Biólogo brasileiro no prêmio mundial de meio ambiente

Pedro Fruet, biólogo e co-fundador da ONG Kaosa, foi um dos premiados deste ano do prestigiado Whitley Fund for Nature (WFN), do Reino Unido, considerado por muitos como o Oscar Verde, o maior prêmio mundial da área ambiental. Pedro foi escolhido por conta de seu trabalho de conservação dos botos-de-lahille, no Estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

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Os principais problemas de conservação enfrentados pelos botos são colisões com embarcações, poluição ambiental, geração de ruídos no meio aquático e a captura acidental em redes de pesca de emalhe. Esta última, consequência do aumento do esforço pesqueiro devido sobre exploração dos estoques de peixes, é considerada a mais preocupante atualmente.
Estima-se que a população de botos que habita o estuário da Lagoa dos Patos e costa adjacente esteja atuando no seu limite biológico de reposição e que um pequeno aumento nas taxas de mortalidade por causas não naturais possa causar o seu declínio em médio prazo.

Por esta razão o projeto monitora regularmente a população através do uso da múltiplas técnicas, como por exemplo a foto-identificação. A partir da foto-identificação é possível reconhecer cada indivíduo através de suas marcas naturais na nadadeira dorsal, permitindo estimar o tamanho da população a cada ano e verificar tendências no tamanho populacional. Ao mesmo tempo, durante os monitoramentos embarcados, pesquisadores estudam a comunicação dos botos e como os ruídos ambientais causado por atividades portuárias e de embarcações impactam na sua comunicação e seleção de habitat.

Outras atividades científicas como estudos sobre a genética, estrutura social, mortalidade de animais encontrados na praia e coleta de material biológico também fazem parte do monitoramento sistemático que vem sendo conduzido. De acordo com Pedro Fruet, o monitoramento da população é essencial para a conservação da espécie no litoral sul do Brasil: “somente através de um olhar permanente e de longo-prazo torna-se possível compreender como estes animais respondem as ações humanas e propor medidas coerentes que possam mitigar os seus efeitos negativos, caso seja necessário”, destaca Fruet, que também ressalta a necessidade da inclusão dos atores sociais envolvidos para que estes processos de conservação sejam bem sucedidos: “sabemos que os processos de conservação, normalmente, são balizados por restrições totais ou parciais de atividades e que isso pode impactar na vida das comunidades, afetando seus meios culturais, sociais ou mesmo econômicos – e isso não pode ser ignorado em hipótese alguma”.

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