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Aspásia Camargo e seu projeto para Educação

Educação: o que eu quero para minha cidade? Este é o slogan da campanha da revistapontocom.Conheça a proposta e participe. Abaixo, você confere a entrevista concedida pela candidata à Prefeitura do Rio, Aspásia Camargo.

As entrevistas aqui publicadas não traduzem a opinião da revistapontocom. Sua publicação obedece ao propósito de promover o debate da política pública municipal de educação, no Brasil, com ênfase no Rio de Janeiro, e de refletir as diversas tendências de pensamento. O espaço está aberto a todos os interessados em se manifestar.


Por Marcus Tavares 

revistapontocom – Como a senhora avalia a qualidade da política de educação do Rio?
Aspásia Camargo Muitas vezes, temos um problema estatístico para fazer uma avaliação mais concreta. Mas, em linhas gerais, acho que a Educação no município do Rio é melhor do que a do Estado, embora a qualidade seja, de fato, ruim. Há uma taxa de repetência alta, o número de analfabetos funcionais também é significativo e a defasagem idade/série ainda se apresenta como um grave problema. Um cenário totalmente diferente de décadas atrás, quando a Cidade do Rio se orgulhava de sua rede de escolas públicas. Estamos hoje numa posição nada honrosa no Ideb, considerando que somos a segunda cidade mais rica do país. Estamos atrás de São Paulo e Minas Gerais. Cerca de 71% da população, de nossa cidade, não tem o Ensino Fundamental completo. A média de estudo do carioca é de oito anos e meio. É um dado péssimo. Essa decadência pode ser explicada, em parte, por uma evolução histórica. Éramos a capital do Brasil e quando deixamos de ser, o Estado do Rio de Janeiro se fundiu com o Estado da Guanabara, enfrentamos uma grande e séria crise financeira. Lembro que o Darcy Ribeiro tentou fazer com essa fusão uma boa plataforma educacional para nossas escolas, mas não conseguiu.

revistapontocom – Quais são os dez desafios da educação pública municipal do Rio?
Aspásia Camargo – 1º) Instituir a escola de tempo integral. Isto é possível. Podemos organizar as escolas. No segundo período do dia, os estudantes aproveitariam as áreas que estão abandonadas da cidade para diversas atividades culturais e esportivas até mesmo o reforço escolar, com estudos dirigidos. Contaríamos com professores voluntários; 2º) Valorizar o professor. Este é o segredo; 3º) Aprovar o Plano de Carreira do magistério, para que o professor possa se concentrar numa só escola e não em duas, três unidades; 4º) Oferecer salários melhores, de forma gradual; 5º) Estabelecer uma capacitação contínua voltada para o professor; 6º) Dotar as escolas de métodos pedagógicos de última geração, intensificando a qualidade do aprendizado e a participação ativa do aluno; 7º) Disponibilizar mais informação de qualidade e ensino prático para o aluno, contrariando a nossa tradição livresca. Nos EUA, meninos e meninas aprendem coisas práticas da vida. Precisamos trazer isso para nossas escolas: ensinar coisas úteis, práticas, como questões de higiene, sinalização, consumo responsável, sustentabilidade. É preciso tornar o estudante um cidadão pleno, integrado à sua cidade e ambiente; 8º) Tornar a Cultura, de fato, um instrumento auxiliar da Educação. Precisamos ensinar os alunos por meio da cultura: teatro, música, filmes, livros, tornado, inclusive, os estudantes protagonistas e produtores desta mesma cultura. Este é o grande pulo do gato de minha gestão. Infelizmente, hoje, a Cultura está dissociada da Educação; 9º) Incentivar e promover atividades extraclasses; 10º) Lutar por mais recursos financeiros para a Educação. Os 25% dos impostos não estão sendo usados integralmente. Se bem utilizados, e não distribuídos de qualquer maneira, poderemos valorizar os professores e os assistentes de ensino. A escola precisa ser o centro de cada bairro carioca.

