Da próxima vez que você passar em frente a uma lan house, preste atenção. Você está diante de um fenômeno que cresce a cada dia que passa no Brasil e que, na prática, funciona muito mais do que um simples espaço de joguinhos para adolescentes, como muitos ainda pensam.
Com o objetivo de conhecer melhor o mercado desses espaços, suas tendências e potencial, a Fundação Padre Anchieta e a Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (Abcid) radiografaram a realidade das lan houses no país. Os dados levantados são significativos.
O Brasil conta, hoje, com 108 mil estabelecimentos. Só para se ter uma ideia, o número de agências bancárias em todo o território nacional não passa da casa dos 20 mil. A pesquisa mostra que a lan house significa local de compra, de aprendizado, de relacionamento e, sim, de entretenimento. Cerca de 48% dos brasileiros acessam a internet em lan houses, o que equivale a mais de 31 milhões de pessoas.
Quem frequenta os estabelecimentos? De acordo com o levantamento, 79% das pessoas são da classe D e E; 55% da classe C; 26% da classe B; e 8% da classe A. O estudo diz que 63% dos frequentadores têm Ensino Fundamental; 51% o Ensino Médio; e 26% o Ensino Superior.
O espaço é altamente visitado por jovens: 63% dos adolescentes entre 10 e 15 anos acessam a internet das lan houses; 60% dos jovens de 16 a 24 anos; e 38% dos que têm entre 25 e 34 anos. No quadro geral, 43% são trabalhadores e 57% estudantes. Cerca de 64% dos desempregados se conecta via lan house.
Para Cláudio Prado, coordenador do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital, há três movimentos distintos em direção ao futuro das lan houses. Um movimento reacionário que vê as lans como “antro da perdição”, numa confusão histórica de rejeição do novo. Outro que pretende legalizar as lan houses para explorar o comércio da conexão. E um terceiro que vê nas lan houses espaços potenciais de formação de cidadania cultural do século XXI.
“O terceiro movimento, no qual me incluo, enxerga um horizonte onde a Cultura Digital nas lan houses pode ser um atalho para criação de bolsões de alegria e de perspectivas de oxigênio para todos. As lan houses podem vir a ser os campinhos de várzea da cultura e assim sendo se tornar a quarta geração de uma cultura digital revolucionária”, destaca Cláudio Prado.