estão por toda parte, mas eles não refletem a realidade.

No Brasil, Caetano Veloso não gostou do que viu na capa da revista Rolling Stone, de julho. Ele aparece ao lado da cantora Gal Gosta, mas sem rugas. Prestes a completar 69 anos, ele afirmou que nunca fez uma cirurgia plástica. No Programa do Jô, da Rede Globo, o cantor disse que odeia Photoshop: “Parece coisa de político. Não gosto nem de pó de arroz”, disse.

Coincidências à parte, a Associação Médica dos Estados Unidos se reuniu, em julho, com as agências de publicidade do país para pedir que parem de fazer alterações em fotografias a ponto de passarem falsas expectativas aos consumidores.

PL 6.853/2010

Por aqui está em tramitação na Câmara de Deputados Projeto de Lei 6.853/10, do deputado Wladimir Costa, que determina que imagens utilizadas em peças publicitárias ou publicadas em veículos de comunicação, que tenham sido modificadas com o intuito de alterar características físicas de pessoas retratadas, tragam a seguinte mensagem: “Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada”.

“Esses exageros são cada vez mais constantes, inundam os meios de comunicação e influenciam significativamente na formação dos padrões de beleza, sobretudo dos padrões de beleza femininos. Pesquisa recente realizada nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que os americanos são expostos, em média, a mais de três mil anúncios publicitários por dia, na televisão, na Internet, em outdoors, em jornais e em revistas. No Brasil, apesar de não termos estatísticas dessa natureza, tudo leva a crer que a exposição, sobretudo dos jovens, a conteúdos publicitários também é bastante
intensa – basta lembrar que o mercado publicitário brasileiro cresce a taxas altíssimas, e movimenta mais de R$ 22 bilhões por ano”, destaca o deputado.

De acordo com o projeto, quem desobedecer a lei, caso seja aprovada, pagará multa de R$ 1.500,00 a R$ 50 mil, cobrada em dobro, em triplo e assim sucessivamente, na reincidência.

Leia, aqui, na íntegra o PL

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