A história de um nome

Por Artur Melo, 13 anos
Estudante do 8º ano do Ensino Fundamental, da Escola Sá Pereira

Será que a gente seria a mesma pessoa se não tivesse o nome que tem? E se me chamasse Pedro? Antonio? Gabriel? Acho que eu seria diferente, ao menos um pouco. É porque quando se escolhe um nome se escolhe por um motivo, por uma história. Então, quando nascemos já temos essa história pra contar. E histórias sobre nós fazem com que já sejamos um pouquinho de determinado jeito.

Eu, por exemplo, me chamo Artur por alguns motivos. Nomes pequenos, fortes, difíceis de virarem apelidos agradavam os meus pais, também tinha a história do Rei Artur, o da Távola Redonda. Mas o principal motivo que determinou de vez a escolha é porque meu bisavô se chamava Artur. Ele era um avô muito especial para minha mãe. Virava seu aluno quando ela resolvia brincar de escolinha, geralmente porque tinha prova e esse era seu jeito de estudar. Assim, ela foi virando professora e ele foi seu primeiro aluno. Depois, também aproveitaram as férias juntos, andando de bicicleta e lendo gibis até dizer chega!

Meu bisavô nasceu e viveu sua infância e adolescência em Portugal, dando o maior duro. Mais tarde, veio para o Brasil atrás de uma vida melhor como vários outros. Chegou aqui, tudo difícil de novo. Trabalho, trabalho, trabalho. Provavelmente estudou pouco. Devia gostar dessa brincadeira de ser aluno da minha mãe, um jeito de aprender as novidades que se aprende nas escolas. Minha mãe lembra que ele gostava de Geografia, devia imaginar lugares, mapas, navios, terras distantes. Então, o meu nome já tem essa história toda junto com ele. Quer dizer, eu também já tenho essa história toda que não teria se me chamasse, por exemplo, José.

Pesquisando, descobri alguns significados de Artur: Homem Urso. Rei Urso, forte, nobre, corajoso. Depois, conversando com a minha mãe, contando pra ela esses significados, fui percebendo que todas essas qualidades tinham mesmo a ver com ele. Que de todos os animais, talvez, o urso seja o que mais combina. O Artur, meu bisavô, era muito alto e bem largo. Ela diz que seus abraços eram mesmo de urso. Fico bem orgulhoso de ter este nome. E se eu me chamasse João?

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Valéria
Valéria
8 anos atrás

É… Muito bem contada essa história… Amei. E eu tenho muitas histórias dele, diferentes das da sua mãe porque ela era pequena e eu tinha em torno de 10 anos, quando tivemos uma convivência mais intensa ainda, diária, morando na mesma rua durante alguns anos. Eu AMAVA conversar com ele. Me contou muitas histórias e quem dera eu me lembrasse da metade. Mas lembro de muitas histórias dele e com ele. Já o irmão da sua mãe tem um tanto de outras histórias com o avô Artur posto que, já um rapazinho, foi na loja dele a primeira vez que trabalhou um pouco e ganhou o seu próprio dinheiro. Ele adorava. Se você quiser saber várias coisas que ele viveu na infância… sobre como fez para casar com a sua bisavó numa espera muito longa; sobre o que brincava comigo, que já era maior; sobre como pensava politicamente naquela época da ditadura militar no Brasil… É… Muita coisa… Muita saudade dele. Que bom você ter mexido nessa história toda e obrigada por esse lindo texto.

Lilian Marttorelli
Lilian Marttorelli
8 anos atrás

Que texto lindo!!! Um orgulho!!!! Não esquece de me avisar quando você já estiver publicando seus livros…quero seu autógrafo, menino de Ouro!!!!

Sylvia de Castro
Sylvia de Castro
8 anos atrás

Adorei saber a história de seu nome e de seu avô urso. Parabéns, Artur! Meu nome vem de selva. Por isso, tenho um lado selvagem.

Alice Ramos
Alice Ramos
8 anos atrás

Muito legal, Artur. Sempre gostei de saber a história dos nomes dos meus alunos. Acredito ser importante a gente saber que nossa história tem como ponto de partida a história de outra pessoa. Parabéns! Continuo esperando a coletânea. Beijão. Alice

Livia
Livia
8 anos atrás

Sempre penso muito que nome é história.. carregado, cheio de informações para além dessa que a gente escreve agora! Obrigada por confirmar isso com a sua!!!

Beth
Beth
8 anos atrás

Artur, mais um texto lindo! Estava com saudade de ler suas histórias.
Obrigada! Beijos. Beth

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