Mais celular na escola

Do portal Cetic.br

No Brasil, os professores começam a incorporar as tecnologias móveis para auxiliar as atividades pedagógicas. Em 2015, o percentual de professores que também utilizaram o celular para acessar a Internet aumentou em relação ao último ano da pesquisa: passou de 66%, em 2014, para 85%, em 2015. Com a disseminação do uso da rede por meio do celular, mais de um terço dos docentes (39%) afirmou utilizar o dispositivo para realizar alguma atividade com os alunos. Os dados são da pesquisa TIC Educação 2015, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

O aumento no acesso à Internet pelo telefone celular tem sido apontado como uma tendência tanto na pesquisa TIC Educação como em outras pesquisas do CGI.br sobre hábitos de uso das tecnologias pelos diversos públicos. Neste ano, pela primeira vez, a pesquisa coletou dados sobre o uso da Internet no celular para atividades de ensino e aprendizagem, e mostrou que a adoção do dispositivo em atividades com os alunos foi mencionada por 39% dos professores: 36% de escolas públicas e 46% de escolas privadas.

Também houve um crescimento de 6 pontos em relação a 2014 no percentual de estudantes que afirmaram utilizar o celular como um dos meios para acessar a Internet: passou de 72% para 78%. A TIC Educação apontou também que 46% dos professores levaram o próprio computador portátil para a escola para a realização de atividades de gestão escolar e pedagógicas, enquanto 14% deslocaram seu próprio tablet.

Uso do computador e da Internet para atividades pedagógicas

O estudo mostra que 73% dos professores utilizaram computador e Internet em ao menos uma das atividades com os alunos investigadas pela pesquisa (resultado que foi de 70% entre professores das escolas públicas e 84% das escolas privadas). As atividades mais citadas pelos professores no uso de computador e Internet foram: pedir aos alunos a realização de trabalhos sobre temas específicos (59%), solicitar trabalhos em grupo (54%), dar aulas expositivas (52%) e solicitar a realização de exercícios (50%).

No que se refere apenas ao uso de Internet, o número de professores de escolas públicas que utilizaram o laboratório de informática é maior (35%) do que o daqueles que usaram a Internet na sala de aula (23%). Entre os professores de escolas privadas, há uma situação inversa: a utilização da Internet na sala de aula (50%) supera o uso no laboratório de informática (29%).

“Pela primeira vez, a pesquisa coletou de maneira separada o local que os professores usam o computador e o local que eles utilizam a Internet para atividades com os estudantes. Apesar da disparidade de infraestrutura entre escolas públicas e privadas, observamos que o uso da Internet em espaços diversos da escola por meio de redes sem fio é uma tendência”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

Infraestrutura TIC nas escolas

Em 2015, os dados demonstraram que 93% das escolas públicas de áreas urbanas possuíam algum acesso à Internet, infraestrutura que está universalizada entre as escolas privadas. Na sala de aula, no entanto, o acesso à Internet estava disponível em 43% das escolas públicas e em 72% das escolas privadas.

O uso da Internet na sala de aula também é reforçado pela presença marcante das redes sem fio: 84% das escolas públicas e 94% das escolas privadas com acesso à Internet possuíam Internet sem fio (Wi-Fi). Entre as escolas públicas, apenas 22% permitiram o uso da rede sem fio (Wi-Fi) pelos alunos, enquanto 62% restringiram esse uso. Entre as escolas privadas é menor o percentual de instituições que restringem o uso do Wi-Fi (58%) e maior a quantidade que permite acesso aos alunos (35%).

“Enquanto a grande maioria dos alunos das escolas brasileiras afirmou acessar a Internet pelo celular e parte crescente dos professores elaborou atividades utilizando esse dispositivo, ainda existem obstáculos para o acesso à Internet pela comunidade escolar, e na maioria dos casos o uso do Wi-Fi é restrito para os alunos. Esse é um assunto que merece ser amplamente debatido por educadores e formuladores de políticas públicas”, opina Barbosa.

Redes de colaboração

Em 2015, 39% dos professores afirmaram ter cursado uma disciplina específica na graduação sobre o uso de TIC em atividades pedagógicas, sendo que, entre os entrevistados com idade inferior a 30 anos, esse número é de 54%. Para além dos programas institucionais, 91% dos professores disseram aprender sozinhos a utilizar o computador e Internet ou a se atualizarem sobre eles.

A pesquisa mostra, no entanto, a importância das redes de colaboração entre os educadores: 70% dos professores afirmaram aprender a utilizar computador e Internet por meio de contatos informais com outros professores e 44%, com algum grupo de professores da própria escola.

Assim como na troca de experiências sobre o uso das TIC em atividades de ensino e aprendizagem, 95% dos professores usuários de Internet disseram que fazem uso de recursos obtidos na Internet por motivação própria, enquanto 63% citaram os colegas ou outros educadores como fontes de motivação.

“Tais dados sugerem que, na agenda de formação de professores, a mediação realizada por pares merece maior atenção e pode ser uma forma de facilitar a aproximação dos docentes com as TIC. Além do apoio da coordenação pedagógica e dos cursos de formação, a troca com outros professores tem extrema importância. É necessário considerar o próprio professor enquanto um multiplicador na escola”, reforça Alexandre Barbosa.

Realizada anualmente, a pesquisa está na sua 6ª edição e tem o objetivo de monitorar o uso e a apropriação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) pelos atores do sistema de ensino, em escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental e Médio, de áreas urbanas, com ênfase para as atividades de ensino e aprendizagem e gestão escolar. A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e dezembro de 2015, a partir de entrevistas com 898 diretores, 861 coordenadores pedagógicos, 1.631 professores e 9.213 alunos.

Para acessar a pesquisa na íntegra, assim como rever a série histórica, visite http://cetic.br/pesquisa/educacao/indicadores.

Compare a evolução dos indicadores a partir da visualização de dados disponível em: http://data.cetic.br/cetic/explore?idPesquisa=TIC_EDU.

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