Por Marcus Tavares
Editor da revistapontocom
O trânsito no Rio está cada vez mais caótico. Também não é para menos: nas ruas da cidade circulam cerca de 4.500 milhões de veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito. E, acreditem, a frota vai aumentar muito mais. Não faltam promoções, créditos, isenções e a poderosa influência da publicidade. Faça um teste: conte quantas propagandas de carros são exibidas por dia na TV. Garanto que a cada intervalo há, no mínimo, uma chamada.
Embora seja pouco explorado, o tema é um prato cheio para a escola. Há tantas questões que podem ser discutidas por alunos e professores, como a poluição do meio ambiente, as regras de trânsito, o respeito entre motorista e pedestre, o consumo desenfreado e a relação entre bebida e direção. Há poucos, mas interessantes exemplos. Na Barra da Tijuca, uma escola particular criou uma minicidade, na qual crianças da educação infantil têm a possibilidade de dirigir carrinhos e vivenciar o cotidiano das ruas.
O efeito deste trabalho na escola é visível no carro. Os pais motorizados sabem disso. De simples passageiros, meninos e meninas se transformam em verdadeiros fiscalizadores. Os responsáveis acham até bonito o discurso dos filhos, mas, infelizmente, na prática, não os ouvem. Aí fica difícil. Como esperar que as crianças de hoje tenham, amanhã, comportamentos mais sadios e positivos no comando do veículo?
Fico extremamente perplexo, por exemplo, com a violência verbal e gestual entre os motoristas. Nesta semana, mais uma vez, presenciei esta situação: incomodada por uma buzina de um carro, uma senhora, provavelmente uma mãe acompanhada de seu filho, sentado no banco de trás do automóvel, fez gestos obscenos, como mostrar o dedo do meio. Chegou a fazer os gestos com as duas mãos, soltando o volante do veículo que estava em alta velocidade. Não era preciso nem ser especialista em leitura labial para entender a enxurrada de palavrões que disse. E isso tudo na frente da criança. Um bom exemplo? Eis a educação para o trânsito que vem de casa.
Infelizmente, observamos as maiores demonstrações de selvageria no trânsito, Ser um cumpridor da legislação do trânsito é ser motivo da fúria de alguns motoristas que jamais deveriam estar sob a direção de um veículo motorizado. Muitos homens e mulheres, jovens ou não, quando de posse da direção de seu automóvel, se transformam em monstros destruidores de sua própria espécie, numa extrema falta de educação e respeito, consideram-se poderosos, a ponto de extrapolar todos os conceitos de razoabilidade e convivência humana. Falta educação, respeito e punição rígida para quem quebra as regras de civillidade no trânsito.