Os utilizadores do Facebook vão poder passar a contar com uma terceira opção quanto ao gênero. Além de “masculino” e “feminino”, é possível desde quinta-feira selecionar uma opção personalizada. A alteração só está ainda disponível para a versão norte-americana da rede social.
De apenas duas, o Facebook passa agora a oferecer mais de 50 hipóteses alternativas de género aos utilizadores, tais como “transgênero”, “cisgênero”, “gênero fluído”, “intersexual” ou “nenhum”. Para além desta opção, os utilizadores podem escolher qual o pronome pessoal segundo o qual querem ser referidos. Para além dos tradicionais “he/his” (ele/dele) e “she/her” (ela/dela), está também presente o neutro “they/their” (eles/deles).
Ainda não é certo quando é que a alteração se vai estender a utilizadores de outros países. O Facebook desenvolveu este projeto depois de consultar várias organizações e especialistas em questões de gênero, de acordo com a Associated Press.
Na página Facebook Diversity pode ler-se uma entrada em que se justifica a alteração. “Quando se entra no Facebook para contactar com pessoas, causas e organizações, queremos que se sinta confortável para ser autêntico e verdadeiro.”
“Uma parte importante de tudo isto é a expressão do gênero, especialmente quando se estende além das definições apenas entre ‘masculino’ e ‘feminino’”, explicava a mesma publicação.
Decisão bem recebida
Calcula-se que existam pelo menos 700 mil pessoas nos EUA que se identificam como transsexuais, ou seja, indivíduos que vivem com um sexo diferente daquele com que nasceram, segundo o Williams Institute, um think tank especializado em questões de gênero.
A decisão do Facebook foi bem recebida por várias organizações não-governamentais, tais como a Human Rights Campaign. “Nos últimos anos, o perfil de uma pessoa no Facebook tornou-se a sua identidade online, e agora o Facebook deu este grande passo ao permitir a inúmeras pessoas que se representem mais honesta e rigorosamente”, afirmou o presidente Chad Griffin, citado pela AP.
O diretor-executivo do Centro de Direito Transgênero de São Francisco, Masen Davis, aplaudiu a alteração “por tornar possível que as pessoas sejam elas próprias online”.
As críticas vieram de organizações religiosas, que afirmam ser “impossível negar a realidade biológica de que a humanidade está dividida em duas metades: ‘masculina’ e ‘feminina’”. “Aqueles que pedem a mudança insistem que existe um número infinito de gêneros, mas apenas dizê-lo não o torna verdade”, afirmou à AP Jeff Johnston, um analista da Focus on the Family. “Dizendo isto, temos muita compaixão por todos aqueles que rejeitam o seu sexo biológico e acreditam que são do sexo oposto”, acrescentou.
Um dos responsáveis pela novidade é Brielle Harrison, engenheira de software na empresa. “Para muita gente isto não vai significar nada, mas para os poucos para quem tem impacto, isto vai ser o mundo”, afirmou a engenheira à AP, ela própria encontrando-se a meio de um processo de mudança de sexo. Harrison foi provavelmente uma das primeiras utilizadoras a fazer a modificação. No seu perfil já mudou de “feminino” para “TransMulher” (“TransWoman”).