revistapontocom – Se eleita, o que é possível ser feito em curto prazo? Há alguma prioridade?
Aspásia Camargo A escola de tempo integral. Tudo isso que falei acima tem a ver com a escola integral. O problema hoje é o pouco número de horas que a criança fica na escola. Podemos implementar este projeto de uma forma mais ampla com o apoio do trabalho voluntário. O foco da educação não pode ser o prédio, mas, sim, o professor, o ensino. A escola é uma espécie de microcosmos de tudo o que acontece na cidade. Portanto, ela tem de ser acolhedora. Ela pode funcionar até debaixo de uma árvore, com vinte alunos, mas só funciona se houver qualidade e foco no ensino. Fico pensando também se a Prefeitura do Rio não deveria assumir o Ensino Médio, hoje sob a responsabilidade do Estado. Sei que não é uma tarefa fácil. Cuidaríamos não apenas da entrada da criança, mas também da conclusão da Educação Básica. Penso também que de forma imediata deveríamos melhorar os métodos pedagógicos das escolas, seus equipamentos, instrumentos que auxiliam o trabalho do professor e oportunizam o aprendizado dos alunos.

revistapontocom – A senhora conhece o dia a dia das escolas municipais e de seus professores?
Aspásia Camargo Volta e meia visito as escolas. Conheço a Escola Municipal Marília de Dirceu, no Cantagalo, Zona Sul do Rio. Sempre fui muito ligada também à Escola Municipal Rosa da Fonseca, onde estudei. Sou professora universitária, mas na faculdade convivi com inúmeras professoras da rede municipal. Sou muita ligada à professora Heloísa Meireles, professora primária, hoje aposentada, uma grande referência na educação do município. A mãe dela, Iracema Meireles, foi colaboradora de Anísio Teixeira. Foi ela quem criou o método Fonológico, na década de 60 e 70, que tinha o objetivo de alfabetizar a criança com dificuldades de se expressar, utilizando os sons no processo de alfabetização.

revistapontocom – Qual é a proposta de sua campanha para a área da Educação? Existe algum documento? Podemos ter acesso?
Aspásia Camargo A população pode conferir a plataforma em meu site da campanha.

revistapontocom – O que está sendo realizado pela atual gestão da secretaria municipal de educação que merece ter continuidade? O que é preciso mudar de imediato?
Aspásia Camargo – O projeto Escolas do Amanhã, que consiste em escolas de horário integral em áreas de risco da cidade, é um ótimo programa. Pelo que sei já existem cerca de 130 unidades. A atuação da atual secretária municipal de Educação de acabar com o processo de aprovação automática, criando um sistema de reforço escolar, também foi acertada. No nível de relacionamento, vejo que a atual secretária [Claudia Costin] conseguiu a proeza de estar mais próxima dos professores, se comunicando com eles via internet. Isso quebrou a barreira, a linha divisória, entre o secretário e os professores. O que precisa mudar com urgência é a situação funcional dos professores, o plano de carreira e os salários. O resto é miudeza.

revistapontocom – Pode-se dizer que a educação será prioridade em seu governo? Como um prefeito pode, de fato, torná-la prioritária entre tantas demandas?
Aspásia Camargo Educação em primeiro lugar é um dos lemas da minha campanha. Mas, soma-se à Educação, a Saúde, um grande problema de gestão de recursos, reflexo de gestões desastradas e muitas vezes corruptas. É preciso ter prioridade absoluta na Educação. É por meio dela que todos os outros problemas da cidade vão se resolvendo. Um exemplo: a questão do emprego. A nossa mão de obra é cada vez mais precária. As empresas chegam ao Rio querendo se instalar, mas vão embora porque não há mão de obra qualificada. A cada ano que o jovem completa no sistema de ensino, ele aumenta em 10% o seu valor no mercado de trabalho. Pelo que sei, a atual secretária de educação [Claudia Costin] vai às escolas. Isso é muito bom. O prefeito deveria fazer o mesmo. O prefeito de uma cidade, em vez de inaugurar tanta obra, deve visitar as escolas, acompanhar o sistema de ensino. A Educação tem que ser mobilizadora. A prefeitura tem que formar um cidadão pleno, capacitado, lúcido e consciente. Um indivíduo envolvido com os problemas da sua cidade e do seu mundo.

revistapontocom – Por que professores, funcionários, estudantes e suas famílias deveriam votar na senhora para o cargo de prefeito?
Aspásia Camargo Por isso tudo que já disse. Estarei com eles e trabalharei para eles.

revistapontocom – Se eleita, que perfil de secretário de educação a senhora buscaria?
Aspásia Camargo – Tem que ser um educador, no sentido amplo da palavra, alguém que tem, de fato, conhecimento da área educacional. Tem que ser um líder, que veja a Educação com paixão. Não tenho nenhum nome. E mesmo que tivesse, não diria. Não é a hora. A hora é de divulgar o programa e lutar por uma cidade melhor.

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