Por Maria Marta Avancini
De que maneira os dispositivos móveis e aplicativos afetam a mobilidade do saber e dos sujeitos no espaço digital? Este é o tema do segundo volume da série de livros digitais “e-urbano”, lançado no início de abril pelo Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb), ligado ao Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O livro está disponível para consulta e download no site do Labeurb, clique aqui
No volume, intitulado “Formas de mobilidade do espaço e-urbano: sentido e materialidade digital”, pesquisadores e colaboradores do Labeurb analisam uma diversidade de temas e problemáticas relacionadas à mobilidade no espaço em rede digital, denominado e-urbano. O conceito busca compreender de que maneira o espaço urbano e o espaço digital se sobrepõem, se constituem e se significam mutuamente, explica a lingüista e organizadora da série, Cristiane Pereira Dias.
O eletrônico como discurso
Segundo Dias, o “e-” de eletrônico se tornou parte constituinte do espaço urbano. Pode-se perceber isso, por exemplo, por meio de uma série de palavras que fazem parte da urbanidade nos dias de hoje: e-book, e-learning, e-busines, e-gov, e-comércio, e-cidadania, e-compras circulam pelo social na evidência do sentido – ou seja, como se o eletrônico fosse um sentido natural para todos.
O conceito de e-urbano abarca as relações sociais, os sentidos, o funcionamento da ideologia, o político, as tensões, enfim, “o real dessa relação de mão dupla entre o eletrônico e urbano”, analisados a partir da perspectiva do discurso eletrônico, o qual leva em conta a discursividade, ou seja, o modo como os efeitos linguísticos materiais se inscrevem na história.
“Mais especificamente, interessa-nos a observação das duas vias: como o espaço digital se estrutura e funciona na relação com o urbano e, ao contrário, como o espaço urbano se significa na estrutura e no funcionamento do digital”, analisa Dias.
A mobilidade no mundo contemporâneo
Os nove artigos que compõem o segundo volume da série “e-urbano” abordam temas relacionados à mobilidade, discutindo, a partir de várias perspectivas, como nos movemos no espaço digital, como os sujeitos e saberes se constituem nele, a sociedade, a linguagem, os corpos e os sentidos.
Um dos enfoques são os dispositivos móveis e os aplicativos, que comunicam os percursos de usuários a sistemas de rastreamento e de regulagem digital (por exemplo, através do compartilhamento e de dados fornecidos pelos sujeitos em postagens ou ao acessar sites). “O sujeito está cada vez mais conectado ao espaço digital (enciclopédias, redes sociais, blogs, sites, programas etc.) e seus percursos de saber são atravessados pelo e-urbano na formulação e na constituição de sentido”, analisa Dias, na apresentação do livro.
“Tudo isso produz uma mudança no que chamamos mobilidade, uma questão que está estritamente ligada à expansão e à urbanização do mundo, às formas de vida e às relações sociais”, conclui a lingüista.
A publicação faz parte do projeto e-Urbano, do Labeurb, coordenado por Dias, que o envolve toda a equipe de pesquisadores do laboratório, docentes da Unicamp e de outras instituições. O objetivo é discutir o espaço digital e o espaço urbano, buscando compreender como um influi e modela o outro.
O primeiro volume da série pode ser acessada aqui