Crianças que passam horas brincando com smartphones e tablets dormem menos do que os que não interagem com tecnologia. É o que afirma o estudo publicado na Scientific Reports, site da revista científica Nature. O levantamento diz que para cada hora que crianças pequenas – entre seis meses e três anos – passam usando aparelhos eletrônicos, elas têm 15 minutos a menos de sono.
O estudo foi conduzido pela Birkbeck, que faz parte da Universidade de Londres, com 715 pais de crianças com até três anos de idade. Perguntou-se a frequência com a qual os bebês brincavam com smartphones e tablets e também detalhes do padrão de sono das crianças. Concluiu-se que 75% das crianças usavam aparelhos do tipo diariamente. Essa porcentagem era de 51% entre crianças de seis e 11 meses e de 97% entre crianças de 25 e 36 meses de idade.
Tim Smith, um dos pesquisadores que participou do estudo, afirma que o tempo de sono perdido não é muito quando se dorme um total de 10, 12 horas por dia. “Mas cada minuto importa no desenvolvimento infantil por causa dos benefícios do sono”, afirma. As conclusões do estudo não são definitivas, mas Smith diz que a pesquisa indica que telas de toque podem estar associadas a problemas do sono.
Mas afinal, crianças devem, ou não brincar com aparelhos eletrônicos interativos? “É muito complicado responder isso agora. A ciência ainda está imatura, estamos realmente atrasados em relação à tecnologia e é muito cedo para fazer afirmações definitivas”, diz Smith.
Para ele, no momento, a melhor aposta é seguir as mesmas regras usadas para estabelecer o tempo que as crianças passam em frente à televisão. Isso significa que os pais devem impor limites para o uso de aparelhos com telas de toque, assegurando que o conteúdo seja adequado à idade e evitando que o uso seja feito antes da hora de dormir.
Também é preciso estimular que as crianças façam atividades físicas, na avaliação do especialista. “Como é o primeiro estudo a investigar as associações entre o sono e o uso de telas de toque na infância, trata-se de uma pesquisa oportuna”, afirma Anna Joyce, pesquisadora de desenvolvimento cognitivo da Universidade de Coventry, na Inglaterra.
“Com base nesses achados e no que sabemos por meio de outros estudos, talvez valha a pena limitar o uso de telas de toque ou o uso de outros aparelhos eletrônicos nas horas anteriores ao momento que a criança vai para a cama dormir”, completa Joyce. Para a pesquisadora, “até que se saiba como as telas de toque afetam o sono, esses aparelhos não deveriam ser banidos por completo”.
O professor Kevin McConway, da Open University, prefere encarar os resultados dessa pesquisa com desconfiança. “Eu não perderia o sono por conta desses resultados se eu ainda tivesse bebês. As crianças dessa pesquisa usavam telas de toque por 25 minutos por dia e por isso dormiriam seis minutos a menos”, avalia.