Desperdício em Educação

A educação de má qualidade está deixando um legado de analfabetismo maior do que o previsto, aponta relatório da Unesco. Confira.

O 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, produzido pela Unesco e divulgado no dia 28 de janeiro, revela que uma crise mundial na aprendizagem está custando aos governos US$ 129 bilhões por ano. Dez por cento do custo mundial em educação primária está sendo desperdiçado na educação de baixa qualidade, que não garante a aprendizagem das crianças. Esta situação deixa um em cada quatro jovens em países de baixa renda incapazes de ler uma única frase. O relatório conclui que bons professores são a chave para a melhoria e apela aos governos para oferecer o que há de melhor na profissão docente para aqueles que mais precisam.

O Relatório deste ano, Ensinar e aprender: alcançar a qualidade para todos, alerta que sem atrativos suficientes e treinamentos adequados para os professores, a crise na aprendizagem permanecerá por várias gerações e afetará os desfavorecidos com mais intensidade. Em muitos países da África Subsaariana, por exemplo, o documento revela que somente um entre cinco crianças pobres completam a educação primária com formação básica sólida em leitura, escrita e matemática.

A educação de má qualidade está deixando um legado de analfabetismo maior do que o previsto.  Cerca de 175 milhões de jovens em países de baixa renda – equivalente a cerca de um quarto da juventude mundial – não sabem ler nada ou somente conseguem ler parte de uma sentença. Um terço dessa quantia são mulheres jovens no Sul e Oeste da Ásia.

“O futuro desta geração está nas mãos dos professores”, disse a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova. “Precisamos de 5,2 milhões de professores contratados até 2015, e precisamos trabalhar mais para apoiá-los a fim de oferecer às crianças o direito a uma educação universal, gratuita e de qualidade. Precisamos também ter certeza de que haja um comprometimento explícito com a equidade nos novos objetivos da educação mundial após 2015, com indicadores que monitorem o progresso dos marginalizados para que ninguém seja excluído”.

Pauline Rose, diretora do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, disse: “Qual é o propósito de uma educação se as crianças crescem, após anos na escola, sem as habilidades que precisam? O grande número de crianças e jovens analfabetos significa que é crucial que a igualdade no acesso e na aprendizagem seja priorizada nos futuros objetivos da educação. Os novos objetivos após 2015 devem garantir não somente que todas as crianças estejam na escola, como também que estejam aprendendo o que precisam aprender”.

O Relatório faz as seguintes recomendações:
1.    Os novos objetivos na educação após 2015 devem incluir um compromisso explícito com a equidade para que todas as crianças tenham oportunidades educacionais iguais. Os novos objetivos precisam ser claros, com metas mensuráveis e com indicadores que monitorem o progresso dos mais desfavorecidos.

2.    Os novos objetivos após 2015 devem garantir que toda criança esteja na escola e aprenda o básico. As crianças não somente têm o direito de estar na escola, como também de aprenderem enquanto estiverem lá, além de crescerem com habilidades que precisam para encontrar trabalho seguro e bem-remunerado.

3.    Garantir que os melhores professores possam estar disponíveis para aqueles que mais precisam deles. Os planos nacionais de educação devem incluir um comprometimento explícito para atingir os marginalizados. Os professores devem ser recrutados localmente ou devem ter o passado similar aos dos aprendizes desfavorecidos. Cada professor precisa de formação prévia e de treinamento ao longo de sua carreira com relação a maneiras de direcionar o apoio às crianças desfavorecidas. Os incentivos devem ser fornecidos para garantir que os melhores professores trabalhem em áreas remotas ou mal servidas. Os governos devem trabalhar para conservar os melhores professores, fornecendo-lhes boa remuneração – pelo menos para que tenham suas necessidades básicas garantidas –, boas condições de trabalho e plano de carreira.

O Relatório e o Brasil

O Brasil está entre os 53 países que ainda não atingiram e nem estão perto de atingir os Objetivos de Educação para Todos até 2015, apesar de ter apresentado importantes avanços no campo da educação ao longo das duas últimas décadas. O país avançou nos últimos anos? Sim. O acesso ao ensino fundamental está quase universalizado, com 94,4% da população de 7 a 14 anos incluídos nesse nível de ensino. A proporção de jovens na idade própria que se encontra no ensino médio é mais que o dobro da existente em 1995, mostrando expressivo avanço no acesso à educação secundária. Houve redução das taxas de analfabetismo entre jovens e adultos, bem como aumento no acesso ao ensino superior. No entanto, aponta o relatório, o Brasil precisa melhorar ainda mais. Ao oferecer uma educação de qualidade, o país contribui para a erradicação da pobreza, a redução da mortalidade infantil, o controle do crescimento populacional, a igualdade de gênero, o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia.

Acesse o relatório conciso
Acesse o relatório completo, em espanhol

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