Por Luanna Tavares
A proposta é ousada: promover uma atividade lúdica e interessante para pais e seus bebês. Esta é a proposta do grupo Conexão do Bem, que está em cartaz até o dia 28 de outubro, no Museu das Telecomuncações, Oi Futuro – Flamengo, Zona Sul do Rio. Unindo teatro e música através de jogos e cenas teatrais, a trupe recebe bebês de 6 meses a 2 anos para uma visita guiada pelo museu. A experiência lúdica e interativa abrange música, histórias e atividades de psicomotricidade. Gostou? Basta se inscrever. E o que é melhor: gratuitamente pelo e-mail [email protected].
A revistapontocom conversou com o Conexão do Bem, com André Dale e Laura de Araújo, produtores e atores do Conexão do Bem.
revistapontocom – Qual é o desafio deste novo trabalho?
André Dale e Laura Araújo – O trabalho no Oi Futuro é um desafio diferente de todos os que já vivemos. Toda a trajetória do Conexão do Bem, seja em hospitais, empresas ou eventos, é sempre motivada pela adrenalina dos desafios porque lidamos diretamente com as pessoas, olhando no olho no público, e isso gera um ambiente onde não se sabe o que pode acontecer. Essa sensação fantástica do abismo cênico é absolutamente presente no novo trabalho, porque fazemos teatro incluindo as crianças e bebês como se eles fossem atores da história, onde eles participam de forma totalmente ativa. Mas, além disso, nos deparamos também com desafios completamente diferentes já que existe outra magia em estar dentro de um museu, resignificando os objetos e suavizando com arte a missão de educar e refletir sobre o nosso passado ao lado das crianças.
revistapontocom – Como é apresentar um espetáculo para espectadores tão pequenos?
André Dale e Laura Araújo – É fantástico. Se as crianças mais velhas já são espontâneas, os bebês mais ainda. O teatro e a música precisam estar ininterruptamente amparados por toda a nossa entrega como artistas. Se deixarmos de estar inteiros por um segundo, eles encontram outros estímulos mais envolventes e abandonam a história. Para nós é muito rico trabalhar com esses seres ‘humaninhos’ que percebem o mundo de uma forma tão diferente da nossa, mas que se conectam conosco através do lúdico e da musicalidade de corpo e alma.
revistapontocom – Qual é a importância de bebês lidarem com a arte desde cedo?
André Dale e Laura Araújo – É essencial que a arte seja vista como ferramenta pedagógica para as crianças. É o campo ideal para que elas possam experimentar o mundo de forma envolvente e agradável. A pedagogia ganha força quando é verdadeiramente envolvente e sensorial. Se desde cedo as pessoas são estimuladas pela música, pelo teatro e por qualquer outro veículo poético, elas crescem tendo uma relação profunda e íntima com a própria subjetividade. Adultos que não têm clareza sobre a própria subjetividade correm sérios riscos de passarem a vida condicionados a padrões e verdades impostos, que não lhe dizem respeito. A arte nos estimula a perceber que o mundo é plural e cheio de possibilidades, passamos a reconhecer e valorizar nossa autoexpressão no mundo e a do outro e essa percepção nos ensina a viver não só aceitando, mas celebrando as diferenças.
revistapontocom – A visita guiada acontece dentro do Museu das Telecomunicações. Como funciona?
André Dale e Laura Araújo – A visita dos bebês é acompanhada pelos pais durante todo o processo e os jogos são propostos incluindo-os o para que seja divertido para toda a família, através de muita música. A ideia é facilitar uma experiência do espaço, dos sons e, principalmente, da relação entre o bebê e seu acompanhante, seja ele sua mãe, pai ou avó. A visita com as crianças mais velhas é diferente. Quando elas chegam não sabem ainda que entraram numa peça de teatro ambulante, são normalmente recebidas por um arte-educador que os conduz até a porta do museu onde se deparam com uma carta misteriosa convidando a uma aventura. As portas só se abrem quando as crianças concordam em mergulhar nessa investigação teatral. Já dentro do museu, são convidadas a participar de uma história que acontece em outra dimensão onde os objetos antigos do planeta Terra estão armazenados. Quando as crianças menos esperam estamos, atores e público, fazendo jogos corporais e lúdicos enquanto refletimos juntos sobre o nosso passado e o futuro que desejamos criar.