Pesquisa da Secretaria-Geral da Presidência da República, obtida com exclusividade pelo Estado de S. Paulo, aponta que as atividades de lazer e cultura mais populares entre os jovens de 15 a 29 anos são aquelas que não envolvem custos, como passeios em parques ou shoppings, idas a festas em casa de conhecidos e comparecimento a missas e cultos religiosos.
Cinema, teatro e espetáculo musica são asseios realizados em proporção muito menor. A forma mais popular de lazer fora de casa é o passeio em parques e praças – atividade realizada por 61% dos entrevistados. Logo depois, aparecem festas na casa de amigos (55%), seguidas por missas ou cultos religiosos (54%), bar com amigos (41%) e passeios em shopping centers (40%). Apenas 19% dos jovens afirmaram ter frequentado cinema nos 30 dias anteriores à pesquisa, índice que despenca para 4% quando se trata de ida ao teatro.
Em relação à frequência em atividades de lazer e cultura pelo menos uma vez na vida, os dados são igualmente alarmantes: 84% dos jovens brasileiros nunca compareceram a um concerto de música clássica, 65% jamais foram ao teatro e 59% nunca estiveram em uma biblioteca fora da escola.
Nos fins de semana, 79% dos jovens realizam atividades de lazer fora de casa, índice significativamente superior ao daqueles que optam por fazer algo em casa (44%), por praticar esportes (22%), por visitar parentes (14%) e por atividades religiosas (11%).Foram ouvidos no ano passado 1.100 jovens de todos os estratos sociais para a pesquisa, cuja margem de erro é de 3 pontos porcentuais.
O objetivo do estudo da Secretaria-Geral da Presidência é fornecer subsídio ao governo federal para implementar políticas públicas de juventude. “Os jovens têm muita vontade de passear e fazem aquilo que não custa nada como forma de se divertir nos fins de semana, alargar os horizontes e viver experiências que os tirem do universo mais restrito da casa”, diz a socióloga Helena Wendel Abramo, coordenadora de Políticas Setoriais da Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria-Geral.
Cinema
A atividade com maior disparidade entre os grupos sociais é o cinema, observa a socióloga. Entre o segmento mais pobre, 49% dos jovens já foram a uma sala de cinema, índice que sobe para 78% no universo de jovens de classe média e para 93% entre os mais ricos.
A pesquisa considera a renda per capita para definir a faixa em que o jovem se encontra: os mais pobres têm renda familiar per capita de até R$ 290 mensais; classe média de R$ 290 a R$ 1.018; e os mais ricos, acima deste valor.
Os pesquisadores também questionaram os jovens sobre o que gostariam de fazer nas horas livres, caso não tivessem de se preocupar com tempo nem com dinheiro. Para 59% dos entrevistados, a resposta espontânea e única foi “viajar”, mais do que o dobro (26%) daqueles que optaram por atividades de lazer e entretenimento. No entanto, para 61% dos jovens, a falta de dinheiro é a razão que os impedem de fazer o que gostariam.
Essa questão das preferencias dos jovens por diversões diversas, está relacionada a vários fatores, um dos que lhes fazem optar por diversão sem custos, é o fator econômico e financeiro, principalmente entre as classes menos favorecidas, que além de prestigiarem as festas dos amigos, rende bons momentos entre eles.
Consumir cultura é muito caro, e inacessível para as classes menos abastadas, que entre ir ao cinema, prefere sentar na praça de alimentação do shopping e saborear uma pizza com os amigos e jogar conversa fora; o que seria algo a ser pensado pelos produtores de cultura, desenvolver uma política de acesso dessas camadas populares ao cinema e teatro, entre outros, a exemplo do vale cultura, criado pelo governo, mas que teve pouca receptividade, e deve ser reformulado.