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Uma nova educação

O professor indiano Sugata Mitra participa da Campus Party 2012 e provoca a escola.

Estudantes vêem a educação dividindo conteúdos entre interessantes e não interessantes, relevantes e irrelevantes, dividindo-os em compartimentos separados, esse é um dos grandes problemas educacionais que deve ser contornado. // Sim, os professores podem ser substituídos por uma máquina. E o que pode ser substituído por uma máquina deve ser substituído. // O futuro da educação está na auto-educação. // O papel do professor do futuro seria o de apresentar questões que instigam a curiosidade das crianças, principalmente crianças com menos de 13 anos, mais abertas ao conhecimento e menos ligadas a questões como classes sociais. A reação de crianças abaixo dos treze anos é exatamente igual em qualquer lugar do mundo. O emprego dos professores não seria ameaçado. Seria diferente.//  Se tiver que projetar os próximos cinco anos, eu diria que o celular vai desaparecer. A tecnologia do celular poderá ser transferida para o cérebro humano.

As ideias polêmicas – acima – são de Sugata Mitra, indiano, radicado na Inglaterra, especialista em tecnologia educacional, que foi convidado para participar da Campus Party deste ano, em São Paulo. Ele falou para o público nesta terça-feira, dia 7 de fevereiro.

Professor de Tecnologia Educacional da Newcastle University, na Inglaterra, e professor visitante do Massachusetts Institute of Technology, o prestigiado MIT, no Estados Unidos, Sugata é idealizador do projeto Hole in the Wall (o buraco na parde), desenvolvido na ìndia, pelo qual crianças de uma comunidade carente passaram a contar com acesso à internet, disponibilizada por meio de um computador, colocado em uma das paredes da comunidade.

“‘Entre 1999 e 2001, na Índia, havia muitas crianças sem acesso a computadores, e quase nenhum professor para ensinar informática”, disse Mitra à Revista Época. O professor resolveu testar a reação das crianças ao aparelho sem a ajuda de professores, simplesmente colocando um no meio de uma favela indiana. Não havia ninguém para ajudar no uso, mas a máquina tinha monitoramento remoto. Estava equipada com teclado, mouse e o mecanismo de busca na web popular na época, o Altavista.

“Crianças que não sabiam inglês estavam surfando na web, ensinando umas às outras”, disse o professor. A equipe de Sugata conseguiu verba do Banco Mundial para prosseguir com a pesquisa, que foi replicada em outras cidades da Índia e da África do Sul. Além de dados, os computadores da nova fase também enviavam fotografias de quem estava usando a máquina e imagens da tela navegada, de dois em dois minutos. Para garantir que apenas crianças navegassem, o teclado e o mouse ficavam em uma caixa de madeira, com um buraco para caber apenas mãos bem pequeninas.

De acordo com matéria publicada pela Revista Época, até 2004, segundo Mitra, 1 milhão de crianças aprenderam sozinhas a usar o computador, em grupo, ensinando umas às outras. E aprenderam o básico de inglês, para poder se comunicar com o mundo. “Em apenas 9 meses, as crianças chegavam no nível de secretárias que trabalham com o computador”, disse.

A partir de 2004, a pesquisa seguiu rumos ambiciosos. A demanda por pessoas que falam língua inglesa nos empregos indianos – principalmente em call centers – era, e é, grande na Índia. A ideia de Mitra foi introduzir no computador de uma turma específica um programa que transforma em texto as palavras ditas em inglês. “No começo, elas falavam e o computador não entendia. Disse que elas teriam que fazer com que o computador entendesse”, afirmou. “Voltei 2 meses depois e cumprimentei uma criança: ‘How are you?’ (‘Como está você?’). Ela respondeu ‘Fantastic’ (‘Fantástico’)”, disse. Segundo Mitra, os estudantes tinham baixado uma versão online do Dicionário Oxford. Assim, buscavam a palavra, ouviam a pronúncia e repetiam para o programa instalado pelo pesquisador, que reproduzia a mesma palavra na tela. Era só conferir. “Um professor faria isso. Mas o professor (ele mesmo) foi embora, e só voltou dois meses depois”.

Outra evolução da pesquisa foi um teste arriscado, e o resultado, segundo Mitra, era analisar o fracasso. O ‘problema’ é que não houve fracasso. A proposta: Será que crianças na pré-adolescência entenderiam um texto que explica a biotecnologia na reprodução do DNA? No primeiro teste sobre o assunto, todos tiraram zero, como era de se esperar. Dois meses depois, a mesma coisa. O interessante é que ninguém, segundo Mitra, deixava de se interessar em tentar. Mais dois meses se passaram e o nível de acerto em um novo teste foi de 30%. Sugata Mitra queria 50%, o mesmo nível obtido por crianças das melhores escolas particulares de Nova Deli, capital da Índia.

A estratégia para alcançar esse objetivo foi simples: Escolher uma aluna simplesmente para incentivar as crianças, dizendo coisas como “Fantástico! Na minha idade eu faria muito menos”, mesmo que o resultado do ‘aluno’ em questão não fosse satisfatório. No terceiro teste, as crianças acertaram metade das questões, afirma Mitra.

Atualmente, as pesquisas com crianças e computadores são aplicadas por Mitra em vários países, inclusive no Brasil. Aqui, o estudo é feito na Casa do Zezinho, um projeto social de educação para crianças de de favelas da Zona Sul de São Paulo.

Acompanhe as notícias da Campus Party 2012. O que é Campus Party? Um dos maiores acontecimentos de tecnologia e internet do mundo. O evento que acontece em São Paulo reúne 7 mil campuseiros. Na programação, debates, mesas redondas, trocas de experiência.

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