Uniforme

Uniforme 'dedura' aluno na rede municipal de Vitória da Conquista.



Com dados da Folha de S. Paulo e Instituto Millenium

Com o objetivo de ‘dedurar’ os alunos que matam aula, um novo uniforme vem sendo usado pelos estudantes da rede municipal de Educação de Vitória da Conquista, na Bahia. A vestimenta avisa aos pais se os seus filhos estão ou não na escola. Baseado em rádio-frequência, o uniforme funciona por meio de um minichip instalado na camiseta. De acordo com a secretaria municipal de Educação, no momento em que os alunos entram na escola, um sensor instalado na portaria detecta o chip e envia um SMS aos pais avisando sobre a entrada na instituição.

Se, em 20 minutos após o início da aula, o aluno não passar por lá, o aviso muda de tom e os pais recebem a frase: “Seu filho ainda não chegou na escola”.  Em depoimento à Folha de S. Paulo, o secretário municipal de Educação, Coriolano Moraes, disse que a ideia é manter os pais informados sobre a frequência dos alunos.”Percebemos que muitos pais deixavam os alunos na escola, mas logo saíam correndo para o trabalho e não viam se eles entravam”, afirma.”Depois, quando chamávamos para uma reunião, eles ficavam surpresos com o número de faltas dos filhos.”

A distribuição, segundo Moraes, tem o objetivo de evitar que os alunos descubram um jeito de burlar o sistema –o que, diz ele, é praticamente “impossível” devido a um sistema de segurança do chip. Ele também diz que a tecnologia é resistente. “Pode lavar, passar e dobrar”, diz. Ao todo, o valor investido foi de R$ 1,2 milhão. A estimativa é que o sistema funcione para os primeiros 20 mil alunos em até 15 dias. A metade restante deve ser contemplada até 2013.

Para o cientista político e especialista do Instituto Millenium, Alexandre Barros, a medida é invasiva e pode causar problemas futuros para a sociedade: “É uma absoluta invasão da privacidade e uma privação da liberdade individual. Se essa moda pega, cria-se uma geração inteira que acha normal a monitoração do Estado o tempo todo, como já se vê nas ruas. Você pode me dizer que o facebook não tem privacidade, mas você tem o direito de não usá-lo. No entanto, não se pode deixar de ir a escola ou sair de casa”, afirmou.

O especialista acredita que o Estado está confundindo seu papel ao implementar o projeto: “É dever da escola entrar em contato com os pais quando há ausência contínua dos estudantes. O que está acontecendo é um controle maluco. Daqui a pouco as empresas implementam a ideia e seu chefe vai saber o minuto em que você levantou e foi ao banheiro”, ironizou.

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