Por Marcus Tavares
A preocupação com o meio ambiente e sua relação com os estudantes e responsáveis já faz parte há alguns anos do dia a dia da Escola Municipal Medalhista Olímpica Mayra Aguiar da Silva, localizada em Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Em 2018, um grupo de professores criou o Peama (Projeto de Educação Ambiental da Escola Municipal Medalhista Olímpica Mayra Aguiar da Silva) com o objetivo de mobilizar a comunidade escolar para as questões socioambientais. Três ações foram desenvolvidas: estudos da qualidade da água, coleta seletiva e reaproveitamento de óleo vegetal. De lá para cá, o projeto continua, embora a equipe de professores não seja mais a mesma. Desde o início do ano letivo de 2022, a escola também passou a integrar o programa Esse Rio é Meu, reiterando a importância da preservação e recuperação dos rios da cidade.
“A unidade foi inaugurada em 2016. Neste mesmo ano, realizamos um concurso de fotografia. E as duas fotos premiadas retratavam o descarte irregular de lixo próximo ao Rio Campinho. Essa questão despertou o interesse dos estudantes, provocando uma reflexão sobre o que podia ser feito. No ano seguinte, começamos uma intervenção junto ao leito, colocando plaquinhas para conscientizar a população local. Em 2018, então criamos o Peama, reunindo professores e disciplinas eletivas sobre análise da água, práticas sustentáveis, reciclagem e reconhecimento do território. O projeto avançou, fomos até mesmo apresentar nossas propostas para o então vereador Célio Lupparelli [autor da Lei 6.535, de 22 de abril de 2019, que estabelece a criação do Programa Esse Rio é Meu na rede municipal de ensino do Rio]”, explica Jaqueline Azambuja Barbosa Martins, professora de Ciências e uma das idealizadoras do Peama.
O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura do Rio, em parceria com a oscip planetapontocom e a concessionária Águas do Rio – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas da rede pública de ensino do Rio ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade. A Escola Municipal Medalhista Olímpica Mayra Aguiar da Silva vem trabalhando com o Rio Campinho.
Formada em Ciências Biológicas, pela Uerj, Jaqueline acredita que a pandemia da Covid-19 impactou a educação de uma forma geral. Na visão da docente, parece que antes da pandemia havia um maior engajamento da comunidade. “Sinto que, às vezes, há um sentimento de descrença nas pautas de meio ambiente. Não penso assim. Pelo contrário, sou uma otimista e acho que a escola tem um papel crucial na conscientização das crianças e dos jovens, que acabam influenciando suas famílias, a comunidade”, destaca.
Segundo a professora, Campo Grande, assim como outros bairros do Rio, poderia ser impactado positivamente pela limpeza dos rios. Trata-se, inclusive, de uma região que tem uma grande quantidade de áreas verdes e uma vocação ao ecoturismo, com o Parque Estadual do Medanha e o Parque Estadual Pedra Branca.
Atualmente, a professora vem desenvolvendo atividades junto ao Peama e ao Esse Rio é Meu na disciplina eletiva que ministra. Neste ano, 32 estudantes – do 6º ao 9º ano – já visitaram o rio, conversaram com os moradores para entender mais de perto a real situação do Rio Campinho. “Também colocamos placas em alguns trechos apontando para a importância da preservação do rio e fizemos a coleta do solo que fica à margem do rio para análise. Quero ver com a turma, por exemplo, a quantidade de plástico do solo do entorno. E a partir daí pensarmos no que podemos fazer mais ainda para a saúde do ecossistema”, finaliza.
