A polêmica sobre os problemas da mudança climática no mundo chegou às salas de aula britânicas. Só que de uma maneira diferente. No início da semana, o jornal britânico The Guardian publicou uma entrevista com Tim Oates, chefe da equipe do governo da Grã-Bretanha que estuda reformas do currículo das escolas do país. Tim defende, agora, a retirada da obrigatoriedade do ensino sobre mudança do clima da grade curricular. Desde 1995, o assunto é tema obrigatório nas aulas de Ciências. Para Tim, o ensino destes e outros temas científicos devem ficar a critério de cada escola.
De acordo com a entrevista ao Guardian, os britânicos passaram um tempo acreditando que deveriam atualizar o currículo com assuntos “tópicos”, mas “oxidação e gravidade não ficam datados”. A implicação óbvia é que mudança climática seria um assunto datado, o que detonou intensa discussão entre os leitores da versão online do jornal. Muitos dizem que isso dá força aos chamados “céticos do clima”, que acreditam que o consenso científico sobre as mudanças climáticas seja uma grande armação.
E no Brasil? Embora, por questões constitucionais, o país não tenha um currículo nacional mínimo nos moldes da Grã-Bretanha, é possível encontrar alguma orientação nos Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados pelo Ministério da Educação em 1997/98. Um dos trechos do texto voltado para alunos de 11 a 14 anos diz:
“Cabe ressaltar que a poluição é uma questão global, pois atinge a dinâmica do planeta em seu equilíbrio. Por exemplo: os poluentes lançados no ar pela queima de combustíveis fósseis atingem a atmosfera e, por ação das chuvas, retornam à superfície terrestre, contaminando solos e águas.”
Enquanto os britânicos decidem se as escolas devem ou não retirar o assunto “datado” de seu currículo obrigatório, no Brasil, o tema nem chega a ser recomendado. Melhor assim?
Fonte – BBC Brasil