Vinte e quatro empresas brasileiras dos ramos de bebida e alimentação assinaram, na última terça-feira, na sede da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), um acordo pelo qual se comprometem publicamente a não investir em publicidade, seja em que mídia for, voltada para crianças menores de 12 anos. A decisão entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2010. Entre as instituições signatárias estão Coca-Cola, Unilever, Nestlé, Sadia e McDonald’s.
Pelo documento, que também prevê limitações em propagandas nas escolas, as empresas deixarão de fazer publicidade diretamente para crianças e pré-adolescentes, e os pais passarão a ser o público-alvo. A decisão de compra ficará nas mãos dos pais, apesar do conhecido poder de convencimento dos pequenos consumidores.
As entidades signatárias também se comprometem a promover, no contexto de seu material publicitário e promocional, quando aplicável, práticas e hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e/ou a realização de atividades físicas. Todas têm até o final deste ano para estabelecer e divulgar suas diretrizes individuais para a publicidade infantil.
De acordo com a ABIA, a instituição usou diversos estudos científicos para convencer os associados à entidade e à Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) da importância de criar restrições à publicidade de alimentos e bebidas para as crianças.
Países como EUA, Canadá e de parte da União Europeia já criaram regras para tirar o público infantil do foco das empresas e agências de publicidade. Algumas multinacionais, como Nestlé, Unilever e a Kraft Foods, já adotavam no Brasil uma linha muito parecida de comunicação, de acordo com o código de conduta das matrizes.
A Nestlé, por exemplo, abandonou a divulgação da linha infantil de alimentos nas escolas e deixou de fazer a degustação dos lançamentos nos supermercados. Até a Walt Disney aderiu à guerra contra os alimentos não saudáveis e limitou o licenciamento de seus personagens aos produtos que se enquadrem em certos critérios para caloria, gordura, gordura saturada e açúcar.
Confira, na íntegra, o acordo assinado e a relação nominal das 24 empresas
Muito boa a iniciativa. No entanto, as mídias em TV, Rádio e demais veículo de massa não excluem o público infantil, pois sua afinidade, por se tratar de comunicação em massa, sempre se aproximam da divisão seccional por idades da população universal. Portanto, apesar de ser bastante oportuna a decisão, ainda assim, suas campanhas publicitárias vão atingir as crianças. Seria mais objetivo, nesse caso, a questão do conteúdo e mensagem publicitária, do que o canal de exposição da comunicação.